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Sessão de 29 de Julho de 1918 13

quiser ouvir-me, com correcção, como hoje, mas com um pouco mais de atenção e um pouco menos de política, terá ensejo de julgar da sinceridade do meu patriotismo ao submeter á Câmara a minha proposta.

O Sr. Fidelino de Figueiredo: - Sr. Presidente: falando pela primeira vez nesta Câmara, as minhas primeiras palavras são do cumprimento para V. Exa., figura austera e digna que se impõe ao nosso respeito, e, como não sou ainda um velho, muito me poderá servir o exemplo de V. Exa. como modelo de correcção' e moral política.

Quando transpus as portas desta sala tomei perante a minha consciência - e são êsses os compromissos que mais respeito - o compromisso de exercer o meu mandato com tanta independência e probidade como as que ponho no desempenho das minhas funções burocráticas e no exercício da minha profissão de escritor.

Espero que V. Exa., coerente com a honestidade dos seus princípios e no respeito da devida imparcialidade política, me mantenha o direito que tenho de expor, livremente, a minha opinião nesta casa que não está dando, hoje, grande exemplo de tolerância. Eu queria que hoje nesta Câmara, ao falar-se do Brasil, nossa segunda pátria, fossem abatidas as bandeiras partidárias (Apoiados}, abrindo-se um campo neutral em que todos nos encontrássemos bem, como pessoas dedicadas ao seu país e que acertar querem.

No último dia de sessão saí daqui surpreendido, como surpreendidos se manifestaram os Srs. leader da maioria e Secretário de Estado das Colónias, pela forma inesperada como o Sr. Lobo de Ávila e Lima, apresentou a sua proposta, sem nada ter comunicado nem à maioria nem ao Govêrno, como teria sido conveniente fazer, para que todos nós, não pela exigência dum dever que a S. Exa. não cumpria, mas pelo reconhecimento dum dever que a todos cumpria, acudíssemos a aplaudir uma tal proposta.

Em nome da independência que acabo de invocar, venho expor o meu parecer sôbre a proposta de que se fala e sôbre a disposição de espírito que ela envolve.

Direi que estou convencido de que não é inteiramente destituída de intuitos políticos a proposta que S. Exa. nos trouxe.

S. Exa. despresou o preparo dum conjunto de circunstâncias e nem esperou pela organização interna da Câmara, vindo logo nos seus primeiros dias de sessão, com a apresentação da proposta, com o pedido de dispensa do Regimento para quê?

Para que a oportunidade do efeito político a que visava essa proposta não fôsse prejudicada...

Vezes da direita: - Não apoiado.

Vozes da esquerda: - Apoiado.

O Orador: - O nosso ilustre colega, Sr. Pinheiro Torres, aceitando em princípio, teve a infelicidade - só infelicidade, porque S. Exa. é duma extrema correcção - de dar uma cor política e religiosa à proposta e imediatamente a atmosfera se turvou. O autor da proposta não contribuiu para liquidar êsse desagradável incidente, nem sequer o lamentou; antes requereu que o debate se generalizasse e a discussão prosseguisse, mesmo através das paixões subitamente acesas.

Aceitando, em princípio, a proposta, eu vou apresentar algumas objecções.

Já várias propostas neste sentido se têm apresentado, e com inteira imparcialidade, como a que apresentou na Sociedade de Geografia o seu presidente, Consiglieri Pedroso. Dessa proposta resultou ir uma missão ao Brasil, houve muitos discursos, mas até hoje não frutificou.

Para a nomeação duma comissão é preciso que haja ponderação, como se fez agora na comissão de instrução pública. Agora, propostas para comissões, propostas em que só há palavras, disso está o mundo cheio. Propostas assim não trazem nada de útil. Eu não vejo nada nessa proposta que justifique a urgência dela.

Se encararmos a proposta sob o ponto de vista económico, então as diversas colectividades que venham ao Parlamento representar.

Agora apresentar uma proposta como esta, e requerer a urgência, parece-me inoportuno. Concordo que devemos a essa nação todo o nosso amor. (Apoiados). Todos nós devemos um grande afecto a essa nação; mas isto não é uma sociedade histórica para vir aqui com factos históri-

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