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Sessão de 20 de Novembro de 1919 23

o julgar oportuno, o seu ponto de vista sôbre êsse problema, que o Govêrno actual não considera de carácter urgente e no qual, em todo o caso, os estranhos não devem intervir.

Referiu-se tambêm o Sr. Bernardino Machado à instância que, no seu entender, deveremos formular pela faixa do sudoeste alemão até o Cabo Frio. Essa instancia não foi formulada, nem se formulará, porque, desde a primeira hora, Portugal declarou que não entrava na guerra para aumentar os seus territórios coloniais.

Com respeito a Macau, estando a China representada na Conferência da Paz, nada mais justo do que aceitarem-se, ali, as questões que interessam os dois países.

Assim se procurou fazer, com efeito, chegando a estar entaboladas negociações, que não prosseguiram, a pedido do Gabinete de Pequim, por motivos de ordem interna — que só nos cumpria respeitar — dada a dificuldade de relações, nessa altura, entre o Govêrno central e o Govêrno de Cantão.

De resto, o Govêrno Português não tem descurado a questão da delimitação de Macau, base essencial da resolução de todos os problemas daquela colónia, e, em breve, o demonstrará.

Sr. Presidente, quanto aos outros pontos do discurso do Sr. Dr. Bernardino Machado, eu não farei mais do que acompanhar S. Exa. nas suas considerações sôbre a política da guerra, que correspondem, precisamente, à orientação do Govêrno actual, saído do partido que em União Sagrada com o partido evolucionista efectivou a nossa intervenção nesse extraordinário acontecimento, quando S. Exa. exercia a primeira magistratura do pais, sendo, por isso com ela solidário em absoluto. Ninguêm, com efeito, melhor do que S. Exa. poderia fazer a exaltação dessa política nacional, que corresponde ao firme critério do Govêrno de hoje sôbre a matéria. Nada tenho a objectar ao que o Sr. Dr. Bernardino Machado disse a tal respeito.

Referiu-se o Sr. Dr. Bernardino Machado a uma determinada promoção por distinção feita no Parlamento, tendo, para ela, palavras de reparo.

Sou contrário, em princípio, a promoções feitas no Parlamento, sejam elas de que natureza forem, porque raro será possível atribuir-lhes um significado moralizador; mas no caso especial de que se trata, sem referir o nome da pessoa atingida, porque, igualmente, o não referiu o Sr. Dr. Bernardino Machado, eu, Sr. Presidente, ficaria mal com a minha consciência se não aproveitasse o ensejo para prestar a homenagem da minha admiração e do meu respeito a êsse alto funcionário, com quem tive a honra de servir durante alguns meses e cujo- nome firmou o decreto da minha nomeação de Ministro da República.

Referiu-se, em seguida, o ilustre senador à política económica do Govêrno, aflorando um dos seus «aspectos», na referência às operações projectadas, que julga contraditórias na sua essência, sôbre o resgate das linhas férreas da Companhia Portuguesa e o aproveitamento da frota mercante constituída pelos navios ex-alemães. Não são assuntos que corram pela minha pasta, mas conheço-os, suficientemente, para poder garantir que essa contradição não existe. O Govêrno projecta resgatar as linhas férreas, mas não tenciona explorá-las directamente, antes se propõe, sôbre êsse problema, adoptar o mesmo critério que seguiu para a futura exploração dos navios da nossa marinha mercante. Não há, pois, como se vê, diversidade de orientação. As linhas férreas, como os navios, serão confiadas, mediante a salvaguarda absoluta e rigorosa defesa dos mais altos interêsses do Estado, a organismos especiais que se constituirão para êsse efeito.

Sôbre o saneamento republicano para purificar a atmosfera das instituições nos serviços públicos — a que o Sr. Dr. Bernardino Machado tambêm se referiu - é conhecida a firme orientação, quer do Sr. Ministro da Guerra no que diz respeito ao exército, quer dos outros membros do Govêrno no tocante às suas pastas.

Sr. Presidente, antes de terminar as minhas considerações desejo associar-me, em nome do Govêrno e em meu nome pessoal, à saudação calorosa que o Sr. Dr. Bernardino Machado dirigiu ao actual Chefe de Estado, o cidadão, por todos os títulos ilustre, que presidiu como Chefe do Govêrno da União Sagrada à intervenção de Portugal na guerra.

Associo-me tambêm às palavras de ho-