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Diário das Sessões do Senado

O Orador: — Ouço na outra Câmara o Sr. Carvalho da Silva e fico como se tivesse lido o jornal. Quando muito, leio A Época que não me envenena nem contamina.

Atrás desta questão do Angola o Mo trópole está a opinião pública suspirando por saber a verdade.

Vejam o .que só passou em Bcdapest. Há príncipes, há regeates, há Deputados, lia altos financeiros, há até o povo metido dentro de tudo aquilo e o Governo já apresentou* um relatório, a opinião pública já conhece o que se passou.

Em Portugal o Sr. Pinto de Magalhães do um lado — como disso o Sr. Ministro da Justiça—atrapalhou tudo, o Sr. Cris-piniano continua a crispinianar pela Holanda o por Londres, o Sr. Pinto de Magalhães anda a dizer que prende, não prende, janta não janta, e 40 dias são passados e não sabemos ainda quem de direito tem do ir- para a cadeia.

O Sr. Ministro da Justiça ao tomar conta da sua pasta traz à Câmara um novo diploma.

Para que?

£ Querer A S. Ex.a atrapalhar mais a nossa legislação, cm que o decreto 18 mil e tal ó a mesma cousa que o 9 mil o tal, em que o 15 mil o tal ó a mesma cousa que um decreto de 1878 por exemplo ?

ó E porquo é que se não trata agora a questão do Rugeroni que roubou o Estado apresentando em duplicado uma factura?

Foi isto aqui dito por uma comissão do inquérito parlamentar, está afiançado em 1:000 contos o ainda não respondeu.

Pode V. Ex.a então meter nessa proposta Rugeroni e muitos outros que roubaram nos Transportes Marítimos do Estado, nos Bairros Sociais, rio Lazareto, ctc.

V. Ex.a vai responder-me que não o pode fazer" porque são cousas diferentes.

Então aguardemos serenamente, sem paixão, o resultado das investigações, e depois venha S. Ex.a o Sr. Ministro, da Justiça pedir ao Parlamento aquelas leis que são precisas para condenar e punir esses criminosos.

Tanto mais que o Sr. Ministro da Justiça fez há pouco o 'elogio da integridade moral e da capacidade jurídica e da com-

petência profissional do Sr. juiz de investigação.

Eu acredito qi*e assim seja, e pela minha parte conheço também alguns magistrados dos que estão auxiliando as investigações e sei o valor que eles tom.

Até lá, esperemos.

Ò orador não reviu.

O Sr. Ministro da Justiça e dos Cultos (Catanho de Meneses):—O discurso do Sr. Ribeiro d'o Melo, embora longo, prendeu-me a atenção o que me acontece sempre que S. Ex.;i usa da palavra com tanto entusiasmo, a vibrar tanto, a borboletear tanto sobre os diferentes" assuntos.

S. Ex.a parece que não entendeu bem as palavras que eu proferi quando disse que neste caso do Angola e Metrópole estava empenhada a honra nacional.

Não proferi semelhantes palavras no sentido 'de querer enunciar que pelo facto do crime o país ficasse maculado.

Crimes como esto apareceram agora também na França com o caso das notas fabricadas na Hungria e nem por isso os homens públicos da França, nem por isso as instituições desmereceram nem podiam desmerecer no conceito mundial.

Mas o que realmente deslustraria a nossa pequena c grande nação, o que realmente seria para este povo português, grande o nobre, um. grande opróbrio seria que não se investigasse com toda a minúcia, com todo o interesso, sem contemplações para ninguém, sem olhar para a direita nem para a esquerda, nem para o centro, sem ver partidos, sem ver pessoas, sem ver personalidades, castigar rigorosamente os culpados.

Apoiados.

Nisso é que eu disse que estava realmente empenhada a honra nacional, a honra do Portugal, que sendo um país pequeno é grande pelas suas tradições, pelo nobre exemplo que sempre tem dado de sacrificar-se pelo seu íftnor à justiça e pelo seu amor ao direito, colocando-se na vanguarda das nações.

Ainda não há muito, que dêmos um grande exemplo desse amor pela justiça e pelo direito, quando a bem dizer desprovidos . de meios nos fomos lançar na G i ande Guerra.