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18 DE DEZEMBRO DE 1985 483

torado, de que nós deformamos os resultados eleitorais, de que nós transformamos as derrotas em vitórias, quando nada do que aqui afirmámos lhe permitiria uma tal ilação.
E o Sr. Deputado vai a este ponto: entende que é correcto dizer que houve vitória para o PS porque teve 20% nas eleições de 6 de Outubro e agora obteve 27%, quando se trata de eleições completamente distintas.
Ora, já lhe foi dito que a APU teve 15,5% nas eleições de 6 de Outubro e que agora obteve cerca de 20% em relação às câmaras e cerca de 21 % relativamente às freguesias e às assembleias municipais. Então qual é a diferença?
O Sr. Deputado diz que a APU perdeu câmaras. E o PS não perdeu câmaras?
O PS perdeu 4 ou 5 câmaras e existem mais 7 que foram ganhas graças aos votos do PSD, como é transparente. Apesar disso, vem para aqui gabar-se e vem transformar o que é um resultado muito fraquinho numa grande vitória. Então nós é que somos mentirosos? Não são os Srs. Deputados que estão a transformar numa grande vitória aquilo que foi uma derrota, numa grande recuperação aquilo que o não foi?
Aliás, estão até a discordar do vosso secretário-geral agora suspenso, e candidato à Presidência da República, que dizia, de uma maneira mais cautelosa e prudente, que é preocupante o reforço da APU na cintura industrial de Lisboa.
Sr. Deputado, tenha mais cuidado e mais respeito pelas opiniões dos outros e pela forma como os outros intervêm aqui na Assembleia da República.
É este o sentido do nosso protesto e da defesa da honra da nossa bancada.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Deputado Miranda Calha.

O Sr. Miranda Calha (PS): - Sr. Deputado Carlos Brito, é evidente que eu não quis dizer que o PS obteve uma vitória. Não utilizei a palavra «vitória» em nenhuma das intervenções que fiz até aqui. O que referi é que, efectivamente, houve uma subida eleitoral do PS e obviamente foi isso que serviu de base a grande parte da minha intervenção.
Em termos percentuais, comparando resultados eleitorais das diversas forças políticas, e no caso concreto da APU, a verdade é que há algumas diferenças. Se comparar as eleições legislativas com as autárquicas, de facto a APU teve uma subida percentual - isso é verdade -, mas, comparando os resultados de 1982 com 1985 houve uma quebra ...

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - E o PS?

O Orador: - Isso agora não me interessa neste momento, a questão não é essa. O que estou a querer dizer é que, comparando os resultados de 1982 com 1985, a sua formação política perdeu, pelo menos, 8 câmaras municipais, uma vez que tinha 55 em 1982 e agora só tem 47. Isto é perfeitamente incontestável!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - E o PS?

O Orador: - Quero, pois, dizer-lhe que, em termos percentuais, houve esta alteração, comparando os resultados de 6 de Outubro com estes de Dezembro, mas, de facto, perdeu autarquias.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - E o PS?

O Orador: - Mas eu já falei do meu partido e agora estou a falar do seu porque o Sr. Deputado contestou o que eu disse relativamente à APU. E eu repito aquilo que disse: os senhores perderam autarquias, o que me parece ter sido importante em termos das populações locais onde existia essa administração por poder vir a haver um pouco mais de arejamento e uma perspectiva de governação local diferente daquela que foi prosseguida até aqui pela sua formação política.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Sozinhos não ganhavam nem uma!

O Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Hernâni Moutinho.

O Sr. Hernâni Moutinho (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Decorridas cerca de 48 horas sobre as eleições para os órgãos do poder local, os resultados obtidos pelas diferentes forças políticas permitem que deles se extraiam algumas e importantes conclusões e impõem, uma vez mais, uma ponderada e profunda reflexão.
Ainda não se havia concluído o apuramento eleitoral, mas já na posse de dados que não consentiam qualquer dúvida quanto ao sentido maioritário do voto, e o País assistia novamente, porventura sem surpresa, a este pormenor bizarro: afinal ninguém saiu derrotado destas eleições.
Todavia, a frieza dos números, hoje como ontem, encarrega-se de falar a única linguagem directa e imediatamente entendível, sobretudo por quem só pode encontrar motivos de confusão e de perturbação nas lucubrações que cada um se permiti - e que é a gente simples deste país.
E o importante será, de facto, que o único e verdadeiro vencedor sejam as populações das diferentes comunidades, na exacta medida em que encontrem nos mandatários, ora eleitos, os pólos por excelência da vida comunitária, seja no plano político, social e administrativo, seja mesmo no domínio económico.
De facto, as autarquias locais deverão ser, do nosso ponto de vista, as molas impulsionadoras do progresso e desenvolvimento das comunidades, a reserva útil e fecunda das energias do País, o verdadeiro centro de reunião do nosso reencontro e da projecção do nosso futuro.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: O CDS quer aqui, e neste momento, manifestar todo o apreço e reconhecimento pelo esforço e militância dos autarcas do partido, aos quais principalmente se ficam devendo os resultados conseguidos, demonstrativos do número e qualidade dos dirigentes locais.
E deseja envolver também nesta manifestação todos aqueles que, de algum modo, quer integrando as nossas listas como independentes, quer participando activamente como simples simpatizantes, se empenharam de forma entusiástica na tarefa de reforço da implantação do partido nos órgãos do poder local.

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