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18 DE MAIO DE 1979

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O Orador: - Há outros museus fechados, tal como o Museu de Etnologia, o Museu de Arte Popular, o próprio Museu Nacional de Arqueologia e outros.
Já se falou aqui de um museu que existia e que julgo que foi dissolvido: o Museu do Palácio de S. Bento, o Museu da Assembleia da República, e esta situação não pode continuar.
Também queria deixar uma palavra de simpatia pelo seu trabalho para aqueles que, como trabalhadores dos museus, lutam com todas as dificuldades já aqui referidas, perante a injusta situação em que se encontram, perante a discriminação de que são objecto, tal como acaba de ser referido, mesmo em relação a outros funcionários públicos.
Também queria falar dos museus particulares, pois há alguns - desde os grandes museus, como o da Fundação Calouste Gulbenkian, a outros pequenos museus de autarquias ou museus particulares - que, com grandes dificuldades, têm sido exemplos de defesa do património do povo português.
Por outro lado, é necessário conseguirmos que os museus sejam museus vivos, onde os estudantes bebam as ralzes do seu futuro poder criador e que sejam também eles virados para o futuro, onde os Portugueses revejam a sua criatividade passada, mas onde também possam encontrar locais de cultura e de estimulo para a produção do futuro, e também locais de convívio.
Queria fazer uma comparação com o que se passa na Europa democrática, na qual nos queremos integrar. Vejam, por exemplo, o que se passa na França e noutros países onde existem reuniões de museus nacionais, onde há uma coordenação, onde se fazem exposições monográficas e outras, às vezes até só sobre um único'artista, onde há possibilidade de fazer trocas com idênticos organismos coordenadores de outros países, onde as exposições são concorridíssimas, onde até há restaurantes e locais de convivio, onde há actividades paralelas, onde se fazem concertos musicais, debates, «foros», mesas-redondas, enfim, onde há uma actividade -criativa e participativa. E é isto que realmente nós queremos: queremos museus vivos, que não sejam casas fechadas e poeirentas, e que, para já, se abram os que estão fechados, se criem os que têm de ser criados e não continuemos a viver de planos demagógicos repetidos em todos os programas de Governo, e a ver que a cultura passa para o fim ...

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Mesmo em períodos de austeridade, a defesa do património nacional tem de ser prioritária, tanto a defesa do patrirriónio ecológico e ambiental como a do património monumental, seja em monumentos isolados, seja nos maravilhosos museus vivos que são os conjuntos artísticos de Monsanto, Linda-a-Velha, óbidos, Castelo Rorigo, Almeida, Valença, Bragança e tantos outros, mesmo alguns bairros de Lisboa.
Sr Presidente e Srs. Deputados: Um povo que porventura não pusesse em primeiro lugar, mesmo num período de austeridade, a sua cultura estaria irremediavelmente condenado a entrar em decadência. lsso não sucederá ao povo português. Porquê? Porque estamos num regime democrático e porque, certamente, os representantes do povo e o próprio povo - e hoje tivemos disso uma prova, e creio que os órgãos de comunicação social não deixarão de o divulgar lá fora - tomarão consciência desta realidade que vem de longuíssimo e duro passado a que, efectivamente, porão cobr-õ, sa-

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bendo que ao promover a sua cultura estão a defender o seu futuro.

Aplausos do PSD, do PS e do CDS.

O Sr. Alherto Andrade (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para prestar um esclarecimento à Câmara e para dar uma sugestão ao Sr. Deputado Pedro Roseta.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Alherto Andrade (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: 0 esclarecimento que queria dar talvez seja já do conhecimento dos Srs. Deputados: é que uma das mais importantes realizações dos últimos dois meses do Governo do Prof. Mota Pinto vai ser a abertura amanhã do Museu de Arte Contemporânea. Mas, infelizmente parece, que o referido Museu abre amanhã e fecha na próxima terça-feira. Era bom que abrisse amanhã e ficasse definitivamente aberto ...
A sugestão que queria dar ao Sr. Deputado Pedro Roseta, se me premite, é a seguinte: enquanto não há um museu de arte moderna em Portugal - e tem toda a razão, pois também considero que essa é uma situação escandalosa - atrevo-me a dizer que há cá alguns museus que, apesar de tudo, são neste momento parcelas de um futuro museu de arte moderna. Relativamente ao Norte do País, que é a zona que melhor conheço, o Museu de Soares dos Reis e a própria Escola Superior de Belas-ArtesdoPorto, porexemplo, são dois estabelecimentos onde existe um património que tem relativamente à arte moderna portuguesa uma importância extraordinária. E a sugestão que lhe queria dar era a de que, quando um dia o Sr. Deputado tivesse oportunidade de se deslocar ao Porto e arredores, não deixasse de visitar a colecção de arte moderna portuguesa nas Galerias Diogo de Macedo, em Vila Nova de Gaia.

O Sr. Presidente: - Tem agora a palavra o Sr. Deputado António Loja.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Sr. Presidente, se me permite, antes de dar a palavra ao Sr. Deputado António Loja, gostaria que ma concedesse primeiro, a fim de responder ao Sr. Deputado Alberto Andrade.

O Sr. Presidente: - Com certeza, Sr. Deputado. Por vezes os Srs. Deputados atrasam-se um pouco a pedir a palavra e eu concedo-a a outro Sr. Deputado, mas faça favor.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Sr. Presidente, evidentemente que se o Sr. Deputado Alberto Andrade se dirigiu a mim, eu não queria de forma alguma, até porque isso não é nem nunca foi meu hábito nesta Câmara, deixá-lo sem resposta.
Entrando no ponto central da questão, quero dar o meu acordo àquilo que acaba de dizer. Essa abertura do Museu de Arte Conteínporânca toca as raias do ridículo, pois mesmo que abrisse por mais do que um dia, na ignorância geral, está em condições lamentáveis. Há até depósitos de combustível, creio que da Polícia, a meia dúzia de metros. Claro que não sou agoirento, mas temos o caso do que aconteceu com o incêndio da Faculdade de Ciências de Lisboa, durante o qual vimos ser reduzido a pó um dos mais importantes museus portugueses, originando uma perda íncalculável, definitiva e irre-