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2562 I SÉRIE - NÚMERO 79

0 Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Octávio Teixeira, se abstrairmos o carácter generalizado de algumas das suas afirmações quanto à abstenção e se abstrairmos da imputação de culpabilidade, não estou em desacordo com nenhuma das razões, cumulativas umas com as outras, que atribui à abstenção.

0 Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Vera Jardim.

0 Sr. José Vera Jardim (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Pacheco Pereira, eu não sei se V. Ex.ª cita de cor; se de "espírito santo de orelha", se de ciência certa. Uma coisa eu sei: é que cita truncado, porque, ao fazer várias citações, tive a honra de ser citado por V. Ex.ª.
Se o Sr. Deputado viu o programa, reparou que comecei por afirmar claramente aquilo que pareceria não ter de ser afirmado e que era a vitória do PS, a vitória clara do PS,...

Protestos do PSD.

... que subiu mais de seis pontos percentuais até agora, que ganhou em números, que subiu em todos os distritos, menos num. Comecei por afirmá-lo, mas é evidente que não estou satisfeito. 0 que eu esperava é que V. Ex.ª fosse à tribuna dizer que também estava preocupado, não só com a abstenção em geral, como todos temos de estar, mas com a abstenção do PSD, porque houve 1 800 000 eleitores que ficaram em casa e que votaram no PSD e no Professor Cavaco Silva nas últimas eleições. Era essa preocupação que julguei que V. Ex.ª ia demonstrar. Mas não! V. Ex.ª vem com a figura típica da retórica política dos perdedores, que é o empate técnico.

Risos do PS.

Repito, vem com o empate técnico, a figura típica da retórica política dos perdedores.
Deixe-me, agora, citá-lo a si. V. Ex.ª disse, há uns tempos atrás, voltando-se para a nossa bancada. "Nunca mais aprendem"!

0 Sr. Pacheco Pereira (PSD): - E não é verdade?

0 Orador: - Agora, Sr. Deputado, digo-lhe eu a si: os senhores também nunca mais aprendem a deixar a arrogância lá fora!

Vozes do PS: - Muito bem!

Vozes do PSD: - Arrogância?...

0 Orador: - E mais: ainda bem que assim é!
Ainda ontem, no programa que V. Ex.ª terá visto, o Sr. Deputado europeu António Capucho começou por me dar os parabéns, e à nossa bancada, pela vitória. Eu estava convencido de que V. Ex.ª, da tribuna, ia fazer um exercício de humildade política. Mas não, VV. Ex.ªs não aprendem, continuam na mesma! Continuem com essa arrogância e, para as próximas eleições, não há fim-de-semana longo que vos valha!...

Aplausos do PS.

0 Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Pacheco Pereira.

0 Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado José Vera Jardim, qualquer pessoa que conheça a retórica - e distintos advogados usam-na bem nas discussões - sabe que, quando se fala ou se discute, há duas partes no discurso que são completamente distintas: uma, é a enunciação ou a proclamação e, outra, é a argumentação.
Ontem, e muito bem, o Sr. Deputado - tenho de fazer justiça à sua inteligência - enunciou e proclamou a vitória, mas argumentou na base dos maus resultados do PS, porque obviamente só assim é que se pode argumentar!

Aplausos do PSD.

0 Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Almeida Santos.

0 Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Com poucos votos por contar - se é que todos eles poderão vir a sê-lo - está aí, adquirida, uma vitória do Partido Socialista.
Por duas vezes consecutivas, o PS foi o primeiro partido. Vir a sê-lo, desta vez, por maioria tangencial, não retira significado à sua vitória, dado que, nas últimas eleições homólogas, tinha ficado claramente distanciado do PSD, então partido primeiro.
Dissemos claramente, durante a campanha eleitoral, que uma vitória, para nós, era ter mais um voto do que o PSD. Vamos ter alguns mais. Se assim for, como tudo indica, elegeremos mais dois Deputados do que em 1989 e mais um do que o então primeiro partido.
Como quer que as sondagens - embora não todas - indiciassem uma vitória mais expressiva do PS, não falta agora quem entenda que a vitória foi menor do que a por nós esperada. Daí um talvez não postiço sorriso de alívio do PSD, acompanhado das habituais análises redutoras e desviantes do resultado objectivo do sufrágio, à revelia da aritmética eleitoral ou parlamentar.
Melhor dizendo, os resultados eleitorais tiveram uma vez mais o sortilégio de deixar satisfeitos todos os principais partidos: o PSD porque, receando uma derrota humilhante, averbou uma derrota escassa; o CDS-PP porque, sendo em seu entender um "partido novo", reteve o essencial de uma votação velha; o PCP porque resistiu, não de todo bem, aos vaticínios de deperecimento; o PS porque, com licença de todos os demais, nomeadamente do CDSPP, que a si mesmo se rotulou de "grande vencedor" destas eleições, terá sido de facto o partido mais votado, condição com a qual, em democracia, costuma identificar-se o vencedor.

Vozes do PS: - Muito bem!

0 Orador: - Se esta regra cartesiana não foi recentemente mudada - facto que me teria escapado - "vencedor há só um, o PS e mais nenhum"!

Aplausos do PS.

Não me eximo, apesar disso, a felicitar o clube dos sub-satisfeitos - aproveito, aliás, a oportunidade para agradecer a vossas felicitações. Todos fizeram pela vida e, segundo parece, lograram obter o que esperavam dela. Se o PSD, nomeadamente, gosta de ser segundo, por que não hei-de eu felicitá-lo?

Vozes do PS: - Muito bem!

0 Orador: - Quero também felicitar os candidatos eleitos, sem distinção de cor. Mas não se me levará a mal que

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