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Sessão de 29 de Julho de 1918 17

gês. Tenhamos bem presentes na nossa memória essa síntese admirável, que nos dá a idea segara do que é realmente a Pátria. Não me sobeja o tempo, nem quero desobedecer ao pedido do Sr. Presidente, fixando pura cada orador os limites do praso regulamentar.

Mas consinta-me V. Exa. que, nos poucos minutos de que disponho para falar, afirme e sustente bem alto que a retirada 'de el-rei D. João vi para o Brasil foi um facto da história de Portugal, de que em absoluto dependeu a integridade da nossa autonomia.

Já de há muito que o Brasil se mostrava o abrigo longínquo dos nossos destinos.

Assim, quando Castela estendeu s, sua pata de ferro sôbre Portugal, D. Pedro da Cunha apontou ao prior do Crato o Brasil como o reduto invencível da sua resistência. Num momento difícil o Padre António Vieira o indicaria a D. João IV. Mais tarde, no século XVIII, D. Luís da Cunha, um dos nossos mais ilustres diplomatas, aconselhava a transferir-se para o Brasil a cabeça, a sede da monarquia portuguesa. E no meu propósito basta-me acrescentar que durante a luta chamada do Pacto de família, que uniu os Bourbons contra a Inglaterra, o Marquês de Pombal chegou a tar preparada a frota que ao Brasil devia levar el-rei D. José. Em cartas suas, hoje publicadas, o Marquês orgulha-se dêsse acto como um dos maiores da sua carreira de estadista.

Correspondia, pois, a retirada para o Brasil - o não fuga - ao património político da nossa nacionalidade. E não imagine a Câmara que essa retirada foi um expediente tomado à última hora na turba-multa do pânico. Já em Setembro de 1807 a semelhante respeito se havia realizado com a Inglaterra um acôrdo a que Luz Soriano se refore.

E Pitt, o grande Pitt, a aluía da resistência da Inglaterra contra Napoleão, ao saber que D. João VI estava a salvo, pronunciou no Parlamento inglês um memorável discurso, em que salientara o largo alcance para a Europa da resolução do nosso caluniado monarca.

D. João VI, rodeado pelo partido francês, desconhecia inteiramente o avanço das tropas do Junot.

Um aparte.

O Orador: - Essa pregunta atesta uma profundeza de espírito crítico verdadeiramente brilhante; eu vou já responder...

Sussurro.

O Orador: - V. Exas. não tomem como ofensa as minhas palavras. Estão-me crivando de ironias que, aliás, não me tocam e tenho de mo defender.

Sussurro.

O Orador: - Não posso ouvir duas pessoas ao mesmo tempo.

O Sr. Egas Moniz: - V. Exa. pode declarar que não permite apartes.

O Orador: - Pois não os permito.

O Sr. Amâncio de Alpoim: - Mas V. Exa. tambêm tem feito apartes.

O Orador: - Muito bem! Aceito os apartes de V. Exa.

Dizia eu, Sr. Presidente, que D. João VI ignorava a entrada das tropas de Junot, o que bem se pode verificar por um trabalho que o autorizado escritor militar, Sr. coronel Cristóvão Aires, acaba de dar à estampa. Aludo ao Diário de Junot, cujo original se conserva na Biblioteca da Ajuda. Por aí se vê o conluio que: envolvia o rei, entregue pelo seu Ministério, na pessoa de António de Azevedo e Araújo, aos desígnios traiçoeiros do invasor. D. João VI, prisioneiro, seria a scena de Baiona, com a família rial espanhola abdicando em Napoleão. Na sua retirada para o Brasil, D. João VI salvou, com a independência da dinastia, a independência da Pátria. Não abandonou, nem mesmo assim, o território nacional, pois de forma alguma quis aceitar o oferecimento que lhe fez da sua nau o almirante inglês, conservando-se sempre debaixo do nosso pavilhão, a bordo de um barco nosso. E, uma vez no Rio, o seu manifesto de Maio de 1808 lança as bases da futura coligação europeia que derrubaria o colosso napeleónico.

Não vou alongar-me mais sôbre êste ponto que está suficientemente esclarecido. Mas é meu dever levantar aqui a luva atirada contra El-Eei, o Senhor D. Carlos, ao fazer-se crer que, na sua aproximação, com o Brasil, êle foi apenas a política do seu interesse dinástico-

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