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Diário da Câmara dos Deputados

Vozes: — Fale, fale.

O Sr. Presidente: — Em vista da manifestação da Câmara, pode V. Ex.a continuar com a palavra.

O Orador: —Agradeço à Câmara a atenção que acaba de ter nara comigo, permitindo-me que continue a usar da palavra.

Tratava-se, como vinha eu dizendo, Sr. Presidente, dum deputado, e-dos mais ilustres desta casa do Parlamento, que acabava de deixar a sua pasta de ministro no efOmero GovOrno presidido pelo Sr. Álvaro de Castro, e companheiro, portanto, nesse Ministério, dos Srs. Cunha Leal e Domingos Pereira, que desse naufrágio escaparam para o Ministério actual sobraçando as respectivas pastas que tinham no anterior. Ora o facto da repentina nomeação do Sr. Jaime de Sousa era de facto motivo, nas circunstâncias em que foi feita, para causar estranheza e mesmo assombro, pois a ninguém, que estivesse alheio ao segredo dos deuses, ora dado conceber ou suspeitar as razões que levaram o Governo a enviar S. Ex." para o estrangeiro, sem que previamente ocorresse dar qualquer explicação prévia ao Parlamento. Há na verdade motivo para que se procurasse saber se na verdade haveria razão assas justificativa para tam brusca e inopinada nomeação, pois que também era lícito, pelo visto, preguntar-• -se se, sendo assim tam imprescindível a nomeação do Sr. Jaime de Sousa, ex-mi-nistro das Colónias, que terríveis consequências teriam advindo a esta hora para o país, só ele ainda se encontrasse gerindo a sua pasta no momento em que, opor-tunadamente liberto dela, se encontrou em condições que lhe permitissem prestar, porventura, mais este alto serviço à Pátria.

Sim, que teria sucedido, qne seria dos anais altos interesses do Estado e, acaso, de todos nós, se S. Ex.a se visse impossibilitado de aceitar o encargo que tam afortunadamente sobre os seus h ombros, em hora próspera, assim recaiu?

Imperiosas devem ter sido, portanto, as razões que levaram o/Governo a nomeá-lo para ir ao estrangeiro, abandonando de súbito os trabalhos parlamentares; como imperiosas devem ser decerto

também aquelas que o levam ou levaram a nomear o Sr. Velhinho Correia, ex-mi-nistro do comércio ainda há poucas semanas, para igual ou parecida comissão, se se confirmam as notícias que ainda hoje li em alguns jornais.

Aguardo, pois, as explicações do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros e qne concretizo nas seguintes perguntas que aqui trago escritas:

l.a Qual é a natureza da missão diplomática incumbida aos Srs. Deputados Jaime de Sousa e Velhinho Correia?

2.a Qual a razão por que foram escolhidos precisamente estes dois ex-minis-tros?

. 3.a Em quanto importam os honorários que vão perceber os dois inesperados diplomatas ?

4.a Por que verba do orçamento são eles retribuídos?

Não deve estranhar o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros estas preguntas, pois que, repito, quando se trata de agravar tam pesadamente as contribuições, como resulta dos projectos apresentados a esta Câmara pelo seu colega das Finanças, cumpre, por isso, que as despesas do Estado se comprimam tanto quanto possível, evitando sobretudo aquelas que possam, ante os espíritos desprevenidos e ingénuos, representar desperdício ou favoritismo.

Tenho dito por agora.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Domingos Pereira):—Sr. Presidente: Folgo muito em ter o ensejo do prestar contas ao Parlamento do grande escândalo cometido por mim e que tam ásperas censuras tem merecido. . .

O Sr. Eduardo de Sousa: —Eu não disse que V. Ex.a tinha praticado um grande escândalo.

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. O Orador:—Melhor seria talvez, dado o ruído quo há na Câmara, que V. Ex.a em vez de agitar a campainha
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