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Sessão de 29 de Julho de 1918 11

impressão do que em linguagem académica sã chama "um ponto à sorte".

Compreendo que as suas más recordações académicas o tenham disposto mal acêrca do assunto que se debate.

O Sr. Egas Moniz: - S. Exa. está iludido: eu não cultivo a oratória que S. Exa. expôs no seu preparado discurso. Eu disse a S. Exa. que era uma surpresa, que era mais natural que se tivesse dirigido ao leader da maioria a participar-lhe que desejava ocupar-se do assunto. Não foi por ser necessária uma preparação; foi tam somente para me associar à homenagem que a Câmara está prestando ao Brasil que falei. O que tinha sido melhor é que para êsse fim se tivesse marcado uma sessão especial.

O Orador: - Estamos elucidados.

Foi pena que essa sessão especial não se tivesse realizado na última sessão. Não tenho que criticar a orientação que S Exa. deseja dar aos trabalhos da Câmara. Sou o primeiro a lamentar o ocorrido, tanto mais que não fui dos últimos a ceder doma vantagem, duma boa preparação acêrca do objecto requerido.

O Sr. Egas Moniz (interrompendo): - Já tivemos o prazer espiritual de ouvir S. Exa...

O Orador: - Eu só tive o prazer de ouvir S. Exa. como membro da maioria.

Sou o primeiro a lamentar quanto há ocorrido, não tendo sido dos últimos a concordar na vantagem duma boa preparaçãozinha, segundo o objecto requerido. Desde logo, também, por minha modesta vez, me recolhi aos transes de oratório, relendo o que de mais propício: as páginas, encantadoras à fôrça de simples, iluminadas de crença, de Gaspar de Lemos, o cronista, e mais próximo confidente, que tudo viu e ouviu.

Sem querer, depara-se u gente naquele dia 8 de Março de 1500, alêm na extensão da praia do Restelo, coalhada de cleresia, da nobreza e da arraia miúda, em torno à ermida da Virgem, cujo patrocínio se invoca. Lá dentro, o quadro íntimo é tam diverso daquele que nos foi dado presencear: em vez do ilustre leader da maioria, Sr. Egas Moniz, era o bispo de Ceuta com a sua majestade hierática e a profunda emoção da sua prédica, repleta de Fé nos Céus e de Fé na Pátria, exaltando as virtudes do capitão-mor Pedro Alvares e a grandeza heróica da aventura a cometer; e em vez da grita da nossa tam simpática, quanto impulsiva maioria, bradando, a propósito do Brasil, Regimento, artigos e parágrafos, era a meditação recolhida e serena da massa dos embarcadiços, almas tam rubras de entusiasmo e crença, como sinais de Cristo que lhe golpeavam os arnezes e escapulários e lá ao fundo, sôbre o mar, velho amigo de Portugal, brilhavam nas velais pandas da frota aparelhada.

Foi assim a Fé do cronista, há quinhentos anos. E hoje?... Estamos aqui numa assemblea do reconhecimento e homenagem. E porque ao Brasil ela é votada e ainda porque Deus me defenda de menosprezar, pelo confronto, os nossos grandes homens, recemnascidos de há oito anos a esta parte, ao Brasil, e só a êle, mais uma vez me é grato reportar-me, falando hoje, quanto em mim cabe, daqueles que são tanto para êles, como para nós, o mais forte título de desvanecimento: os seus triunfadores no campo mental e cívico:

No activo da mentalidade brasileira - só os próceres vou citar - se registam scientistas quais Barbosa Rodrigues, Baptista Lacerda, o barão de Campanerna, Chapet Prêvost, Pais Leme, Osvaldo Cruz, Pizarro, o barão de Pedro Afonso, Joaquim Murtinho, Vital, Brasil e Pereira Barreto, de cuja boca autorizada saiu um dia o mais eloquente elogio que já mais há merecido a grei portuguesa; na especialidade augusta do Direito o mais soberbo e laborioso corpo de jurisconsultos, a cujo respeito poço licença para fazer apenas duas referencias concretas que me são particularmente gratas: a Faculdade do Direito de S. Paulo, em cujo grémio tive a orgulhosa dita de participar da mais solene e memorável consagração à Universidade Portuguesa e à pessoa do seu insigne confrade universitário e digníssimo embaixador do Brasil, Sr. Dr. Gastão da Cunha; do talento inventivo da gente brasileira são representantes notáveis: Santos Dumont, Landel de Moura, o almirante Huet Bacelar, Melo Marques, Ribeiro da Costa, Radler de Aquino, Pereira

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António Cunhal Júnior - F. Rocha Martins - Eduardo Pinto da Cunha -António Hintze Ribeiro - Artur Carvalho
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