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16 DE DEZEMBRO DE 1963 2789

radores, S. Ex.ª dirigiu-se, em primeiro lugar, à ilha Terceira, onde permaneceu dois dias. No dia 17 estava nas ilhas Graciosa e de S. Jorge e a 18 chegava à ilha do Faial. A 19, depois de ter suportado, no mar, violenta tempestade, que o impediu de desembarcar na mais pequena ilha do arquipélago - o Corvo -, atingiu a ilha das Mores, que dista mais de 1000 milhas de Lisboa. Continuando então a viagem em sentido inverso, de novo aportava ao Faial no dia 20, para a 21 estar na ilha do Pico e daí rumar a S. Miguel, onde ficou até ao dia 24. Por fim, seguia para a ilha de Santa Maria, donde, no outro dia, partia para Lisboa.
Não tive o ensejo de seguir S. Ex.ª desde o começo da sua afanosa digressão, mas sei, pelos jornais, que em todas as ilhas do grupo central e ocidental do arquipélago não houve mãos que lhe não atirassem flores nem bocas que se não abrissem para bendizer a sua vinda.
A partir da sua chegada a S. Miguel foi-me, porém, dada a honra de não mais deixar de o acompanhar por toda a parte. E desde esse momento pude ver e experimentar, e parcialmente, quão dura e ingrata era a sua nobre missão.
S. Exa. mal desembarcou em Ponta Delgada, por entro alas compactas de povo que o vitoriava com o maior entusiasmo, seguiu imediatamente para a Ribeira Grande, onde, nos Paços do Concelho, recebeu as primeiras saudações oficiais. Toda a vila se encontrava engalanada e todo o povo o desejava ver e saudar.
S. Ex.ª, porém, depois de agradecer por palavras simples e sentidas aquela manifestação de simpatia, ordenou que se iniciassem os trabalhos e, desde então, não mais se parou toda a manhã a visitar bairros, matadouros, escolas, fontanários, lavadouros e caminhos, de molde a que todos os técnicos ficassem bem cientes dos problemas locais e das suas soluções.
No trajecto para a vila do Nordeste, mais de quinze freguesias desfraldaram bandeiras e soltaram vivas à sua passagem, algumas obrigando o Sr. Ministro u parar para lhe exporem as suas necessidades ou lhe agradecerem benefícios já recebidos. E para todos ele teve palavras de conforto ou de carinho.
No Nordeste, novas expansões de afecto se repetiram e o Sr. Ministro mais uma vez falou e por forma tão bela o tão sincera que todos ficaram comovidos.
Dali seguiu para a vila da Povoação, onde novas bandeiras, novos tapetes de flores e novas palmas estavam à sua espera. O Sr. Ministro, depois de ouvir palavras de. grande admiração e estima pronunciadas com veemência pelo presidente do Município, mais uma vez teve de responder, para mais uma vez ser perfeito na forma e no conceito. Pouco tempo demoraram estas cerimónias, porque a ordem de retomar os trabalhos surgiu imediata. Mas, mesmo assim, quando os automóveis chegaram ao vale das Furnas, era já noite.
Era noite e chovia, mas todo o povoado se encontrava vistosamente iluminado, porque à visita do seu hóspede ilustre se juntavam as galas de um acontecimento excepcional: a inauguração da nova igreja. E S. Ex.ª, que muito havia concorrido para o êxito daquela vultosa aspiração, não pôde deixar de sentir um frémito de alegria percorrer-lhe o coração perante o regozijo daquela boa gente que se não cansava de exteriorizar a sua satisfação.
Após a impressionante procissão e o solene Te Deum em que o Sr. Ministro tomou parte, parece que tudo devia terminar por ali. Mas o Sr. Ministro, apesar de febril e naturalmente cansado por tão longa caminhada, não quis deixar de assistir ainda ao jantar que a Junta Geral do Distrito lhe oferecia. E não só assistiu ao jantar como ainda, no final, teve forças para urdir formosíssimo brinde à terra e aos homens que, nas ilhas, perpetuam a glória de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No dia imediato S. Ex.ª não quis saber da febre nem do cansaço e pouco depois das 8 horas da manhã já estava de abalada para Vila Franca do Campo, onde, mais uma vez, foi recebido com todas as honras e com todo o regozijo. Em Vila Franca também havia festa. Inaugurava-se a nova estátua de Bento de Gois, oferecida pelo Ministério das Obras Públicas à sua terra natal.
E a praça, coalhada de gente, ouviu com redobrado respeito não só o magnífico discurso que o Dr. Armando Cândido escrevera em Lisboa para ser lido no acto inaugural, mas o formosíssimo improviso do Sr. Ministro, que ali enalteceu o feito do grande explorador asiático e o dever que todos tínhamos de olhar o seu exemplo e de nada negar ao seu país.
Terminada a cerimónia, recomeçaram as preocupações do trabalho e a corrida apressada para a vila de Lagoa.
No trajecto o Sr. Ministro quis ver a nova igreja da Agua do Alto em construção, onde se havia dado o milagre de 600 pobres (que tantos são os habitantes do lugar) terem já contribuído com 600 contos para a sua edificação.
E a sua presença deu a esses pobres redobrados alentos e redobradas esperanças...
Em Lagoa toda a vila se encontrava enfeitada de bandeiras e flores. O Sr. Ministro, ao receber os cumprimentos das autoridades, não pôde deixar de saudar todos os presentes. E a indagação das faltas continuou até que finalmente se chegou à cidade de Ponta Delgada, onde o Sr. Ministro foi recebido, com todas as honras, nos Paços do Concelho.
Aí, e em resposta aos cumprimentos de boas-vindas dirigidos pelo presidente daquela edilidade, S. Ex.ª proferiu brilhante alocução, reafirmando os sentimentos de solidariedade e de união que a todos devia informar neste momento difícil da vida nacional.
Seguiu-se depois o almoço e, após ele, uma grande sessão de trabalho com todos os presidentes, da Junta Geral e das câmaras, e dos chefes de serviço para exposição de todos os problemas do distrito.
Nessa magna sessão tudo foi posto de frente e nada foi escondido ou desprezado. Ali se soube, quantos milhares de contos havia despendido já o Ministério das Obras Públicas, em comparticipações, nos últimos três anos, não só para promover melhoramentos- urbanos e. rurais em todas as ilhas, mas também para acudir às crises cíclicas do desemprego dos assalariados agrícolas. Muitos foram os projectos que logo ali se tornaram exequíveis e muitos outros ficaram a aguardar melhor estudo para poderem ter a mesma sorte.
Esta reunião, que durou mais de quatro horas, foi exaustiva para todos, mas todos dela saíram satisfeitos, por a julgarem imensamente útil ao progresso do distrito.
Toda esta soma de trabalho e de benefícios foi justamente agradecida pelo Sr. Governador do distrito no final do banquete de homenagem que lhe foi oferecido na véspera da partida. Mas este banquete não era ainda o fim de tão esgotante jornada. Faltava ainda a visita a muitos pontos e obras do concelho de Ponta Delgada, visita esta que se realizou no próprio dia 24, data em que também S. Ex.ª tinha de seguir para a ilha de Santa Maria, onde novas manifestações de afecto e novos trabalhos e canseiras o aguardavam.