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14 Diário da Câmara dos Deputados

cos, como o da fuga de D. João VI para o Brasil.

Sr. Presidente: em nome da dignidade dos costumes, da verdade, das sciências o das letras, eu protesto contra esta nova forma de reclamo dos produtos intelectuais dum povo, e estou em muito boa companhia.

Ainda há pouco no Instituto Italiano, em França, uma vez prestigiosa se ergueu para, em nome da independência dos espíritos, em nome da dignidade da inteligência, defender os princípio? que estou defendendo.

Também o grande pensador, que me orgulho de ter como um dos meus mestres espirituais, protestou contra o princípio que alguém advoga de se pôr uma energia intelectual, ao serviço da propaganda das próprias ideas. As ideas não se divulgam por êsse sistema; divulgam--se porque são belas, verdadeiras e justas.

Os grandes filósofos, os grandes pensadores, os grandes artistas nunca tiveram uma ,nuvem do mosquitos zumbidores que andasse a divulgar a pureza e a magnificência das suas obras.

Os trabalhos de Bergson nunca foram reclamados por qualquer comissão de propaganda.

A difusão duma idea deve ser a consequência da sua beleza, da sua justiça e da sua grandeza.

A multidão é que deve erguer-se até ela.

Protesto, pois, contra esta nova forma de reclamo que consiste em andar a mendigar louvores. Quando uma idea ou uma obra não se divulgam é porque não têm valor para tal. A História mostra-nos factos que vêm em abono desta teoria. Antes de 1870, os mais belos espíritos da França quiseram, tambêm, fazer um comité de propaganda da cultura germânica, mas não conseguiram os seus intuitos.

Por isso não creio nas vantagens que para nós poderão advir da eleição duma comissão para os fins indicados na proposta do Sr. Lobo de Ávila Lima. Voto-a, mas estou convencido de que será absolutamente inútil.

Para o Brasil vão as minhas mais calorosas homenagens, como demonstração da alta capacidade colonizadora do meu país, exemplo sempre presente, quando quisermos encarar a vitalidade das nossas energias. Lastimo que êsse nome. para nós sagrado, não fôsse aqui invocado numa plena imparcialidade política.

Protesto ainda, contra uma afirmação política feita pelo ilustre leader da minoria, quando disse que o desenvolvimento das nossas relações com o Brasil era obra da monarquia.

Protesto contra isso. Êsse desenvolvimento é obra da Pátria portuguesa.

A idea de que isso é devido à monarquia é uma manifestação de retorismo, que só nasceu em Portugal quando se quis defender a forma antagónica da República.

Antes disso não havia, nesse sentido, República ou monarquia; só havia a Pátria Portuguesa.

Termino, dizendo que foi ainda o Brasil, nosso irmão mais novo, que nos deu a lição e o exemplo de uma nova fé política que é a esperança cios nossos destinos.

S. Exa. não reviu.

O Sr. Campos Monteiro: - Sr. Presidente: manda, a praxe que, sendo a primeira vez que levanto a voz nesta sala, eu cumprimente V. Exa. Espirito um pouco insubmisso e avesso a preconceitos, porventura me recusaria a seguir essa praxe, se ela não coincidisse, como coincide, com os impulsos do meu coração.

Residindo, como V. Exa., no Pôrto, e como V. Exa. fazendo clínica naquela cidade, desde há muito acostumei-me a ver em V. Exa. a alma caldeada no cadinho onde se fabricavam os antigos caracteres e cujos moldes parecem perdidos hoje nesta dessorada sociedade portuguesa.

Eis a razão porque, gostosamente e sem constrangimento algum, daqui endereço a V. Exa. as minhas efusivas saudações. Com o maior prazer tambêm saúdo a minoria monárquica, esta brilhante plêiade de combatentes por uma causa a que tenho consagrado" toda a minha existência, a maior parte dos quais me dão a honra de serem meus amigos pessoais e todos meus amigos políticos. E, ao fazê-lo, eu não posso esquecer a alta e nobilíssima figura do Sr. Aires de Ornelas, que li nossa frente empunha a bandeira proscrita em 5 de Outubro de 1910, bandeira que

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