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10 DE JANEIRO DE 1992 441

todos. Espero bem que também vós saibais continuar a honrar, pelo vosso comportamento e bom desempenho das vossas funções, esta Assembleia da República. Se o fizerdes, também vos honrais a vós próprios.
Aos Srs. Representantes dos órgãos da comunicação social, não posso deixar-lhes o meu adeus parlamentar sem uma palavra. Nem sempre fui bem compreendido por vós, o que pode ter sido por minha culpa. Algumas vezes, fui maltratado por vós, o que já terá sido por culpa vossa, dado que tenho a consciência de nunca vos ter dado azo para tanto. Tudo já passou e não guardo, como vós certamente não guardais, qualquer rancor.
Foram 15 anos de agradável convívio. Vós a procurardes aturadamente notícias, eu a dar-vos as que sabia e podia dar.
Sei que não escreveis com o propósito, ou apenas com o propósito, de vender jornais ou angariar ouvintes. Impera em vós, como meta fundamental - assim o creio -, o exercício simultâneo do dever e do direito de informar. Com o tremendo poder que tendes, como elemento formador da opinião pública, cabe-vos, neste âmbito parlamentar, a cobertura do importante em contraposição ao supérfluo, a notícia séria em contraponto do boato ou da simples conversa de corredor.
Não leveis isto à laia de crítica maldosa, mas tão-só à de crítica meramente construtiva e perdoai-me que vos diga que deveis estar atentos à onda que, tão infeliz como incompreensivelmente, vai grassando por esse mundo fora - a vontade de denegrir os parlamentos. Os ataques malévolos às assembleias representativas do povo são, segundo a história nos ensina, quase sempre um primeiro passo para a chegada das ditaduras. Sei, e bem, que nenhum de vós as quer. Por isso, atrevo-me a pedir-vos que ajudeis também ao enraizamento cada vez mais forte da vida democrática no nosso país, explicando, em substância, o que é a Assembleia da República, como é o seu trabalho e como ele se desenrola, o que é que ela representa e o que é que faz para o bem dos Portugueses.
Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados: Parto com saudade, com muita saudade! Dizer o contrário seria mentir e eu não sei mentir.
Não vou empurrado a não ser por mim próprio. Não bato com nenhuma porta, apenas fecho a minha, com calma e serenidade. Entendi, nesta altura, que havia chegado a hora de renunciar ao meu mandato.
Em mim tereis, todos vós, e até ao fim dos meus dias, um amigo. Continuaremos a encontrar-nos lá fora, na luta partidária, porque essa ainda não abandono. Nem só aqui se faz política!
Até sempre, meus amigos!

Aplausos gerais, sendo os do PSD e de alguns deputados do PS de pé.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Ferraz de Abreu.

O Sr. Ferraz de Abreu (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Montalvão Machado: Em meu nome pessoal, em nome do meu partido e do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, desejo expressar a V. Ex.ª toda a mágoa que sentimos perante o anúncio da sua partida e expressar-lhe também a nossa admiração e amizade.
Ao longo de todos estes anos em que me encontro no Parlamento, habituei-me a ver em V. Ex.ª uma figura de grande carácter, íntegra e correcta, quer nas relações que estabeleceu com todos os deputados desta Casa, quer nas intervenções que fez neste Plenário, que só contribuíram para dignificar e levantar bem alto o nome da Assembleia da República. Se outras razões não existissem, essas seriam suficientes para sentirmos muita mágoa pelo seu afastamento.
V. Ex.ª foi sempre um combatente pela liberdade e pela democracia. Todos o respeitamos por isso! Toda a sua actividade nesta Casa foi sempre animada por um espírito conciliador, mesmo quando combateu causas com as quais não concordava. Revelou sempre um espírito de grande respeito pelos seus adversários nos combates que travou no Plenário.
Pensamos que o Sr. Deputado Montalvão Machado não acabou a sua carreira política. Ainda há muito a esperar de V. Ex.ª pelo seu carácter e pelas qualidades e experiência que possui. Desejamos vê-lo na primeira fila dos combatentes e dos defensores da democracia.
Por esta razão, desejo que V. Ex.ª alcance os maiores êxitos nas novas funções para que foi eleito por esta Assembleia e que, nos longos anos de vida que, certamente, ainda irá ter - assim esperamos -, continue a pôr a sua inteligência e experiência ao serviço da democracia e da liberdade.
Sr. Deputado Montalvão Machado o nosso muito obrigado por tudo quanto fez em prol da Assembleia da República.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Teixeira.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Montalvão Machado: Neste momento em que, em sua consciência, decidiu renunciar ao mandato de deputado, gostaria de, em meu nome e no da minha bancada, lhe dirigir breves mas sentidas palavras.
Em primeiro lugar, quero registar a correcção com que o Sr. Deputado Montalvão Machado, enquanto líder da bancada do PSD, sempre tratou o Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português e - ouso dizê-lo - de todos os grupos parlamentares da oposição e o respeito que sempre manifestou pelos direitos dos grupos parlamentares minoritariamente representados nesta Assembleia.
Em segundo lugar, tendo em atenção a sua intervenção, gostaria de, em nome da minha bancada, comungar consigo as suas ideias e opiniões sobre a necessidade da permanente e crescente defesa dos direitos, da dignidade e da eficácia política da Assembleia da República.
Em terceiro lugar, desejaria manifestar-lhe que entre os actuais membros desta bancada, como entre camaradas meus que já por ela passaram, encontra e encontrará sempre o Sr. Deputado Montalvão Machado pessoas que nutrem por si sincera amizade pessoal.
Finalmente, Sr. Deputado Montalvão Machado, quero, em nome da minha bancada, manifestar-lhe os nossos desejos de felicidades nas novas funções que vai exercer.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Montalvão Machado: Quem parte saudades leva ... e V. Ex.ª já o disse.

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