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SESSÃO N.° 46 DE 28 DE FEVEREIRO DE 1912

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parar às das outras nações, mas uma marinha de guerra que honre o país.

Acompanhando, pois, com o mais profundo sentimento, a manifestação desta Câmara, faço votos ardentes para que o triste acontecimento que acaba de dar se contribua também para a união da família republicana, família que é hoje a Nação, e para que essa uuiao seja tam perfeita e completa, que não haja o menor desacordo ou dissonância. Mas também é necessário que todos se compenetrem de que a melhor maneira de ser republicano é dizer a verdade inteira e expor a realidade dos factos aqui e em qualquer parte, dentro do que é justo e correcto, porque ieto não pode servir senão para beneficiar a República e o país.

Acompanho, portanto, V. Ex.a e o Senado no voto de sentimento proposto.

Tenho dito.

S. Ex.* não reviu.

O Sr. Correia Barreto: — Em nome'do grupo republicano democrático, a que tenho a honra de pertencer, associo me ao voto de sentimento proposto por V. Ex.a pela catástrofe que se acaba de dar e que a todos nós comoveu.

Eu não venho recordar à Câmara todos os relevantes serviços que a marinha de guerra tem prestado á nossa Pátria, apenas quero lembrar o serviço que ela, juntamente com o nosso exército, tem prestado às nossas instituições.

Quando Ministro da Guerra, encontrei a maior dedicação e patriotismo na nossa marinha de guerra.

Os oficiais e praças não só prestaram os serviços da sua especialidade a bordo dos seus navios, mas em terra coadjuvaram as forças do exército e da guarda fiscal na vigilância dos pontos estratégicos da fronteira.

Eu lembro-me que a canhoneira Faro foi o navio encarregado da polícia do Rio Guadiana e, apesar de nós sabermos todos qual é a deficiência dos nossos navios de guerra, posso dizer que, durante esse tempo em que eu estive na pasta da guerra, a canhoneira Faro prestou relevantes serviços, evitando o contrabando de material de guerra que estava em Aiamonte á espera de poder ser introduzido no país.

Este serviço, combinado com o da guarda fiscal, foi prestado pelos oficiais e marinheiros com o maior entusiasmo e dedicação.

O Sr. Eusébio Leão : — Em nome da União Republicana, não posso deixar de me associar ao voto de sentimento proposto por V. Ex.a e relativo ao desastre da nossa marinha de guerra.

Efectivamente a marinha de guerra, depois de ter representado um papel tam brilhante na história da civilização, caiu duma maneira tam lastimável, a ponto de que um dintinto oficial de marinha se arreceia de que ela desapareça.

Estes desastres são para lastimar, são para todos os .sentirmos profundamente.

Aproveito a ocasião para chamar a atenção da Câmara para a necessidade de reconstruir a marinha de guerra portuguesa.

Sr. Presidente: já um Ministro inglês célebre havia dito que Portugal estava no número das nações moribundas, e isto devido á administração monárquica ter sido perdulária e mesmo criminosa.

A continuarem as cousas por aquela forma, se Portugal continuasse naquele caminho, não poderia continuar a existir e isto veiu confirmar o tratado secreto de 1908 entre a Inglaterra e a Alemanha, em que se tratava de questões relativas a colónias portuguesas.

Tudo isso devido a essa péssima administração monár-

quica, que fez descer esta Nação a um nível tam baixo que ela não podia continuar a existir com a sua independência, se deseja viver; mas para viver é preciso defender-se e para se defender é preciso armar-se, é preciso ter marinha de guerra e exército devidamente organizados.

Do exército já temos tratado felizmente, mas da marinha não tanto.

Sr. Presidente : afigura-se me que a reconstituição da armada nacional se impõe como uma necessidade imprescindível, e para levar a cabo essa reconstituição, é indispensável que todos se unam, como muito bem disse o Sr. José de Castro.

Lembro, pois, ao Senado que é absolutamente indispensável reconstruir a marinha de guerra portuguesa.

O Sr. José de Pádua: — Quero associar-me ao voto de sentimento proposto por V. Ex.a

Quero, na minha dupla qualidade de Senador e de representante pelo Algarve, onde se desenrolou a catástrofe que tam profundamente vem ferir o país, asssociar me à, manifestação da Câmara, tanto mais que alguns dos mortos eram das minhas relações de amizade.

Calculo quão profunda mágua neste momento aflige eni especial a população do Algarve, onde se deu o sinistro, tanto mais que esse navio já ali estava há mais de trinta anos.

A$'. Ex* não reviu.

O Sr. Presidente: — Antes de mandar ler o expediente, tenho de participar ao Senado que está nos corredores da Câmara o Sr. Teixeira de Queiroz; proponho, 3omo homenagem aos antigos membros da Assembleia Nacional Constituinte, de que S. Ex.a fez parte, e que, como S. Ex.a, não sejam Senadores nem Deputados, que íoHc-s possam ter ingresso nesta sala. (Apoiados).

Dá-se conta do seguinte

Expediente

Ofícios

Da Presidência da Câmara dos Deputados, acompanhando a proposta de lei que tem por fim determinar que a contribuição de renda de casas, relativa a 1912, conti-nui a ser lançada e regulada pela legislação em vigor, estabelecendo-se designadas isenções quanto à mesma contribuição.

Foi a imprimir e foi distribuído com o s Sumários.

Do Ministério das Colónias, satisfazendo o requerimento do Senador Sr. Sebastião Peres Rodrigues.

Mondou-se entregar.

Represeatação

Dos empregados menores da Câmara Municipal do Porto, pedindo que lhes seja concedido o direito de aposentação.

Para a comissão.

De vários habitantes da cidade de Faro, protestando contra a anulação da portaria de 20 de Janeiro de 1912, relativa a exames de admissão ás escolas normais.

Deu-se conhecimento à comissão de instrução.