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ao meu alcance para que se faça a estrada da ponte da Murcella a Coimbra; em que já em 1857 pedi que se votasse uma verba para essa estrada, verba quo so votou, mas da qual nem um só real se empregou na estrada; eu que já n’este anno, com os outros meus collegas pelo districto de Coimbra, pedimos tambem que se destinasse uma verba para este fim, que effectivamente foi designada, ainda que até hoje nada se tem feito tambem naquella estrada; não posso deixar de levantar de novo a minha voz a este respeito. Não sei do quem é a culpa... (O sr. Ministro das Obras Publicas: — Peço a palavra.) Peço tambem a palavra. Não sei do quem é a culpa, repito, nem mesmo a quero tornar a ninguem, porque não tenho provas claras para o fazer; e so as tivesse não duvidava dize-lo, porque não venho aqui para fazer favores a este nem aquelle; não sou nem deputado opposicionista nem ministerial, sou deputado que voto segundo a minha consciencia. (O sr. Ministro da Justiça: — Assim votam todos.) Bem sei; e longe de mim querer fazer censura aos meus collegas; estou persuadido de que todos votam segundo a sua consciencia, mas ha de permittir-me s. ex.ª que eu tambem voto segundo me dieta a minha consciencia, e por isso não posso deixar dome queixar do estado do abandono em que se acham as obras das estradas da Leira; tenho restricta o rigorosa obrigação do. o fazer.

Não me alargo mais n’este debate; mas se o sr. ministro fallar e me responder, de maneira que cume veja obrigado a fallar outra voz, desde já peço a v. ex.ª que consulto a camara para me dar a palavra; porque hei de responder ao que s. ex.ª disser. Sr s. ex.ª entender quo não deve responder agora, mas sim quando se verificar a interpellação, tambem estou prompto para então; mas depois do quo vi publicado n'um jornal, depois de ver que naquelle desgraçado circulo no dia 28 do setembro tivera logar a maior catastrophe que podia acontecer a qualquer povoação, que foi ficar quasi arrasada a povoação da Pampilhosa, não posso deixar de usar do meu direito de deputado, exigindo do sr. ministro providencias para aquella estrada. Aguardo a resposta do s. ex.ª; e se me não satisfizer, pedirei do novo a palavra para usar do meu direito como deputado.

Aproveito a occasião para mandar para a mesa estes requerimentos. (Leu.) Declaro a v. ex.ª e á camara que estas consultas me são indispensaveis, porque preciso de apresentar um projecto do lei sobre este objecto, o este projecto de lei ha de ser precedido de um relatório; mas seria capaz de fazer um relatório como fez o procurador geral da coroa em differentes consultas? Não era possível, e por consequencia preciso d'estes documentos.

O sr. Ministro das Obras Publicas (Carlos Bento da Silva): — Ouvi com toda a attenção o illustre deputado, cacho que esta no seu direito, advogando os interesses dos povos a quem mereceu confiança. Posso assegurar ao illustre deputado que o governo não tem menos a peito do que o illustre deputado a construcção da estrada a que se referiu, mas entendo que ha de concordar comigo, que desde que o governo viu apresentar fortes duvidas e inconvenientes a respeito do traçado d'essa estrada, era do seu dever mandar estudar o negocio, para que essas duvidas e inconvenientes perdessem toda a apparencia de fundamento; é o que o governo fez. Pela minha parte estou de acordo com o quo disso o illustre deputado, mas entendo que era do meu rigoroso dever mandar examinar as duvidas que se apresentavam sobre o traçado; mandei proceder a todas as indagações necessárias, mesmo para que, se as duvidas não fossem procedentes, perdessem toda a apparencia de solidez que podessem ter.

O sr. Presidente: — O sr. Ferrer pediu a palavra, não sei se é para fallar n’este incidente. (O sr. Ferrer: — É.) Então não lh'a posso dar, porque isto é uma interpellação que devo correr os tramites ordinarios, e então quando ella se verificar, depois do sr. ministro se declarar habilitado para responder, póde então o sr. deputado pedir e usar da palavra...

O sr. Ferrer: — São somente duas palavras.

O sr. Ministro das Obras Publicas: — Se a camara quer occupar-se agora d'este negocio, eu declaro-me habilitado para responder desde já.

