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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 167 3010

Mas entendo que se deve começar pelo princípio, e não pelo meio ou pelo fim.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ora, como esse princípio se encontra na escola primária é por ela que importa começar para atingir depois, gradativamente os vários escalões da instrução.

É lamentável que os nossos grandes reformadores do ensino não tenham querido conceder à educação física e ao desporto o valor que naturalmente lhes pertence! Não conheço reforma do ensino em que a par da cultura do espírito, se tenha procurado também a cultura do corpo! Tem havido a marcada preocupação de criai sábios ou, pelo menos sabichões, sem se atender a que a cultura isolada da mente transforme os jovens que podiam ter equilíbrio em toda a sua vitalidade em seres as mais das vezes enfermiços para quem a educação física e o desporto são actividades indiferentes ou até de educação física que se pediu para Coimbra tem, por isso, uma importância transcendente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Dele podem sair professores e monitores aptos a servirem a juventude da região central, encaminhando-a para a educação gimnodesportivas, não como meio de consumir o pouco tempo de que ora podem dispor os que estudam, mas sim como actividade obrigatória para a sua própria promoção a que se atribui valor semelhante ao que se concede às letras e às ciências. Mas além da população discente há ainda a juventude que não estuda, mas carece também de ter à sua disposição a possibilidade de praticar a educação física e o desporto, racionalmente orientados.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quem se der ao trabalho de consultar nas cartas elaborados pela Direcção-Geral dos Desportos a difusão das actividades gimnodesportivas na metrópole verificará que apenas na mancha do litoral, que não tem mais de 60 km de largura o desporto e a educação física têm uma certa expressão!

Para além dessa mancha nada ou quase nada, existe...

Encontramos apenas alguns clubes desportivos de projecção limitada como defensores das actividades gimnodesportivas, mas geralmente ineficientes, porque as tremendas dificuldades que lhes rodeiam a existência atormentada os submetem à mais duras inibições.

No geral, nem os liceus, nem os colégios do interior curam de tais actividades.

Ora tempo chegará certamente em que este descolorido panorama do afrontoso desinteresse se modificará e a educação física e o desporto passarão a ocupar o lugar que de direito lhes pertence entre os meios mais eficazes da verdadeira promoção social.

Esse tempo já não pode tardar muito pelo que é necessário que não faltem os valores humanos para se poder trabalhar com pleno rendimento quando chegar a hora próxima.

Há que poder contar com os agentes do ensino gimnodesportivo que se tornem indispensáveis às necessidades do desenvolvimento acelerado que nos espera.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Assim sendo, porque se destina a servir uma região muito vasta do Centro do País o instituto de educação física de Coimbra terá uma importância que transcende longamente os horizontes das necessidades locais.

Tanto basta, Sr. Presidente para justificar amplamente o pedido da sua criação urgente que as forças vivas do distrito de Coimbra vieram há pouco pedir.

As outras escolas têm a mais óbvia das justificações.

São destinadas a fomentar a valorização de grandes massas populacionais de regiões até agora bastante desprotegidas.

Nesse número avulta a pretendida escola técnica de Arganil, cuja falta se tem sentido cada vez mais intensamente.

Como ela se aproveitarão valores que ora se perdem pela impossibilidade de frequentarem a escola que outros concelhos já têm a ventura de possuir.

Efectivamente, concluído o período de escolaridade obrigatória, ficará interdito à juventude rural, o acesso ao ensino técnico se não se poder dispor da escola que, no concelho o pode ministrar.

Ora em nossos dias, cada vez é maior a necessidade de técnicos ou ao menos de pessoas habilitadas com determinadas especializações.

A pretendida escola técnica de Arganil é uma das mais prementes necessidades daquele concelho, que, lutando denodadamente pela sua valorização se vê a braços com crescentes ondas de forte erosão de valores humanos atraídos pelos favores da emigração.

Desta sorte, tudo quanto possa concorrer para fixar as populações aos seus meios deve ser tentado, uma vez que o flagelo social do êxodo está a empobrecer gradativamente as mais variadas zonas populacionais, que, se ele continuar, ficarão desertas ou de vida insignificante.

Razão forte têm, por isso, as autoridades do concelho de Arganil para pedirem a criação de uma escola técnica, a que não faltarão alunos provindos da boa região serrana e dos concelhos limítrofes.

Mas a embaixada de Coimbra pediu também ao Sr. Ministro do Exército a restauração da região militar, que em circunstâncias da mais alta anomalia, foi retirada da cidade de Coimbra há alguns anos.

Essa perda sempre foi e tem sido considerada como das mais graves que a cidade tem sofrido.

Não é sem a mais profunda mágoa que se nota a ausência entre as gradas figuras da vida local do general comandante da 2.ª Região Militar, nem é sem amargura que se contempla o abandono do edifício de certa imponência em que o mesmo se encontrava instalado.

A cidade de Coimbra sempre se enobreceu com valorosos elementos das nossas forças armadas, cujos quartéis se habituara a considerar como elementos válidos do concerto dos seus melhores valores económico-sociais.

Mercê da sua privilegiada posição geográfica e de todo um apreciável conjunto de factores de vera importância, Coimbra fora escolhida para sede da 2.ª Região Militar.

Todavia, num brumoso dia que se recordará sempre com profunda tristeza, privou-se a terceira cidade do País, centro geográfico a estratégico de vasta porção territorial, que é formada pelos distritos de Aveiro, Castelo Branco, Guarda, Leiria e Viseu, de um dos seus valores tradicionais sob o ponto de vista militar.

Bem se levantaram os nossos clamores de dolorida surpresa, mas a medida tem sido inalterada sob a alegação de razões técnico-tácticas que a existirem muito poucos podem compreender!