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16 DE JUNHO DE 1994 2571

porque, como afirmei na minha declaração política, considerámos o nosso resultado positivo, e já expliquei o porquê. Por conseguinte, não há aqui perdedor para se desculpar.
Relativamente à questão que o Sr. Deputado colocou sobre o problema de a abstenção poder ser qualificada como uma forma de protesto do eleitorado, devo dizer-lhe que isso é inequívoco. O Sr. Deputado pode eventualmente acusar-nos, a nós e a outros partidos da oposição, de não termos ainda conseguido levar os eleitores que anteriormente votaram no PSD a dar o tal passo qualitativo, mas já deram o primeiro, ou seja, já deixaram de votar no PSD, e o segundo será dado no futuro. Aliás, os senhores verificarão isso nas próximas eleições legislativas.
A segunda questão que o Sr. Deputado suscitou corresponde à tese de que a militância dos comunistas impede que haja abstenção no eleitorado da CDU.

O Sr. António Lobo Xavier (CDS-PP): - Já foi tempo!

O Orador: - Sr. Deputado, essas são as tais construções que os senhores fazem quando lhes interessa tirar ilações completamente erradas.
Mas, não havendo dúvidas de que os comunistas são militantes e, normalmente, mais militantes do que os militantes dos outros partidos políticos, os votos da CDU não resultam apenas de pessoas filiadas no Partido Comunista Português mas de muitas mais pessoas normais que, como qualquer português, têm as suas esperanças em relação à União Europeia e à política do Governo, sofrem com a crise e com o desemprego e também aproveitam os fins-de-semana prolongados.
De facto, fiz algumas referências concretas a Lisboa e Setúbal, por razões que são conhecidas, na medida em que foi aí que se verificou o maior acréscimo de abstenção e, como sabe, há uma grande concentração de votos da CDU nestes dois distritos.
No que diz respeito ao problema das sugestões do combate ao desemprego, não critico quaisquer sugestões, desde que sejam positivas. O que critico, critiquei e torno a criticar é que o Sr. Primeiro-Ministro tenha feito o anúncio da entrega de sugestões à Comissão da Comunidade, para serem analisadas não sei quando - aliás, parece que será em Dezembro -, em plena campanha eleitoral, sabendo a incidência que o desemprego tem sobre os portugueses, para tentar influenciar os resultados eleitorais, procedendo-se imediatamente após as eleições, concretamente no dia 14, porque no dia 13 foi feriado municipal, a um despedimento em larga escala de 3037 trabalhadores na Solisnor e na Lisnave.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Por isso é que são precisas as tais medidas!

O Orador: - É isto que critico e continuarei a criticar!

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Deputado Almeida Santos, o problema da credibilidade é, de facto, uma questão qualitativa.
No entanto, os resultados eleitorais têm mostrado que os senhores, Partido Socialista, não conseguem transmitir ao povo as vossas ambições de maioria absoluta. Pelo menos, ele não vos corresponde em termos de voto, porque as expressões de voto que os senhores têm conseguido nos últimos tempos não chegam, manifestamente, para ambicionar uma maioria absoluta. Aliás, o Sr. Deputado, certamente, recorda-se da altura em que o PS pedia 43 %... Mas não vou falar disso agora.

O Sr. Almeida Santos (PS): - Mas pode falar!

O Orador: - Sr. Deputado Almeida Santos, o senhor conhece perfeitamente as condições muito específicas e especiais, do ponto de vista político, em que se realizaram as eleições de 1987, em que o PSD obteve a maioria absoluta. Houve uma alteração radical da situação, que se traduziu na dissolução do Parlamento, e só isso pode ter permitido os valores que o PSD obteve.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. José Vera Jardim (PS): - Mas tinha 29,5 %!

O Sr. Presidente: - Para fazer uma declaração política, em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado António Lobo Xavier.

O Sr. António Lobo Xavier (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não é admissível esconder os números! É possível comentá-los e ter diferentes graus de satisfação e, por isso, a primeira saudação do CDS vai para o partido que obteve mais votos nesta eleições europeias. A segunda palavra para todos os que dignificaram e emprestaram civismo à campanha que terminou há poucos dias.
Apesar das vozes dispersas e desesperadas que já hoje aqui se ouviram, e são tão poucas que insistem em diminuir ou reduzir a importância dos resultados do meu partido, o CDS deve mostrar toda a sua satisfação e se não fala de vitória, afirma que atingiu um alto nível de sucesso nestas eleições e que pode assim falar sem receio dos votos que falta contar.
Não precisamos de grandes explicações para mostrar esse sucesso. A comunicação social e os analistas podem mais do que quatro ou cinco políticos apostados em desmistificar a verdade.
E valha a verdade que bem merecemos este sucesso eleitoral. Nos últimos dois anos da sua vida, ou pouco mais do que isso, o CDS sofreu uma derrota pesada nas eleições legislativas de 1991; viu-se abandonado por dois dos seus antigos presidentes; viu abandonarem o partido os seus três eurodeputados; e lutou contra o desânimo de alguns dos seus militantes.
Por muito que custe a alguns, o CDS recuperou o ânimo; por muito que custe a alguns, o CDS tem um discurso claro, seguro e compreensível pelo povo; por muito que custe a alguns, o CDS tem uma estratégia aberta e simples; por muito que custe a alguns, o CDS é hoje entendido como um partido interclassista, recheado de jovens e de alegria; por muito que custe a alguns, o CDS passou já por duas eleições neste processo de recuperação e foi subindo em adesão e aceitação.
Valha a verdade, também, que fomos os únicos que fizemos esta campanha para as eleições europeias sem apoio material do Parlamento Europeu, cumprindo o que se esperava de um partido responsável. O que se pedia a um partido responsável era que falasse do que estava em discussão. Nós não falámos do Governo, não falámos das políticas do Governo, não pedimos cartões amarelos para ninguém, não falámos de nenhum projecto partidário futuro para as próximas eleições. Falámos da Europa e de Portugal e de como Portugal deve estar nessa Europa. Numa palavra, não confundimos o povo e terminámos a

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