O sr. Presidente: — Eu vou consultar a camara sobre se quer que este incidente progrida, verificando-se agora a respectiva interpellação.

Resolveu-se affirmativamente.

O sr. Rebello Cabral: — Eu tinha pedido a palavra, não só sobre este incidente, mas tambem com relação ao objecto constante da nota de interpellação que hontem mandei para a mesa, dirigida ao sr. ministro da guerra. (O sr. Presidente: — Dessa não so póde agora tratar.) Bem sei. Mas como fallei ha pouco com o sr. ministro da guerra, o s. ex.ª disse-me quo estava habilitado o prompto a responder á minha interpellação, chamo a attenção de v. ex.ª para que, acabado este incidente, permitte que eu verifique a interpellação ao sr. ministro da guerra.

Em quanto as estradas da Beira, eu não posso deixar de unir os meus votos aos do sr. Pinto do Almeida, visto que aquella provincia, especialmente no districto da Guarda, tem estado em completo abandono a respeito de melhoramentos materiaes.

É verdade que lá anda uma ou outra obra de pequena monta e escala em alguma parto da provincia da Beira, mas no districto da Guarda apenas uma légua de estrada se terá feito, e não é isto o que esta camara quiz quando votou uma verba importante para aquelle districto, o outras para os mais da provincia ela Beira. Espero portanto que s. ex.ª o sr. ministro das obras publicas cumpra a lei, mandando applicar para estradas daquellas localidades as verbas que se voltarem, ou que o próprio governo propoz ou acoitou.

E é necessario que s. ex.ª declare solemnemente so esta resolvido a applicar as verbas votadas para obras n'aquella provincia, pois que ella tem tanto direito como as Outras para ser comprehendida na distribuição dos fundos publicos, e muito mais depois da votação ou compromettimento solemne que houve. Não direi por agora mais nada.

O sr. Ferrer: — Sr. presidente, eu considero tambem da maior urgencia a estrada do Coimbra á Ponte da Murcella, Celorico, etc.; porque na provincia da Beira não se tem feito um palmo d’esta estrada, afóra uma légua em Celorico, se estou bem informado.

Aceito as explicações do sr. ministro das obras publicos. Se houve duvidas sobre a directriz do Coimbra á Portella, bem fez s. ex." em mandar estudar as diversas directrizes que podem ler logar. Mas não havendo duvidas na directriz da Portella á Ponte da Murcella, o servindo a estrada entre aquelles pontos, qualquer que seja a directriz que o governo adopte de Coimbra até á Portella, convêm que s. ex.ª mande principiar já os trabalhos da Portella para cima.

Faça-se justiça á grande provincia da Beira, e dê-se-lhe o gosto ele ver principiar a abrir uma estrada, que ha de dar vida e movimento á agricultura, fabricas e commercio ela Beira, e serviço ás classes pobres, que no presente anno muito precisam de ganhar alguma cousa, porque o anno foi muito esteril.

O sr. Pinto de Almeida: — Sr. presidente, direi pouco porque estou bastante incommodado de saude.

Não posso deixar de dizer ao sr. ministro, com aquella franqueza quo é. propria do meu caracter, que me não satisfizeram as suas observações.

Disse s. ex.ª que havia duvidas, e que é necessario averigua-las, para se começar a estrada. Mas eu pergunto a s. ex.ª, essas duvidas versam tambem ácerca da directriz da estrada, desde a Portella até á ponto da Murcella? De certo não. Qual é pois a rasão por que s. ex.ª não manda começar a feitura da estrada n’esses pontos, onde não ha duvidas sobre a directriz? Eu não fallei na directriz nem fallo, porque me é indifferente que a estrada vá por um ou outro lado: o que quero é a estrada feita. (Apoiados.) Não vim nem venho levantar aqui a questão de que a estrada deve ir por este ou aquelle sítio, que vá passar ou não proximo á porta de um amigo ou de um inimigo, não venho aqui advogar essas cousas. Como deputado, sou incapaz de o fazer, (Apoiados.) Leve s. ex.ª a estrada por onde quizer, isso para mim é indifferente, o que me não é indifferente é «'feitura da estrada, á estrada é que