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REPÚBLICA PORTUGUESA

DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Sessão legislativa de 2 de Dezembro de 1925 a 31 de Maio de 1926

Sessão n.° 8, em 21 de Dezembro de 1925

O Sr. Vitorino Guimarães: - Sr. Presidente: embora pedisse a palavra para um assunto muito diverso, permita-me V. Exa. que, em nome da representação parlamentar do Partido Republicano Português nesta Câmara, me associe com sincero pesar às palavras que aqui foram proferidas sôbre o grande desastre que as devastações dos últimos temporais causaram às populações de Espinho e duma grande parte da Ilha de S. Miguei.

E afirmo a V. Exa. e à Câmara que podem os ilustres oradores que me antecederam e as populações sinistradas estar certos de que reconhecida a necessidade de atender aos pobres e indigentes que ficaram em péssima situação, devido ao cataclismo ali havido, da nossa parte não haverá qualquer oposição, antes pelo contrário todo o desejo e boa vontade em adoptar quaisquer providências e votar as indispensáveis destinadas a remediar êsse infortúnio, e minorar, nos limites do possível, as desgraças havidas.

Sr. Presidente: entrando propriamente no assunto para que pedi a palavra, devo dizer a. V. Exa. que é hoje a primeira vez, depois de ter a honra de ser representante da Nação desde 1911, que eu venho ao Parlamento referir-me a uma notícia vinda na imprensa.

Sei perfeitamente que a essas notícias é costume responder-se no mesmo campo e que é de má praxe trazerem-se êsses casos para o Parlamento. Mas quando os factos assumem a gravidade que estão tomando os actuais acontecimentos, quando se procura não só amesquinhar pessoas, que é o menos, mas também atingir o crédito e o bom nome do Estado, o que é deveras prejudicial e inconveniente, não é no mesmo campo que se deve dar a resposta, mas sim na Câmara, quando êsse alguém tem assento no Parlamento, pois só assim pode falar, como se torna necessário, de forma que todo o País o ouça.

Sr. Presidente: devo dizer antes de mais nada que não deveriam desconhecer os órgãos da grande imprensa que o ilustre Deputado meu querido amigo Sr. Daniel Rodrigues foi Ministro das Finanças no Govêrno presidido pela prestigiosa pessoa de V. Exa.

Se a notícia aparecesse em qualquer pequeno jornal que não pode ter uma redacção muito cuidada, seria em parte desculpável, mas num órgão de grande circulação que pretende influir duma forma intensa no critério a formar pela opinião pública, é deveras singular.

Ainda também se poderia admitir tal engano, que deveria ser imediatamente rectificado, se se tratasse de uma pessoa que tivesse uma passagem episódica pelas cadeiras do Poder; mas nunca tratando-se do Sr. Daniel Rodrigues, pois independentemente de ser bem conhecido pelas suas qualidades, dedicação republicana e valiosos serviços à Nação, todo o País conhece a grandiosa obra que êle prestou à Pátria, quando Ministro das Finanças, conseguindo com uma louvável persistência e um ponderado critério a valorização e estabilização da moeda.

Na verdade, Sr. Presidente, tudo isto é deveras extravagante e singular, e digo apenas estas palavras porque não quero