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16 DE JUNHO DE 1994 2557

Risos do CDS-PP.

Se, como disse o CDS-PP durante a campanha, estas eleições foram o referendo que não houve os resultados estão à vista: os portugueses sentem-se parte da Europa e recusam o nacionalismo isolacionista sem sentido económico, social, cultural e político.
Em terceiro lugar, embora as conclusões políticas sejam sempre prejudicadas pelo elevado número de abstenções, e decorrendo ainda a contagem dos votos, as eleições para o Parlamento Europeu deram até agora uma escassa vantagem ao PS. Essa escassa vantagem ainda pode ser alterada e diminuída, mas não pense o PS que vamos entrar com ele numa querela interpretativa sobre quem ganhou as eleições para o Parlamento Europeu. Números são números e o PS, nesta altura da contagem, tem uma vantagem de 0,4 % em relação ao PSD.

Protestos do PS.

Escassa, muita escassa, mas há quem se contente com pouco!...

Aplausos do PSD.

Há quem se contente com aquilo que um feliz título de um jornal chamava "uma vitorinha"...

Risos do PSD.

Na realidade este resultado configura, em termos efectivos, um verdadeiro empate entre os dois partidos e é assim que tem sido interpretado por toda a gente, inclusive no PS.

Risos do PS.

Mas já que o PS tem agora um gosto tardio pela aritmética pura - que nem sempre cultivou, visto que um seu Primeiro-Ministro trocava os milhares por milhões nas contas do Orçamento do Estado -, convém dizer-lhe que, mesmo em termos aritméticos, ainda não se sabe bem qual será o resultado final e os 0,4 % ainda podem vir a encolher... Sendo assim, só dificilmente o PS convencerá a opinião pública e nós próprios de que teve uma "vitória" eleitoral nestas eleições, que deu ao PSD aquilo que dizia ser "um grande susto", uma "estrondosa derrota" ou outras caracterizações de adjectivação barroca com que o PS abrilhanta o seu discurso político, quase sempre excessivo campanha, raiando afrontoso e insultuoso.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Protestos do PS.

0 Orador: - Que a "vitorinha" é insatisfatória não sou eu que o digo mas, sim, os próprios socialistas. Não é César Oliveira que escreve no Público de hoje que o resultado do PS é "menos bom", propondo em seguida mudanças de fundo na estratégia partidária? Não foi o presidente socialista da Câmara de Fafe que acusou o Secretário-Geral do PS de falhar nos seus objectivos eleitorais, propondo a sua substituição?

Risos do PSD.

Protestos do PS.

Compreendo a vossa pressa em desautorizar os militantes do partido, mas digo-lhes mais: não é César Oliveira que escreve que "liderar um partido para obter grandes resultados nas sondagens não serve rigorosamente para nada"? Não foi o Deputado Vera Jardim que afirmou num debate da TVI que o PS ficou aquém do desejado? Não é aquilo que confidenciam os membros dessa nova categoria política que os jornais intitulam eufemisticamente de "amigos do Dr. Mário Soares", doublé dos "conselheiros do Presidente" e que dizem que o Engenheiro Guterres "não descolou", que "é legítimo exigir algumas inflexões ao líder do PS", "que mude rostos", "que apresente uma equipa credível", que obtenha em aliança com o PCP o que não é capaz de obter sozinho, ou seja, que mude o PS já que se mostra incapaz de mudar a vontade do País?
0 moinho de palavras, recriminações e queixas dos socialistas mostra pelo menos alguma lucidez face à enorme distância que vai do resultado obtido nas eleições para o Parlamento Europeu e o que o partido necessitava para "arrancar" para as legislativas.
Nas três eleições realizadas desde 1991 - três e não duas, porque o PS esquece-se sempre das eleições regionais de 1992 na Madeira e nos Açores,...

Aplausos do PSD.

... onde o PS - como, aliás, outros partidos da oposição investiu muito politicamente. 0 PS perdeu as eleições regionais, ganhou as eleições autárquicas e empatou as eleições europeias.

Protestos do PS.

Mais: entre as eleições autárquicas e as eleições para o Parlamento Europeu, o PS retrocedeu na sua vantagem percentual em relação ao PSD, obtendo agora um pior resultado. Em vez de andar para a frente, andou para trás!

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - Obcecada pelas suas necessidades de afirmação no interior do partido, a direcção do PS menosprezou o carácter da campanha para o Parlamento Europeu, descaracterizou-a e acabou por ter um resultado que, não comprometendo a eleição dos seus Deputados ao Parlamento Europeu, é um fracasso completo dos objectivos explícitos que tinha definido para a campanha.
No documento de apresentação dos candidatos ao Parlamento Europeu os socialistas definiram com clareza esses objectivos: "As próximas eleições para o Parlamento Europeu constituem, por isso, um momento essencial para que as portuguesas e os portugueses, reafirmando o seu compromisso com o futuro da Europa, dêem um sinal claro de reprovação da política do PSD e do Governo de Cavaco Silva." Os socialistas quererão hoje esquecer isto tudo, o modo triunfalista como se referiam às sondagens, o tom arrogante como se assumiram vitoriosos à partida, as descrições comicieiras da "bicicleta do PSD", "sem travões", "com as rodas furadas", com o "homem do guiador que não sabe para onde há-de guiar", das "provas globais" que o PSD teria de fazer nestas eleições, dos insultos directos e por aí adiante. Não lhes bastava um "sinal", era um "sinal claro" que queriam, em uma "censura eficaz e penalizadora das políticas do PSD". Pois é, queriam um sinal tiveram um "final", só que não foi o que queriam e pediam. "Pela boca morre sempre o peixe"...

Aplausos do PSD.

Nada revela melhor o carácter político das conclusões evidentes destas eleições do que a encenação de "vitória"

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