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28 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 44

José Pereira dos Santos Cabral.
José Rodrigues de Sá e Abreu.
José Soares da Fonseca.
José Teodoro dos Santos Formosinho Sanches.
Júlio César de Andrade Freire.
Juvenal Henriques de Araújo.
Luiz de Arriaga de Sá Linhares.
Luiz Cincinato Cabral da Costa.
Luiz da Cunha Gonçalves.
Luiz Lopes Vieira de Castro.
Luiz Maria Lopes da Fonseca.
Manuel da Cunha e Costa Marques Mano.
Manuel José Ribeiro Ferreira.
Manuel Maria Múrias Júnior.
D. Maria Baptista dos Santos Guardiola.
D. Maria Luíza de Saldanha da Gama van Zeller.
Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.
Pedro Inácio Álvares Ribeiro.
Querubim do Vale Guimarãis.
Quirino dos Santos Mealha.
Rui Pereira da Cunha.
Salvador Nunes Teixeira.
Sebastião Garcia Ramires.
Ulisses Cruz de Aguiar Cortês.

O Sr. Presidente: - Estão presentes 64 Srs. Deputados.
Está aberta a sessão.
Eram 15 horas e 57 minutos.

Antes da ordem do dia

O Sr. Presidente: - Está em reclamação o Diário da última sessão.
Pausa.

O Sr. Presidente: - Visto não haver reclamações, considera-se aprovado.
Pausa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra antes da ordem do dia o Sr. Deputado Luiz Vieira de Castro.

O Sr. Vieira de Castro: - Sr. Presidente: já esta Câmara honrou, como lhe cumpria, os seus mortos; já aqui se saudou, em apoteose, aquele, de entre os vivos, a quem, mais do que a nenhum outro, deve Portugal a sua reorganização e o seu actual prestígio.
Julgo, porém, que ainda nesta Casa não foi assinalado como merecia um acontecimento de tam alta importância que por felizes se devem ter os homens que no seu tempo o puderam verificar e aplaudir.
Quero referir-me, Sr. Presidente, ao facto, não único na nossa história, mas sem dúvida extraordinário, que constitue a preparação e o equipamento das nossas forças armadas para o perfeito desempenho da sua missão.
Salazar começou a sua obra, segundo uma hierarquia que as próprias circunstâncias recomendavam, pela reconstituição da marinha de guerra - aquela força audaz e sem par de onde saíram, sobretudo na hora da nossa expansão, as figuras inconfundíveis que deram à Pátria o que de mais necessário era à sua existência - e para sempre marearam o nosso lugar nos rumos da civilização ocidental.
Mas o exército de terra, o núcleo poderoso da nossa coesão interna, aquele que conquistou e através de tudo manteve as nossas fronteiras, desde Aljubarrota ao Buçaco, esse, esperou até há pouco a hora em que pôde ser restituído à plena dignidade da sua função.
Disse nesta sala o Sr. Presidente do Conselho que o sonho por longo tempo parecera irrealizável. Mas esse, como tantos outros, acabou por converter-se em
realidade. E por eu não saber de muitas cousas que mais alto possam fazer ascender a Pátria no respeito e na consideração dos povos, é que entendo não poder tal facto deixar de ser celebrado na Assemblea Nacional com a emoção que naturalmente desperta em todos os portugueses. Creio, Sr. Presidente, que a sobriedade característica da função militar me dispensa de invocar aqui todos os predicados de sacrifício, de bravura, de heróica e silenciosa disciplina que são como que a própria alma do exército. Simplesmente, não posso esconder o regozijo que sinto, como português, ao ver o exército dotado por fim de quanto lhe era indispensável para estar apto em todas as circunstâncias a cumprir o seu papel. Nós não podemos, Srs. Deputados, deixar de tributar ao Sr. Presidente do Conselho e Ministro da Guerra, assim como àquele que tem sido o seu mais próximo e inteligente colaborador, o Sr. Sub-Secretário de Estado da Guerra, a calorosa homenagem do nosso entusiasmo e do nosso agradecimento.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: não será levado à conta de pedantismo académico citar numa assemblea política aquelas palavras que um dia disse o mais sagaz de todos os políticos do século passado: o Príncipe de Metternich. Falou assim o velho chanceler: «recheei o meu arsenal diplomático, completei as minhas tropas, passei-as em revista. E tudo isto não para chegar à guerra, mas para que a guerra não viesse até mim».
Tal é o pensamento de qualquer grande homem de Estado a quem não desvairou um cesarismo fatal.
A verdadeira supremacia, aquela que se pode e deve alcançar com o apoio de um exército digno deste nome, não é a que deriva da invasão e da conquista do alheio; é, antes, a que nos permite a nós mesmos dirigir os nossos destinos, ser senhores na nossa casa e valorizá-la pela conservação ou pela recuperação do que é indiscutivelmente nosso.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Estas são, sem dúvida, as ideas que animam o exército de Portugal e os chefes que, com tam forte e sábio patriotismo, o dirigem. Louvemos, como é nosso dever, o presente; mas confiemos também no futuro. O exército é digno dos seus chefes; e estes sabem que comandam homens cujo mais glorioso dever é servir, obedecendo.
Sr. Presidente: quando, em Maio de 19.26, os primeiros soldados romperam em Braga a marcha vitoriosa que havia de conduzir à salvação do País, um português que, embora há muito vivendo longe de nós, não sacrificava nunca ao jogo das combinações políticas o mais alto objectivo de engrandecer a sua pátria, disse estas palavras: só exército acaba de levantar-se; a hora é de Portugal». Se fosse vivo ainda, perante o renascimento total da Nação, nós poderíamos responder hoje por este modo ao seu grito de esperança: a hora é e continuará a ser de Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Como não há mais ninguém inscrito para antes da ordem do dia, vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - A Assemblea passa a funcionar em sessão de estudo da proposta de lei de autorização de receitas e despesas para o ano de 1944.