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536 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

gumento que não fosse firmado em documentos officiaes que lhe foram enviados pelas repartições competentes.

Pede á camara que consinta a publicação d'estes documentos no Diario do governo.

Entre esses documentos figura um, de que vae dar conhecimento á camara.

É o documento que o sr. ministro da fazenda lhe enviou, referente a uma imposição de multa ao monte pio.

Correspondendo á amabilidade do sr. ministro, cumpre o dever de enviar esse documento para a mesa.

Não foi só para enviar para a mesa estes documentos que pediu a palavra. Pediu-a tambem porque tem de communicar á camara que não compareceu á sessão de hontem, como não poderá comparecer ás que se seguirem porque, mau grado seu, vê-se forçado a abster-se, n'esta sessão, de trabalhos parlamentares, que o seu estado de saude não comporta.

Ficam, porém, os seus amigos politicos; elles cumprirão o dever que lhes impende.

A camara, previamente consultada, deliberou, a publicação dos documentos apresentados pelo digno par E. Hintze Ribeiro.

O sr. Cypriano Jardim: - Pedi a palavra para participar á camara que, por motivo de saude, tenho faltado a algumas sessões.

Em segundo logar, peço ao sr. presidente que empregue todos os seus esforços perante a commissão de guerra para que ella dê o seu parecer sobre um projecto que aqui apresentei em 30 de maio.

O projecto é simples: tem apenas um artigo e é precedido de um pequeno relatorio.

Como a commissão não tem actualmente entre mãos nenhum assumpto de importancia, parece-me que bem andaria occupando-se do projecto a que me refiro.

Renovo o meu pedido e estou certo de que v. exa. empregará as necessarias diligencias para que a commissão elabore com brevidade o parecer que tem de recaír no meu projecto.

O sr. Presidente: - Tomo nota do pedido do digno par.

O sr. Pereira Dias: - Sr. presidente, pedi a palavra para em meu nome, e no da maioria d'esta casa; manifestar o sentimento que nos causa a declaração apresentada pelo digno par Ernesto Hintze Ribeiro.

É lamentavel o facto em si, mas mais para deplorar a rasão que o determina.

Apesar das dissensões politicas, que podem tornar algumas vezes o debate mais caloroso e vehemente, o certo é que todos nós apreciâmos as excellentes qualidades do sr. conselheiro Hintze Ribeiro. (Apoiados.) Todos admirâmos as suas poderosas faculdades de trabalho, e, ao mesmo tempo, fazemos justiça ás suas intenções sempre patrioticas.

Creia o illustre parlamentar que estou fallando com a maxima franqueza e lealdade, e creia que nenhum outro sentimento, a não ser o que exponho, determina a declaração que apresento. (Muitos apoiados.)

(S. exa. não reviu.)

O sr. Presidente do Conselho de Ministros e Ministro do Reino (José Luciano de Castro): - Sr. presidente, pedi a palavra para declarar, em nome do governo, e em meu nome, que me associo ás palavras que acabou de proferir o digno par o sr. Pereira Dias, e que tomo parte no sentimento por s. exa. manifestado, pois tambem deploro intimamente a rasão que afasta o digno par Hintze Ribeiro dos trabalhos parlamentares.

Todos nós fazemos inteira e completa justiça ás faculdades de trabalho e qualidades pessoaes do digno par, e todos apreciâmos as suas intenções patrioticas.

Se s. exa. se afastasse do parlamnto por qualquer outro motivo, não teria eu occasião de proferir estas palavras, que são dictadas pelo sentimento da justiça. Folgo de ter occasião de dizer estas palavras perante a camara e de fazer justiça, não só ao caracter de s. exa., mas ás distinctas qualidades que ornam tão distincto parlamentar. (Apoiados.)

(S. exa. não reviu.)

O sr. Ernesto Hintze Ribeiro: - Agradece com a maior sinceridade do seu sentir as palavras mais do que benevolas, pessoalmente affectuosas, do sr. presidente do conselho, em nome do governo, e as do digno par Pereira Dias, em nome da maioria.

A camara comprehende que só um motivo imperioso de falta de saude o poderia n'este momento afastar do cumprimento dos seus deveres politicos.

Penhora-o em extremo a manifestação de amabilidade, cortezia, consideração e estima, que o governo e a maioria acabam de prestar-lhe.

Póde com sinceridade agradecer essa manifestação, porque, a despeito das paixões politicas, por mais vehementes que fossem, apesar da distancia que o separa dos seus adversarios no modo de ver em relação á solução de problemas que interessam ao paiz, tem a consciencia de nunca ter proferido uma palavra que significasse hostilidade pessoal.

Tem apreciado com energia e vehemencia actos politicos do governo; mas, no mais aceso da lucta, nunca esqueceu os sentimentos de consideração e estima que os seus adversarios lhe merecem.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Pimentel Pinto: - Sr. presidente, o que acaba de se passar esmoreceu-me o desejo de entrar no debate que hontem se iniciou, e para que havia pedido a palavra.

Era minha intenção responder a algumas das conversações do sr. ministro da guerra sobre as nomeações de officiaes para Africa, mas desisto hoje do meu proposito, e peço a s. exa. que me dispense a fineza de vir á camara na proxima sexta feira.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Ministro da Guerra (Sebastião Telles): - Pedi a palavra para declarar a v. exa. que prometto comparecer á sessão de sexta feira proxima.

O sr. Pimentel Pinto: - Agradeço a promessa do sr. ministro da guerra e desisto agora da palavra.

O sr. Presidente do Conselho de Ministros (José Luciano de Castro): - Viu nos extractos da sessão de hontem que o digno par Pimentel Pinto, fazendo-se echo de boatos que circulam lá fóra, affirmára que o orador impozera ao sr. ministro da guerra a nomeação de uns officiaes para fazerem parte da futura expedição a Moçambique.

Tem a declarar que é absoluta e completamente estranho ao facto a que s. exa. alludiu.

Não conhece a pessoa a quem o digno par se referiu, nem pediu ao sr. ministro da guerra que nomeasse ou deixasse de nomear este ou aquelle official para a expedição a Moçambique.

A pessoa que informou o digno par enganou-se completamente.

Apressa-se a fazer esta declaração, porque é possivel que não possa assistir á sessão de sexta feira.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Pimentel Pinto: - Regista a declaração do sr. presidente do conselho, e assegura que não costuma duvidar das affirmações apresentadas por qualquer cava-lheiro que lhe mereça a consideração que tributa ao sr. presidente do conselho.

Embora não possa discutir hoje o assumpto especial e que se refere a declaração de s. exa., tem comtudo a necessidade de explicar, que não affirmou que o sr. presidente do conselho tivesse feito qualquer imposição a respeito da nomeação de officiaes para Africa.