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Diário das Sessões do Senado

Igualmente o Sr. Embaixador do Brasil nos participa que a sua nação tinha cortado as relações diplomáticas e comerciais com a Alemanha.

Fez já a requisição dos navios, e a julgar pelo procedimento da Alemanha |)ara comnosco, decerto que esta, por aquele acto, declarará a guerra ao Brasil.

Não me foi possível trazer estas importantes comunicações ontem ao Senado, por que esta Câmara deixou de funcionar por falta de número.

É certo que o Senado, conhecendo estes "factos, já tinha manifestado o seu regosíjo, mas, como era do meu dever, não podia ea deixar de as trazer a esta. Câmara.

O Sr. Herculano Galhardo :— Em nome dos Senadores do Partido Eepublicano Português declaro que é com o maior júbilo que ouvi as declarações do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Já ontem nesta Câmara tive ocasião de me manifestar a este respeito, mas é meu desejo, agora, em nome dos Senadores deste lado da Câmara, felicitar o Qovêrno e pessoalmente o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros por estes factos verdadeiramente transcendentais para nós. como são a intervenção desses Estados no conflito.

O Sr. Paulo Lobo: — Sr. Presidente: São passadas 24 horas depois que esta Câmara foi testemunha duma patriótica saudação, feita por uma plêiade de ilustres Senadores à América do Norte, Brasil e Cuba.

Hoje porêni, o ilustre Ministro dos Negócios Estrangeiros vem participar ao Senado, com a sua palavra autorizada e eloquente, os nobres feitos dessas Nações, propondo uma saudação, e eu, em nome dos Senadores evolucionistas, tenho o prazer de dizer que a atitude da República Brasileira, em defesa dos direitos de humanidade, me merece a maior simpatia pelo rompimento das relações diplomáticas com a Alemanha, o que constitui um equivalente virtual duma declaração do estado de guerra que, em breve,, será um facto consumado. Direi também que me congratulo com a altiva atitude de Cuba, que vai agora combater o maior inimigo da civilização.

Keferindo-me aos Estados Unidos, tenho também o prazer de associar-me com fervoroso júbilo ao voto de saudação à grande República Norte-Americana, que constitui desde 1776, o símbolo mais grandioso da democracia mundial. Fiel à divisa duma nação heróica e livre, a América do Norte, postergando os seus importantes interesses materiais e seguindo as suas honradíssimas tradições, vem hoje afirmar brilhantemente aos olhos da humanidade, com a declaração de guerra à Alemanha, que a honra da sua bandeira de 13 listas e 48 vezes estrelada é intangível e a liberdade, por que ela tanto pugnou em eras passadas, é inviolável e sagrada.

Foi ela a primeira entre as nações do mundo que proclamou bem alto, na sua declaração de independência, que tomava» como verdades evidentes que todos os homens nasceram iguais e que o Criador os dotou com direitos inalienáveis que são a vida, a liberdade e a procura da felicidade.

Dominados por esse ideal, tinham ca-minhaçlo no princípio do século xvn os primeiros emigrantes puritanos, antecessores do actual Presidente Wilson, fugindo à intolerância religiosa da dinastia dos Stuarts, para esse continente, onde pudessem ter a liberdade da sua consciência e das suas opiniões, trabalhar sob uma rigorosa disciplina e haurir na liberdade da sua vida nova, nessa terra novu, um ardente amor de igual dade, fraternidade e liberdade.

Quando em 1914, num - céu azul e sereno da paz, a faísca da guerra fulminou a Europa, a América ficou atordoada e horrorizada por ver que a civilização do século xx ia ser reduzida a um pó impalpável pelos Teutões, mas o grande Washington, no seu discurso de despedida da vida política, pedia à República, que ele fundou, que não se emiscuisse na política europeia, doutrina esta que foi cristalizada sob uma forma concreta,, em 1823, pelo Presidente Monroe nas seguintes palavras: «nas guerras das potências da Europa por conflitos entre elas, nós nunca tomaremos parte, excepto quando os nossos direitos são invadidos ou ameaçados».