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6 Diário da Câmara dos Deputados

é preciso que exista a máxima disciplina dentro dessa corporação, que se termine com os equívocos, com os mal entendidos que existem.

Temos um exército de primeira ordem, que foi sempre capaz de todos os sacrifícios e de todos os actos de valor, e que tem dado e está dando altas provas disso. Se quisermos manter as suas gloriosas tradições, temos, em primeiro lugar, de o isolarmos de todos os elementos dissolventes que pretendem dividi-lo e enfraquecê-lo.

Disponho, dentro do exército, nas leis e regulamentos disciplinares e da justiça militar, na minha autoridade e na dos comandantes, oficiais, sargentos e até na dos cabos e soldados antigos e disciplinados, dos necessários meios de sanção penal e dos elementos de ordem militar bastantes para manter nesse exército a mais completa disciplina, para o preparar para a, alta missão que lhe incumbe na defesa da nação, elevando-o assim ao mais alto grau de eficiência.

Na minha qualidade de Ministro da Guerra, exijo e exigirei que todos os militares deixem à porta dos quartéis a política partidária, porque no exército só pode haver uma política: a política da nação, a política da República (Muitos apoiados). E faço-o com tanto mais desassombro quanto é certo que nunca me guiaram considerações de natureza partidária no desempenho dos lugares que tenho tido a honra de exercer (Apoiados).

Com a alta compreensão do que é a missão do exército português, tenho tambêm o direito de exigir que acabem os mal entendidos, os equívocos, as desarmonias e a desunião, que de modo algum podem subsistir dentro dum exército digno da nação que nele confia a sua segurança, a sua independência, a sua liberdade.

Quando se trata, porêm, de elementos estranhos ao exército, da natureza daqueles a que me referi, é que nem eu nem o Govêrno dispomos dos meios necessários para os fazer desaparecer. Para tanto julgo que carece o Govêrno de leis especiais aplicáveis a elementos que, sendo uma minoria e formando uma classe à parte na população do país, são absolutamente inconvenientes à sociedade portuguesa e à integridade da República. Nesse sentido tenciono trazer à Câmara propostas a que ela dará certamente o seu apoio, porquanto visarão à defesa da Pátria e da República (Muitos apoiados}.

Com as palavras que acabo de proferir mostrei rapidamente o que tenciono faz no exercício das minhas funções de Ministro da Guerra: disciplinar o exército, uni-lo, fazer dêle um exército verdadeiramente nacional e republicano, desviar dêle todos os elementos estranhos à sua vida e à sua organização, com cujo contacto a sua disciplina pode perigar.

E no conseguimento desta união que me estou esforçando sem perda de uma hora, e tenho confiança que hei-de vencer, porque ao meu lado não tenho só os meus colegas no Ministério, mas toda a Câmara, visto tratar-se duma questão bem mais alta do que as simples questões partidárias, visto tratar-se da República, visto tratar-se da nação.

Tenho dito.

(Muitos apoiados).

Vozes: - Muito bem.

O Sr. Moura Pinto: - Associa-se, em nome da união, à demonstração do sentimento e de mágoa que a esquerda da, Câmara propôs pela tragédia ocorrida ontem, e nada tem a acrescentar, sôbre êste caso, ao que disse relativamente à trágica morte do tenente Bahr Ferreira.

Estamos em face de factos bem tristes, mal o vê a maioria já interessada neste acontecimento, quando o outro dia lhe ouviu afirmar, com o desassombro de quem tivesse já relatórios em seu poder, que a morte do tenente Bahr Ferreira era um simples e comezinho crime comum.

Agora já há certeza - ou caminha-se para a certeza - de que o caso de sapadores é de natureza política, sendo para estranhar que tanto o Sr. Ministro da Guerra como a esquerda da Câmara formulem previsões e anteciparam-se a relatórios, que, no dizer do Sr. Ministro, são muito difíceis de formular em casos de tal natureza.

Não será do lado do partido unionista que, quem quer que seja, recebe a menor senha ou santo para actos de indisciplina, mas é preciso que tambêm pela esquerda da Câmara não sejam atribuídas responsa-