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16 Diário da Câmara dos Deputados

vou entre as duas nações um tam profundo abismo, que levou anos a aterrar e a • nivelar, não foi o diplomata atingido pelo Sr. Alpoim, foi quem, desvairado pelo ódio político, armou os braços de Buíça e Costa.

Não é meu intuito acirrar o debate, tanto mais que se trata da consagração ao Brasil, mas, como tenho ouvido pronunciar várias vezes a palavra "surpresa" a propósito da apresentação da proposta do Sr. Ávila Lima, eu quero lembrar à Câmara um belíssimo discurso que aqui, nesta mesma sala, foi pronunciado há anos, pedindo licença para narrar as condições em que êle foi proferido.

Estava reunida a Câmara dos Deputados quando naquela galeria apareceu um homem que, pelo seu aspecto físico e pela sua linha inconfundível, foi logo reconhecido. Era Joaquim Nabuco. Nesta bancada um homem se levantou e, "de surpresa" e numa felicíssima improvisação, proferiu um discurso cheio de beleza e de poesia, convidando o ilustre parlamentar brasileiro a tomar assento entre os Deputados portugueses.

Para êste homem, para êste orador de raça, não havia "surpresas". Chamava-se António Cândido, e êste nome diz tudo.

Vai adiantada a hora, Sr. Presidente; volto, portanto, a tomar o meu assunto. Ia eu provando que sempre a República Brasileira, através os seus trinta anos de existência, deu às outras nações sãos exemplos da mais absoluta correcção e da mais nobre tolerância. Quando, uma vez tombado o império, se reconheceu a necessidade de fazer embarcar o imperador para a Europa, foi com extrema correcção que o Govêrno provisório o mandou notificar ao monarca decaído; e, convidando-o a tomar lugar a bordo de um transporte, mandou comboiar êste navio por navios de guerra brasileiros, não porque receasse uma restauração monárquica, mas para garantir a vida e prestar as devidas honras ao monarca deposto. Meses depois toda a nação deitava luto ao saber do passamento da imperatriz; procedeu da mesma forma quando a fatigada cabeça de D. Pedro II tombou para sempre no sono da morte. E, passados tempos, foi todo o povo brasileiro, foram os próprios republicanos, quem lançou a idea, a breve trecho secundada pelo Estado, do que para o Brasil fossem transportados e recebidos numa magnificente apoteose os restos mortais dêsse monarca insigne e desgraçado, emfim chamado a descansar no país em que nascera, em que tantos anos reinara, o tam entranhadamente amara sempre. Nobilíssimo exemplo, bem digno de ser evocado na época de retaliações políticas que vamos atravessando!

Sr. Presidente: eis as razões por que eu amo o Brasil; eis as razões por que me levantei a saudá-lo; não podia deixar de o fazer, visto representar nesta Câmara a segunda cidade do reino, que ao Brasil tem ligados tantos e tam vastos interesses, e tam profunda estima dedica à República Brasileira. Adiro, portanto, incondicionalmente, à proposta do Sr. Ávila Lima, fazendo votos para que se estreitem mais e mais as relações de amizade do moço e florescente Brasil com êste velho e glorioso Portugal, que lhe foi pátria-mãe.

Tenho dito.

O Sr. António Sardinha: - Ao falar pela primeira vez no Parlamento, não quero faltar ao costume desta casa, saudando o Sr. Dr. Nunes da Ponte, adversário liai e intransigente, cuja vida pública é um alto exemplo de civismo. No lugar do Sr. Presidente está o Sr. Dr. Lino Neto, a quem bem cedo aprendi a admirar. Mestre preferido da minha mocidade, foi S. Exa. quem me ensinou o amor do município português, do que tem sido um verdadeiro e incansável paladino. Para S. Exa. vão todas as minhas melhores palavras.

Não contava erguer hoje a minha voz. Se o faço é para me associar como português, e como novo entre os novos da minha- terra, à homenagem prestada ao Brasil, que é um segundo Portugal, o Portugal de alêm mar, a nossa segunda Pátria. O patriotismo não consiste apenas na opinião pessoal que cada um possa ter sôbre a história do seu país. "Quando se não pensa como os nossos antepassados pensavam, saibamos ao menos venerar o espírito que iluminou a sua obra". Mandando-se enterrar catolicamente, assim definia o patriotismo, no seu testamento, o grande mestre que foi Fustel de Coulan-

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