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664 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 4l

comercial e agrícola, é cabeça de uma das mais movimentadas comarcas do Pais, dela fazendo parte os ricos concelhos de Nelas e Penalva do Castelo.
O grande amor bairrista dos seus habitantes, o anseio legitimo do sou progressivo desenvolvimento, aliados ao conhecimento perfeito das necessidades e aspirações locais, levaram a sua representante a zelosa Câmara Municipal- a formular o pedido para a construção do novo edifício do tribunal judicial.
Consta-me que o terreno escolhido para a sua implantação e já oferecido teve aprovação superior, pelo que se aguarda para breve o inicio da sua construção.
Finalmente, Sr. Presidente, a vila de Castro Daire, tão risonha e pitoresca, acalenta em seu seio, há muitos anos já, o desejo veemente de possuir um edifício próprio para a instalação conveniente de todos os serviços locais dependentes do Ministério da Justiça.
O pedido respectivo foi mais de uma vez solicitado superiormente pela Camará Municipal e a necessidade e urgência de uma tal construção são corroboradas pelos dignos magistrados que tom servido e visitado a comarca.
Na verdade, suponho não errar afirmando que em nenhuma comarca do País os serviços judiciais funcionam em condições tão precárias.
O actual tribunal fica situado a cerca de 200 m da secretaria judicial, com graves inconvenientes e prejuízos para os serviços e grande incómodo para os magistrados e funcionários.
As instalações de um e de outra são acanhadas e impróprias e o seu mobiliário excessivamente modesto, de uma pobreza quase franciscana.
No anteplano de urbanização prevê-se a construção do novo edifício, e a Câmara Municipal já procedeu à escolha do terreno respectivo, de fácil aquisição, que fica situado no melhor e mais aprazível local da vila. Tais são, Sr.º Presidente, as modestas e ligeiras considerações que hoje me propus fazer, roubando, embora, algum precioso tempo à Assembleia, que se traduzem no agradecimento de Viseu a S. Ex.ª o Sr. Ministro da Justiça por tudo quanto tem feito, está fazendo e há-de fazer pela antiga e nobilíssima cidade, no justo louvor da sua humana e modernissima obra e na confiada certeza de que a construção dos edifícios que enunciei e que com forte empenho solicito hão-de merecer a esclarecida e pronta atenção da sua forte e superior personalidade.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pacheco Jorge: - Sr. Presidente: por circunstâncias de certo modo estranhas à minha vontade, só hoje se me proporciona o ensejo de falar pela primeira vez nesta Assembleia. E assim serão de saudações as minhas primeiras palavras.
A V. Ex.ª, Sr. Presidente, desejo apresentar a homenagem do meu mais sincero respeito e consideração, afirmando que, dentro das minhas possibilidades, poderá V. Ex.ª contar incondicionalmente com o melhor do meu esforço e o melhor da minha boa vontade.
O prestígio do nome de v. Ex.º, Sr. Presidente, e o conhecimento das altíssimas qualidades morais e profissionais de V. Ex.ª não se confinam à metrópole: transpuseram fronteiras, atravessaram oceanos e na longínqua Macau, é v. Ex.ª bem conhecido no meio culto dessa província como magistrado sabedor e probo, como exemplo de um verdadeiro homem público e de um português de lei, que se admira e respeita.

Vozes:- Muito bem !

O Orador: - Na presente legislatura não me faltaram ocasiões de verificar como V. Ex.ª é conceituada e querido nesta Assembleia, cuja presidência pela terceira vez assumiu, graças a esse conjunto de qualidades e atributos que o impuseram u consideração de todos.
A V. Ex.ª, pois, Sr. Presidente, dirijo as minhas mais cordiais saudações em nome da província que tenho a honra de representar e em meu nome pessoal

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Aproveito também o ensejo pura, saudar com a maior simpatia todos os Srs. Deputados, : quem ofereço a minha pobre (não apoiados} mas sem pré leal colaboração.
Desejo ainda cumprimentar e saudar a imprensa portuguesa, nas pessoas dos seus dignos representantes junto desta Assembleia, exprimindo a minha mais alta consideração por tão importante órgão de informação e formação da opinião pública, cuja influência, méritos e qualidades nunca é de mais exaltar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Represento a mais pequena das nossas províncias ultramarinas, a segunda mais distante da Mãe-Pátria e, porventura, a mais ignorada de todas:
Macau, a cidade do Santo Nome de Deus, a que D. João IV outorgou o honroso título de não haver outra mais leal;
(Macau, encravada na lendária e misteriosa China, hoje cadinho incandescente de feroz luta entre ideologias opostas ;
Macau, abrigo seguro de muitos milhares de chineses adeptos de regimes diferentes;
Macau, esse «padrão do primeiro contacto da Europa com o Orientei, como muito bem disse Salazar, e que nos seus escassos 16 km9 conta com uma população de 187 772 habitantes (segundo o censo de 1950), dos quais 183 105 são chineses e 4 066 portugueses, além de 601 de outras nacionalidades, é bem portuguesa no seu sentir e na sua maneira de ser, e a nenhuma outra província se inferioriza no seu acrisolado amor por Portugal, nu seu patriotismo, jamais desmentido.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Nos quatrocentos anos da sua história, o povo de (Macau - os macaenses - escreveu páginas de ouro que ficarão como testemunho eterno da sua fé em Deus e amor à Pátria. Seja-me permitido evocar neste momento a gloriosa data de 24 de Junho de 1622, em que, sob a protecção do bem-aventurado S. João Baptista, como rezam documentos oficiais, 300 portugueses desbarataram uma força holandesa de 800 homens, desembarcados a coberto do fogo de 13 naus, e a heróica arrancada, quase loucura, de Vicente Nicolau de Mesquita e dos seus 36 companheiros, que, em 25 de Agosto de 1849, enfrentaram o ataque de 2 000 soldados inimigos e tomaram de assalto o Forte de Passaleão, guarnecido, como estava, por 500 homens.
Dois episódios apenas, entre muitos outros, que me ocorreu citar, por terem sido factores determinantes da continuação de Portugal em Macau!
Na realidade, em nenhum período da sua história o povo de Macau -os macaenses- se esqueceu da Pátria dos seus maiores e em nenhum momento a ideia da Pátria andou afastada da ideia de Deus!

Vozes: - Muito bem !