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996 I SÉRIE - NÚMERO 30

e os médicos, os enfermeiros etc., haviam de mostrar um entusiasmo enorme em ir para esses locais. É necessário, de facto, criar-lhes, condições locais que os atraiam e lhes proporcionem condições de vida razoáveis.
O Sr. Deputado Marques Mendes pergunta-me se a Ordem dos Médicos apoia ou não as greves com a Ordem dos Médicos veio declarar que apoiava esta greve. Quanto a saber se apoia ou não a outra greve; acho que o Sr. Deputado deve perguntar à Ordem dos Médicos por que é que o faz e não a mim que não faço parte da Ordem. Sou. membro da Ordem.

O Sr. Marques Mendes (PSD): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Marques Mendes (PSD): - Sr. Deputado: nas fiz a pergunta porque, logo no início da sua intervenção, V. Ex.ª diz que as greves dos jovens médicos tiveram o apoio da Ordem dos Médicos: Ora, tanto quando li nos jornais, ela não apoia a greve decretada para os dias 3 e 4.
O Orador: - Desculpe, Sr. Deputado, mas eu não referi as greves. Eu disse que, com o apoio dos sindicatos dos médicos e da própria Ordem dos Médicos, decretaram uma greve. Por acaso, não me referi a nenhuma em concreto.
Mas V. Ex.ª põe um problema: é que talvez a Ordem dos Médicos esteja muito aflita em manifestar este apoio, porque a Ordem dos Médicos, ad voga princípios que são totalmente contrários, à tese. que o meu partido defende, ou seja, a criação do Serviço. Nacional de Saúde. Talvez a Ordem dos Médicos, até de coração, apoiasse as medidas da Sr.ª Ministra, mas, por conveniência política da Ordem, para não perderão pé, ela não tem outro remédio senão, vir apoiar também a greve dos jovens médicos! A explicação deve estar aí, mas eu não respondo pela Ordem.
Ao Sr. Deputado Vidigal Amaro, em primeiro, lugar queria chamar-lhe a atenção para o tom em que o Sr. Deputado falou. É que parece que eu sou responsável pelas afirmações do Governo, do Ministério, etc. É bom que esclareçamos isso.

O Sr. Vidigal Amaro (PCP): - É o meu tom, Sr. Deputado!

O Orador: - Naturalmente que a colocação dos jovens médicos em hospitais que não estão preparados para exercer uma acção pedagógica é condenável. É nesses hospitais, onde há falta de especialidades e se colocam internos especialistas, que os internos são de facto, imprescindíveis, como eles disseram, e não em todas as situações.
Quanto a saber se os internos, que acabaram o internato das especialidades são ,ou não a mais, creio que neste momento não pode afirmar-se se. temos ou não médicos a mais, visto que não está feito um levantamento das necessidades do País.
A Sr.ª Deputada Zita Seabra disse há pouco que não havia um levantamento de todas as necessidades, não havia uma carta sanitária. Aliás, não há uma carta hospitalar correcta que nos permita afirmar categoricamente sobre as necessidades, do nosso, país para termos uma cobertura médico- hospitalar suficiente. É certo que o panorama futuro nestes dias e nos 3 próximos anos se mostra preocupante com a avalanche de jovens médicos que ainda estão para surgir e que aí virão. Mas estou de acordo em que na periferia, nos próprios centros de saúde, nos hospitais concelhios, nos hospitais distritais, etc., há enormes lacunas no campo das especialidades que, naturalmente, vão absorver muitos médicos.
Mas ainda: mesmo aqueles hospitais que tenham quadros que estejam correctos, que estejam proporcionados a um movimento do próprio hospital em si, admito que, no futuro próximo e a curto prazo, se sinta a necessidade de ampliar esses quadros para que hajam médicos especialistas que se desloquem à periferia para os, centros de saúde, a fim de fazerem as consultas da sua especialidade. Isso naturalmente vai criar novas necessidades, não digo que vai fazer desaparecer essa preocupação dos médicos a mais, mas vai, pelo menos, minimizá-la...
Em relação às fraudes que o Sr. Deputado referiu, não é corrigindo essas fraudes que se resolvem estes problemas, mas é importante que elas sejam corrigidas, detectadas e suprimidas, porque isso é fundamental, sob todos os aspectos.
Em relação ao pedido de urgência sobre a ratificação deste decreto-lei, damos o nosso acordo.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Costa Carvalho.

O Sr. Costa Carvalho (PRD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os jornalistas são como os jornais: nascem e morrem todos os dias. Até que o fazem de um modo definitivo, entrando na eternidade, na única eternidade a que têm direito: o esquecimento, essa vala comum onde todos os homens são iguais.
Morreu o jornalista José Reis! Jornalista parlamentar, não tantas vezes quantas pretenderia ser, mas sempre e quando as possibilidades da imprensa portuguesa ó permitiam ou para aí estavam viradas, o jornalista José Reis foi, com todos os condicionalismos de uma actividade desprezada em concreto e elogiada no abstracto, um dos muitos profissionais condenados à prisão e ao percurso do ponteiro dos segundos que marca o tempo e o espaço daquilo a que nós, jornalistas, chamamos o dia-a-dia.
Elevados à categoria de mito pelos famintos de fantasia e pelos sôfregos do poder, os jornalistas têm de se realizar já não só como homens, mas sobretudo como deuses, a quem, impiedosamente, apenas é pedido o milagre diário da verdade. Mas qual verdade? A que efectivamente não se sabe ou aquela que está tabelada pelos contratos colectivos de trabalho em que os jornalistas continuam, a ser a parte mais desprezível e desprezada?
Longe de mim a ideia de haver alguém da minha profissão acima de qualquer suspeita. Mas, porque a caridade tem de começar por nós mesmos, aos jornalistas sobeja razão para dizerem como Manuel Laranjeira:
Neste malfadado país, tudo o que é nobre suicida-se, tudo o que é canalha triunfa. Eis a nossa desgraça! Desgraça de todos nós, porque a sentimos pesar sobre nós, sobre o nosso espírito, sobre a nossa alma, desolada e triste, como uma

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