O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Página 166

166

CAMARA DOS DIGNOS PARES

CONSTITUIDA

EM

TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

Audiencia do dia 8 de Fevereiro de 1850.

Á uma hora da tarde o Digno Par o Sr. Visconde de Laborim, Presidente, declarou aberta a Audiencia, estando presentes 32 Dignos Pares,

Accusador por parte do Ministerio Publico, o Sr. Procurador Geral da Corôa.

Relator do Processo, o Digno Par o Sr. Manoel Duarte Leitão.

Escrivão do Processo, o Sr. Official Maior da Secretaria da Camara dos Dignos Pares. Réo, o Digno Par o Sr. Marquez de Niza. Advogado do Réo, o Sr. Dr. Ferreira da Cunha, O Sr. Escrivão fez a leitura do Libello offerecido pelo Ministerio Publico contra o Sr. Marquez de Niza, pelo crime de resistencia á Authoridade aggravada pela circumstancia de ter dado bofetões no Escrivão do Juizo de Paz da Freguezia de S. Bartholomeu de Xabregas; a contrariedade offerecida por parte do Réo, e outras partes importantes do Processo que o Digno Par Relator julgou indispensaveis para elucidar o Tribunal.

Acabada esta leitura procedeu-se ao interrogatório das testimunhas da culpa e da defeza, e do Réo. As testimunhas não foram contestes, e mostraram repetidas contradições em seus depoimentos, o que deu logar a diversas acariações. O Réo confessando ter dado os bofetões, negou a resistencia á Authoridade, por isso que no acto a que se alludia no Processo, a Authoridade se não tinha prévia e legalmente feito conhecer como tal.

Findos os interrogatorios e accusações, orou o Sr. Procurador Geral da Corôa, sustentando a accusação; e seguiu-se-lhe o Sr. Dr. Ferreira da Cunha, que procurou mostrar não só a incompetencia da acção por dimanar do Ministerio Publico, não se podendo dar como crime publico aquelle de que era accusado o Digno Par, como não ter S. Ex.ª commettido crime, por isso que não tivera intenção disso.

Tendo acabado de orar o Sr. Dr. Ferreira da Cunha, e concluidas varias rectificações, o Digno Par Presidente fechou os debates, e convidou o Tribunal a retirar-se para a sala das conferencias para deliberar.

Meia hora depois, pouco mais ou menos, tornou a entrar o Tribunal na sala da Audiencia, e o Digno Par Relator leu em voz alta o Accordão, pelo qual o Tribunal por unanimidade absolvia o Sr. Marquez de Niza do crime de que tinha sido accusado.

O Digno Par Presidente fechou a Audiencia eram oito horas da noite. R. da C.

Descarregar páginas

Página Inicial Inválida
Página Final Inválida

×