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cão do imposto directo mas lambem porque entendi, que aquella contribuição ia principalmente re-cahir sobre as classes menos abastadas da sociedade, a qual pela maior parte sentiria um grande gravame no pagamento principalmente da capitação; e se eu defendi esta opinião quando setractava de utna contribuição destinada a fomentar de uma maneira ião directa a riqueza das classes contribuintes, não deve admirar que hoje continue a defende-la; een-tão espero que não se dirá que sustento esta opinião só com o fim de fazer opposiçâo ao Governo. São minhas e de ha muito tempo estas convicções; e não sou eu capaz de trahi-las, ou mesmo de modifica-las em obséquio de ninguém; assim como não sou capnz de fazer callar ou de torcer a minha consciência só para ter o amargo prazer de me op-por ao Governo.

E diga a Imprensa Periódica o que quízer; diga que a minha opposiçâo é acintosa, porque os factos já demonstraram , e continuarão a demonstrar que não e'. Ainda não ha muito tempo, que um dos illuslres Cavalheiros que se senta no banco ministerial me questionou sobre quaes eram as minhas opiniões acerca de um Projecto governamental, que havia sido por ruim apresentado á Camará na qualidade de Relator de uma Com-inissão, Projecto que V. Ex.a tem sobre essa Mesa , e eu respondi que tinha a respeito deste Projecto as mesmas ide'as, que sempre tivera, e com quanto o Projecto fosse ministerial eu havia de defende-lo ; e que sempre que eu puder combater nas fileiras ministeriaes sem quebra das minhas convicções o faria com prazer ao passo, que quando me for necessário combater nas opposlas, hei-de faze-la com coragem sino , mas com constrangimento. Haverá lambem dois dias, que S. Ex.a o Sr. Ministro da Marinha me perguntou, se quando viesse á discussão um Projecto, para cuja ellaboraçâo e» concorri, e que deve organisar a Escola Naval, podia contar com o meu apoio — e.a minha resposta foi, que o havia de defender com todas as minhas forças; portanto não seja taxada de acintosa a minha opposiçâo; diga a Imprensa o que quizer, que apezar das suas injustiças para comigo eu hei-de sempre respeita-la, e considera-la como a primeira das garantias conslitucionaes; (Apoiados) e por esta occasião cedendo a um antigo desejo, farei uma declaração á Camará, e folgo que se me depare agora a occasião de â poder fazer.

Aclia-se a minha assignatura n'um Projecto que V. Ex.a tem diante de si, e que alguém poderá considerar como tendende a reprimir com demasiada severidade a Imprensa; mas é necessário, que eu manifeste, que não partilho algumas das disposições desse Projecto, apezar de o não ter assignado com declaração; o que leria feito se não fossem as rogativas'dos Membros da Commissâo, que me instaram para de preferencia fazer na discussão essas declarações a fim de evitar o máo effeito, que poderia desde logo produzir a falta de unanimidade, ou de accordo entre os Membros da Commissâo manifestada por assignaturas com reservas e Ijmi-tações. Anuí pois aos votos dos meus amigos (fozes: — É verdade) e como o Projecto ainda não veio á discussão, e não sei mesmo quando virá, quiz affastar de mim esta responsabilidade, e julguei que devia fazer esta declaração; (Apoiado1)} YOL. 3.°—NOVEMBRO —1844.

porque ria verdade achavji-me n'uma situação um pouco desagradável. Mas visto haver entrado neste campo de explicações pessoaes consinla-me V. Ex.a, que tome ainda alguns momentos á Camará para repellir de mim outra accusação, quê me é dirigida pela Imprensa Periódica, e que e' tão injusta como a primeira.—Quando a Imprensa tem asseverado, que eu reneguei dos meus princípios, e que partilho hoje crenças políticas, que hontem combatia, assevera uma calumnia, que eu quero desmintir do alto da Tribuna.

Os meus Prrncipios Políticos são hoje o que foram sempre — nem fui eu o que mudei; mudaram aquelles contra quern combato. Eu estou ainda no mesmo campo, no campo da legalidade — não vejo pore'm alii todos os que em outro me cercavam. Rodeio e saúdo ainda a mesma bandeira — a bandeira que tem a legenda de Carta» Rainha! (Apoiados) Mas quero que nessa bandeira por baixo da-quelle lemnia. Nacional se inscreva outro, e vem a ,ser = Legalidade, Justiça c Moralidade. = (Apoiados) Quero que a Carta seja uma verdade — Quero que a Rainha reine sobre os Porluguezes — não quero porem , que os seus Ministros zombem das Leis, posterguem a Justiça, e offendam e escarneçam a moralidade publica. (Apoiados.)

Urn negro pensamento me atormenta dia e noite : Representante da Nação, defensor e amigo da Liberdade, eu tremo a todos os momentos por el-la. Vi-a nascer e brilhar na sua aurora, e parece-me vê-la hoje no seu crepúsculo! Estamos á borda de um abismo de que só Deos e a Rainha podem salvar-nos! (Apoiados, muito bem.) *

Eis-aqui porque eu deixei de ser Deputado governamental. O meu crime e' amar mais a Liberdade, tio que o Governo —mais a Rainha c a Carta, do que os Ministros.

Eis-aqui porque vim sentar-me no centro da Camará para votar por um ou por outro lado segundo entender, que um ou outro propõe medidas convenientes ao Paiz, e não me acho só neste lugar. (O Sr. Jeronymo Dias:,— Apoiado.) vejo-me cercado de Cavalheiros distinctos (Apoiados) com os quaes o Paiz se enche de orgulho, vejo-me cercado de caracteres eminentes, e das primeiras illus-trações desta Casa. EHes e eu havemos de combater sempre do lado da verdade, e debaixo do glorioso Pendão da Carla.

Eis-aqui pois a minha profissão de fé' política feita com sinceridade, e sem a menor sombra de interesse pessoal — feita com a mão sobre a consciência, sem ódio nem amisade, sem temor nem esperança. (Muito bem.)

Agradeço agora a V. Ex.* a tolerância, que se dignou ter para comigo; porque talvez não venha muito para o objecto de que se tracta, este pequeno incidente, que eu todavia me vi forçado a apresentar em defes,a própria. Vamos agora a.entrar no assumpto em questão. Vamos ver se a contribuição, que se nos pede pôde e deve ser votada por esta Camará.

Sr. Presidente, o caso não está em pjedir dinheiro ao Povo, o-caso está em que elle o tenha para o dar: a ide'a de finanças pingues e de Povo pobre e uma idea absurda, e' uma ide'a, se a expressão me é permittida, originariamente turca; hoje rejeitada pelos princípios mais triviaes de economia publica.