O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 31 de Outubro de 1919 19

Devo registar neste momento que não calaram bem no meu espírito as considerações e os argumentos do Sr. Álvaro de Castro, leader do meu partido e que, por consequência, tenho de me confessar em inteiro desacordo com êle, lembrando que foi do seu espírito republicano que ainda não há muito partiu a iniciativa da proposta de promoção do alferes Ribeiro.

Porventura a situação criada pelo mencionado alferes, a cujo espírito e dedicação republicana faço inteira justiça, será de mais previlégio do que a obra imorredoura do coronel Ribeiro do Carvalho? (Apoiados).

Porém o sr. general Sousa Rosa, ou o sr. tenente coronel Aguas, creio poder afirmar que foi êste último, garantiu há pouco que o coronel Ribeiro de Carvalho não se apresentou a prestar as suas provas para o generalato, ao ser chamado a esta cidade pelo Govêrno de então.

O Sr. Sousa Rosa (interrompendo): - Eu não fiz tal afirmação!

O Orador: - Já me, antecipei a fazer a devida rectificação. Foi o sr. tenente coronel Aguas. Mas se o coronel Ribeiro do Carvalho não compareceu só demonstrou estar dentro da sua lógica de republicano intemerato, não obedecendo a um Govêrno que êle não considerava como legítimo e que só tinha na mente um objectivo, que era atraí-lo à capital para o lançar na prisão.

O Sr. Júlio Martins (interrompendo): - Era apenas para o prenderem que o chamavam a Lisboa, porque tinha feito a revolução democrática no Norte!

O Orador: - Para terminar, Sr. Presidente, declaro com franqueza ilimitada que voto com prazer esta proposta, quer como homem de leis, quer como parlamentar, quer como republicano, pois que paladino da verdade e da justiça neste ambiente, proclamo com segurança nesta hora que me orgulho o regozijo em prestar culto de veneração e respeito a um nobre filho desta linda Pátria, que nas suas mãos estóicas de herói soube hastear o glorioso pendão da República e deu vida a uma das páginas mais vibrantes e formosas da nossa história contemporânea, honrando as imorredouras tradições da raça.

Tenho dito.

(Apoiados).

Vozes: - Muito bem! Muito bem!

O Sr. Estêvão Aguas: - Pedi a palavra para dar à Câmara um esclarecimento.

Quando disse que o sr. coronel Ribeiro de Carvalho não tinha comparecido quando foi chamado à junta militar para prestar as provas ao generalato, não quis dizer com isso que o sr. coronel Ribeiro de Carvalho tenha praticado um acto de rebeldia contra a ordem dimanada da autoridade superior. Não, senhor. Usou dum direito que lhe concede...

O Sr. Orlando Marçal (interrompendo): - V. Exa. certamente não ouviu as palavras que pronunciei. O que disse foi que o Sr. Ribeiro de Carvalho, não vindo a Lisboa, desobedecera às ordens do Govêrno de então.

O Orador: - Nada tenho com as razões que imperaram no ânimo do Sr. Ribeiro de Carvalho para não se apresentar em Lisboa. Mas tenho, como secretário da comissão de guerra, de apresentar todos os elementos que fui colhêr ao processo individual dêsse oficial, para os transmitir à comissão.

Tinha de prestar todas as informações necessárias.

Foi o que fiz e foram elas as que, suscintamente, acabei de dizer.

Reconheço, como já disse, as belas qualidades militares dêsse oficial e por isso não sou desfavorável ao sr. coronel Ribeiro de Carvalho.

O que disse significa que, em virtude dos documentos firmados pelo Sr. Ribeiro de Carvalho, a única porta por onde S. Exa. pode desassombradamente regressar ao activo é aquela que quis abrir com o seu requerimento, e que lhe é facultada agora pelo parecer da comissão de guerra.

O Sr. Sousa Rosa: - Segundo o projecto de lei da comissão de guerra, alterava-se a proposta de lei do Sr. Ministro da Guerra. O sr. coronel Ribeiro de Carvalho ficava n.° 1 para general, e, como é incontestavelmente um oficial distinto,