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2566 I SÉRIE - NÚMERO 79

proeurou moderar os seus ímpetos e a sua euforia. A certa altura, o rei D. Sebastião, não compreendendo as suas cautelas, perguntou-lhe: "Duque, de que cor é o medo?" E ele respondeu-lhe: "0 medo é da cor da prudência". Pois prudência foi aquilo que os senhores não tiveram nesta eleição ao pedirem o que pediram e ao receberem o que receberam.
Também gostava de dizer-lhe que o Sr. Deputado não falou hoje do Engenheiro António Guterres como ungido Primeiro-Ministro do País, o que é estranho, porque o Dr. António Vitorino, que tanto admira, repetiu-o todos os dias da campanha eleitoral: "Está, aqui (agarrando-lhe no braço) o futuro Primeiro-Ministro de Portugal". Esperava que o senhor, contente como está com o resultado das eleições, viesse dize-lo, a menos que também não acredite nessa ideia. Criticou-nos por dizermos que António Guterres não é alternativa, mas não somos os únicos a dize-lo, pois, de acordo com uma noticia do Público de hoje, os amigos do Dr. Mário Soares têm a mesma opinião e presumo que sejam também os seus amigos, já que se diz que "os amigos dos meus amigos meus amigos são", a referirem que o Engenheiro António Guterres não é alternativa. Portanto, posso concluir que V. Ex.ª, tal como eu, vê escrito nas estrelas que o Engenheiro António Guterres não é o futuro Primeiro-Ministro.
Concluindo, direi que não estamos aqui para discutir apenas a aritmética - se é mais 1 ou 2 % -, o PS está à frente e, naturalmente, ficará à frente, não sei se 0,4 %, 0,3 % ou 0,2 % ...
Seja como for, estamos aqui numa câmara política - e o senhor far-me-á justiça, como grande político que é - a discutir a interpretação política dos resultados. Os senhores pretenderam um objectivo político com os resultados que pediram nestas eleições, que foram os que levaram ao empenhamento do Engenheiro António Guterres nos cartazes e fora deles - o que é legítimo e natural -, mas o que
interessava saber era se este resultado dá ao PS a tranquilidade suficiente para começar esse percurso político a caminho da tal maioria de que falaram na campanha e de que quase não falaram na noite das eleições e, desse ponto de vista, Sr. Deputado Almeida Santos, é claro que este resultado não foi, politicamente, o que o PS pediu aos eleitores e que almejava. Não é a tal vitória política.
Tenho, pois, de dizer que, deste ponto de vista, o senhor evitou referir-se àquilo que era a essência do vosso discurso; foi, de certa maneira, insincero ou, pelo menos, não concordante com o vosso discurso durante a campanha eleitoral.
De facto, deste ponto de vista, o vosso resultado é a negação da vitória, como o vosso discurso é a negação da sinceridade...

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador. - ... e ambos são o espelho do PS, neste momento, ou seja, a negação de tudo, Sr. Deputado Almeida Santos!
Bom, mas, afinal, acabou por acontecer aquilo que, hoje, vemos espelhado nos rostos tristes dos vossos Deputados, na passagem mágica do Sr. Deputado Jorge Coelho da primeira para a última fila..

Risos do PSD.

Ele foi o primeiro a falar: os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos! Ele foi o primeiro a falar na noite das eleições e, hoje, sentou-se na última fila, ou seja, lá atrás ... !

Aplausos do PSD.

Presumo que ouviu os conselhos sábios do Deputado Jaime Gama, que já não está presente.

Risos do PSD.

De facto, creio que se exige e se impõe dizer que o resultado que os senhores pediram, que a euforia que os senhores esperariam ter hoje, que a alegria que os senhores esperariam ter hoje politicamente e que o sonho que os senhores queriam ter hoje não tiveram. Assim, e parafraseando um poeta de que o senhor decerto gosta, Manuel Gusmão, diria que a rosa é o sonho de uma cebola .. ! É que, de facto, o vosso pedido de triunfo acabou em tristeza e eu não sei se não vai acabar em lágrimas para alguns!...

(0 Orador reviu.)

Aplausos do PSD.

0 Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Almeida Santos.

0 Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Duarte Lima, não sei porquê mas estou aqui a debater-me com uma dificuldade psicológica: é que, desde que ouvi o Sr. Deputado Pacheco Pereira no discurso que proferiu e nas respostas que deu e agora o ouvi a si, não sei que diabo de ligação é que encontro entre o vosso discurso e o de Sousa Cintra, logo a seguir ao desfecho da Taça de Portugal...

Risos do PS.

É que há uma similitude a que não resisto!

0 Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Não percebo de futebol: explique-se lá!

0 Sr. Manuel dos Santos (PS): - É a arbitragem!

0 Sr. José Vera Jardim (PS): - É o árbitro!

0 Sr. Pacheco Pereira (PSD): - E o árbitro não é o Presidente da República?!

0 Orador: - Sr. Presidente, parece que me deu a palavra, mas a maioria não concorda com V. Ex.ª, temos que ver se reconduzimos a maioria à vontade da Mesa. Não sei bem como...

0 Sr. Presidente: - Sr. Deputado Almeida Santos, a maioria já se ajustou.
Faça favor de continuar.

0 Orador: - 0 Sr. Deputado Duarte Lima disse que eu fiz um discurso em tom cinzento, mas o meu discurso foi tão bem disposto que, Meu Deus, chamar-lhe triste?!...

0 Sr. José Vera Jardim (PS): - Ele não o ouviu!

0 Orador: - É verdade que eu não preciso de fingir uma alegria postiça, como os senhores, mas também estar para a tribuna com a arreganha toda...

Risos do PS.

Também não há razão para isso! Os vencedores são, normalmente, generosos, porque quem ganha celebra;

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