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904 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 40

eleição e aluda para, fazer face aos intensos nevoeiros que, por vezes, pairam sobre certos pontos do País, nomeadamente Lisboa e Porto, impedindo assim que os aviões que aí se dirigem consigam fazer a sua aterragem. E por consequência é um problema não só de ordem regional, mas também nacional. E necessário que o Governo olhe para o Algarve.

O Orador: - Mais uma vez agradeço a V. Exa. o interesse com que está a acompanhar a minha intervenção e as palavras com que a apoia.
É natural que este empreendimento solicite a maior simpatia do Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo, pondo ao seu dispor os meios que pede.
Esta euforia de construção, se por um lado permite elevar o Algarve à categoria de região turística de renome mundial, por outro pode dar origem a uma crise na vida das empresas hoteleiras, por não se terem tomado, com oportunidade, as providências previstas e até anunciadas, para quebrar o isolamento do Algarve, principal estorvo à natural afluência de turistas.
Atente-se no que se está a passar nos mais modernos e confortáveis hotéis do Algarve na presente época, focado por um recente documentário da televisão.
Um clima acolhedor, patenteado no ar feliz daqueles velhos estrangeiros que nos mostrou; praias encantadoras, o mar tranquilo, onde se vê fazer esqui e nadar em pleno Inverno, e os hotéis confrangedoramente vazios.
São se pode ter como remuneradora uma exploração que se mostra activa apenas em três meses do ano.
Na prevista remoção deste isolamento assentaram os cálculos que influenciaram os investimentos ali aplicados na indústria hoteleira e nele se filiam as mais vivas causas de sucesso.
Para ver até que ponto pode ir a Algarve e que grau de importância turística pode atingir, atentemos no que passa na Gosta do Sol espanhola, com. uma extensão de costa aproximada à do Algarve e gozando dos mesmo privilégios da influência do clima mediterrânico.
Tem a funcionar 168 hotéis e pensões, com capacidade para 6241 pessoas, servindo uma população turística de nacionais e estrangeiros da ordem dos 250 000, anualmente, só pela circunstância de ter mais do que o Algarve um porto e um aeroporto a servi-la.
Só em Torremolinos circularam mais de 50 000 turistas.
O valor do Algarve nos domínios do turismo ultrapassou já as fronteiras e está preocupando as organizações que se dedicam à exploração mundial do turismo, que anunciam o propósito de investir ali vultosos capitais, sob determinadas condições, para construir cidades turísticas com todos os requisitos modernos e seus atractivos complementares, aptas a receberem turistas de todas as categorias.
Entre as condições indispensáveis paru assegurar a sua viabilidade apontam a construção de um aeroporto e de um cais acostável para os navios de turismo num dos portos do Algarve, que dizem estar dispostos a construir por sua conta.
Para tão grandes realizações dizem também poder mobilizar um capital da ordem dos 700 000 contos e tudo entregar, passados 25 anos, ao Estado.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não ao sabe até onde e como estas ofertas são viáveis e idóneas, mas não se pode deixar de considerar o testemunho que elas representam para atestar a importância turística do Algarve para o desenvolvimento económico da província e da Nação.
O Algarve bem necessita de deter o seu constante empobrecimento, impressionantemente revelado no censo da população de 1960, que aponta o distrito de Faro e o da Guarda com uma população inferior à verificada em 1950.
Este êxodo da população é a prova segura de que os seus filhos abandonaram forçadamente o ambiente onde foram criados, os seus familiares e as mais belas recordações, por não encontrarem no seu seio o suficiente para subsistirem.

O Sr. Jorge Correia: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Com muito gosto.

O Sr. Jorge Correia: - Posso testemunhar que no concelho de Tavira cerca de 20 por cento da população saiu do País. É preciso que o Governo olhe para estes números.

O Orador: - Como não há-de ser assim?
Cerca de 70 por cento do território algarvio está imobilizado para a cultura, por efeito da erosão.
O que lhe vem da pequena parte cultivável não está em relação com o possível, por uma exploração mal orientada e de uma comercialização e industrialização dos seus produtos insuficiente e contrariada.
As indústrias de conserva de peixe e da pesca, riquezas tradicionais do Algarve, atravessam uma crise que não vem apenas da falta de peixe, mas em muito a devo à carência de uma intervenção coordenadora que as leve a concentrar e modernizar os instrumentos de trabalho e a disciplinar a comercialização das conservas nos mercados internacionais.
A crise na indústria da pesca tem conduzido à venda das traineiras matriculadas nos portos e localidades onde está instalada a indústria de conserva, ocasionando-lhe uma nova dificuldade, por ter que laborar com peixe transportado por terra, com todas as desvantagens que o facto representa, como sucede de maneira mais acentuada em Olhão.
O Algarve tem no turismo a mais segura esperança de uma vida nova e fecunda.
No fortalecimento do nosso potencial industrial, em nenhum campo podemos oferecer uma concorrência no mercado mundial com o mais firme sucesso do que oferecendo os bens que, num abençoado exclusivismo, a Providência nos ofereceu para os desfrutar e proporcionar aos outros.
Desses bens dispõe o Algarve em abundância, e alguns de natureza excepcional, como sejam os que oferece a amenidade do sen clima de Inverno.
Do seu conhecimento nos meios internacionais que Re dedicam a descobrir e a explorar novas fontes de interesse turístico resultou um efectivo interesse: e garantia de deslocação em grande escala dos povos nórdicos como o estão fazendo para o Sul da Espanha, pelos mesmos motivos que para o Algarve viriam se dispuséssemos das mesmas facilidades de transporte e acomodação.
Estes representam a quarta parte dos turistas estrangeiros que andam por aquelas paragens.