O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

140 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

actos a sinceridade dos votos que formo para a felicidade e prosperidade de todo o districto de Braga.

O sr. Vaz Preto: - O digno-par, o sr. visconde de Almeidinha, encarregou-me de participar a v. exa. e á camara que não tem podido comparecer ás sessões por motivo justificado.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Jeronymo Pimentel: - Sr. presidente, tomando ha pouco assento n'esta camara, onde me trouxe o suffragio dos meus amigos do districto de Braga, suffragio tanto mais honroso, quanto foi completamente livre e unanime, sou forçado desde logo, por circumstancias especiaes da minha posição, a pedir a palavra a fim de mostrar a minha opinião sobre um assumpto que interessa áquelle districto.

Refiro-me ao desgraçado conflicto que existe entre Braga e Guimarães.

Não pretendo de modo algum renovar n'esta camara o incidente que, sobre áquelle assumpto, durante tres sessões, occupou a attenção d'esta e da outra casa do parlamento; mas desejo unicamente mostrar, por motivos que logo direi, a minha opinião a tal respeito.

Sr. presidente, a questão é seria e grave; não se circunscreve já nos limites de umas rivalidades locaes; não se reduz a pequenas desavenças entre duas grandes povoações; diz respeito a um dos districtos mais importantes do paiz, que se preoccupa com ella, que o afasta do seu viver tranquillo, para o lançar n'uma agitação fremente e inquietadora.

O conflicto entre Braga e Guimarães, está hoje, na minha opinião, como estava hontem. A placidez dos espiritos, que parece existir ha poucos dias n'aquelle districto é a meu ver mais apparente que real.

O conflicto continua no mesmo pé em que se manifestou, desde o principio.

De fórma alguma desejo com as poucas palavras que aqui pronunciar, levantar tempestades que actualmente se occultam sob uma superficie tranquilla. O meu fim é unicamente evitar que continuem a correr e a medrar contra mim calumnias e intrigas, fazendo-me passar por adverso aos interesses de Braga, que deseja a integridade do seu districto.

Essa especulação politica chegou a tal ponto que até os meus adversarios não hesitaram em insinuar que a minha demora em tomar assento n'esta camara fôra devida a eu não querer perante o parlamento mostrar a minha opinião sobre os acontecimentos de Braga.

V. exa. e a camara sabem perfeitamente que são injustas e completamente infundadas estas arguições. (Muitos apoiados.)

Se só hoje tomei assento n'esta camara, é porque ainda na ultima sessão foi approvado o parecer sobre a minha eleição, e isto de certo porque a illustre commissão de verificação de poderes entendeu ser-lhe necessario um mez para estudar o meu processo eleitoral.

Sr. presidente, não quero nem posso n'esta occasião discutir o projecto de lei que foi apresentado na outra camara pelo meu amigo, o illustre deputado o sr. Franco Castello Branco, cavalheiro que muito respeito pela sua elevada illustração e nobreza de caracter. Esse projecto, segundo me consta, nem sequer teve ainda parecer da commissão de administração publica, a que foi remettido.

Não pretendo tambem interrogar o governo a tal respeito; elle já disse qual era ultimamente a sua posição, e não creio que decorridos tão poucos dias tenha já uma opinião definida, ou tenha conseguido a realisação dos seus desejos.

Tive unicamente em vista pedindo a palavra hoje fazer uma declaração, de que a camara me relevará a inopportunidade, attendendo aos motivos que expuz.

A minha declaração resume-se em pouco, e é de que hei de pugnar sempre, com o meu voto, com a minha palavra e com os meus esforços pela integridade e pelos interesses do districto de Braga.

Não sou aqui representante exclusivamente de Braga ou de Guimarães; sou representante da nação pelo districto de Braga.

Se áquelle projecto, a que ha pouco me referi, vier á discussão n'esta camara, eu encararei a questão pelo lado da rasão e dos legitimos interesses do districto.

Em alguns jornaes vi eu publicadas algumas asserções que julgo puramente gratuitas, nas quaes se diz que se pretende comprar Braga ou Guimarães, ou ambas a troco de um certo numero de melhoramentos.

Sr. presidente, em nome dos brios e da dignidade d'aquellas duas cidades, repillo taes asserções, que são altamente offensivas do seu decoro e do seu patriotismo...

Nem Braga nem Guimarães, faço justiça a ambas, podem vender o que cada uma d'ellas considera os seus direitos, os seus interesses, as suas aspirações.

N'esta epocha de opportunismo, de accordos e de transacções julgará alguem que o patriotismo, que os brios e a dignidade dos povos póde ser objecto de mercancia?

O espirito do povo não está tão corrompido

O sr. Presidente: - Peço licença para observar a v: exa. que me parece menos proprio do estylo d'esta casa discutir ou alludir a quaesquer noticias publicadas pelos jornaes; noticias que, de mais a mais são por certo infundadas.

O Orador: - Eu termino, sr. presidente, fazendo votos, como representante do paiz, para que as duas cidades do Minho se conciliem, conforme os meus desejos, os d'esta camara e os do paiz.

ORDEM DO DIA

O sr. Presidente: - Vae ter segunda leitura a proposta que o sr. Costa Lobo apresentou na sessão antecedente.

Foi lida na mesa.

O sr. Presidente: - Em virtude das disposições do regimento, pergunto a v. exa. se requer a urgencia.

O sr. Costa Lobo: - Em face mesmo das disposições do regimento, parece-me que não preciso requerer a urgencia da minha proposta, para que ella entre ia em discussão.

O artigo 37.° diz:

(Leu.)

A minha proposta não conclue por um projecto de lei, e, por consequencia, desde que teve segunda leitura, póde entrar immediatamente em discussão.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Presidente: - A camara está inteirada, e, portanto, entra em discussão a proposta que teve ha pouco segunda leitura.

O sr. Henrique de Macedo: - Concordo com a doutrina e com os fundamentos da proposta do sr. Costa Lobo, e, achando-a decorosa, não a julgo menos...

O sr. Costa Lobo: - Mas a que proposito vem agora essa expressão?

O Orador: - E achando-a decorosa, repito, e concordando com os seus fundamentos, julgo que poderemos chegar ao resultado que se tem em vista, sem que haja de gastar-se tanto tempo, como o reclama a eleição de todas as commissões indicadas no regimento.

É certo que, por culpa do governo, esta camara não tem ainda assumpto de que possa occupar-se; mas o projecto de resposta ao discurso do throno entra em discussão, provavelmente, no primeiro dia de sessão, e eu ignoro ainda se terei de entrar largamente n'esse debate, e se essa larga discussão será ou não conveniente para a causa publica.

Parecia-me, comtudo, que nós podiamos auctorisar os presidentes a aggregarem a todas as respectivas commis-