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5 DE MAIO DE 1995 2355

corrigir um lapso, naturalmente um lapsus linguae, que o Sr. Deputado cometeu quando disse que, embora eternamente nunca me tenha pronunciado sobre aquilo que pensava que tinha acontecido em Camarate, eu asilava intimamente convencido de que teria sido um acidente. Julgo que o Sr. Deputado Narana Coissoró queria dizer que eu estava intimamente convencido de que tinha Sido um atentado. Para a acta, era esta a correcção que eu queria fazer.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Não, o que eu queria dizer é que V. Ex.ª foi sempre contra a tese do acidente

O Orador: - Portanto, que teria sido contra a tese do acidente!

(O Orador reviu.)

O Sr Presidente: - O Sr. Deputado Narana Coissoró concordou, pelo que está feita a rectificação.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Américo Sequeira.

O Sr. Américo Sequeira (PSD): - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados: As mutações da economia e a sua globalização, a informação instantânea e a mediatização dimensionadas à escala planetária, o império das ideias e das tecnologias removem, diariamente, «dados adquiridos», alteram modos de ser e de estar no mundo, estimulam novos gostos e novas procuras, tudo num crescendo para horizontes que ainda se não alcançam.
Esta inegável dinâmica no limiar do novo milénio não é apenas exaltante, mas constitui também o novo poder dos povos, a que temos de nos ajustar para a sobrevivência. O que não se conseguirá se não formos capazes de aderir, determinados, à inovação, à criatividade e ao sonho.
Hoje, e num mundo cujas fronteiras se diluem a cada novo passo, o fenómeno ineludível da mobilidade das pessoas e dos consumos gera uma das mais poderosas actividades económicas, indutora também de componentes culturais e sociais que, em conjunto, temos de valorizar como quem nelas vê, objectivamente, soluções de equilíbrio para a sobrevivência de terras e de gentes, que por outras vias se não vislumbram.
Estou a pensar no turismo como desafio de desenvolvimento Turismo, porém, diferente para um desenvolvimento também ele diferente, feito à medida da dignidade da pessoa humana e da natureza, duas faces complementares da mesma superior realidade. É que o desenvolvimento, naquela perspectiva que se quer humanista, só terá consistência e sucesso se partir de recursos próprios, naturais, culturais e sociológicos, tratados com aquela dignidade e inteligência que, ao lucro, priorizem o homem, a sua envolvência e a cultura que lhe dá sentido à vida.
Recursos de base são esses que abundam pelo Alto Minho, como em todo o país interior e profundo, potenciadores, simultaneamente, de revitalização cultural e de desenvolvimento social e económico sustentável.
Porque ignorá-los é inaceitável, e não os potenciar significa recusar o futuro, impõe-se, por um lado, a sensibilização para a sua pluridimensional valia, por outro, a sua efectiva promoção a bens de civilizado usufruto e factores de valorização da qualidade de vida.
Haveria de confundir-se com estultícia a tentativa de recensear aqui, de forma exaustiva, o património que por todo o Alto Minho se depara, susceptível de transformar aqueles sítios em destino privilegiado de quantos- hoje, felizmente, cada vez mais - são consumidores de um turismo diferente, feito de natureza e de cultura, de repouso e encontro com a memória dos tempos.
Não me alongarei para lá de umas poucas referências essenciais, que, só por si. se inteligentemente potenciadas. seriam suficientes para catapultarem o Alto Minho a elevados patamares de desenvolvimento.
É o Parque Nacional da Peneda/Gerês com a sua polimórfica riqueza natural e repositório de múltiplos estratos de ancestral humanização, são as albufeiras do Alto Lima e o termalismo em Monção e Melgaço; é um vasto mundo de civilização megalítica e de cultura castreja, são as fortalezas, olhando a Galiza, as torres e os castelos, guardando vales, nos e encostas, são os traços, ainda vivos, da romanização que por ali se afirmou, é a arquitectura rural das aldeias históricas, que também as há por aquelas bandas onde o Condado Portucalense se consolidou e a nacionalidade portuguesa amanheceu, é a arquitectura erudita do granito montanhês, chamado à civilização de palácios, templos e casas senhoriais de todas as épocas; é uma surpreendente panóplia de valores antropológicos a ressaltarem do folclore, das romanas e da gastronomia ímpares, das chichicas e costumeiras que abundam desde o mar aos vales e à montanha: são caminhos e pontes, por onde correram a paz e a guerra, e gerações sem conta carregando ora a vitória, ora a derrota, mas sempre a devoção e a esperança.
Não sendo tudo, eis aí. Sr Presidente e Srs. Deputados, largo campo de acção em que se impõe, de um mesmo passo, revitalizar a História e a cultura, delas fazendo pão do espírito e impulso económico e social, pelo seu investimento inteligente em formas superiores de turismo.
Se não ignoramos, nem a dimensão, nem a complexidade das tarefas, sabemos também que elas valem a pena e que o sucesso pressupõe empenhamentos múltiplos, desde o estudo e a foi mação, ao planeamento estratégico, e tem de envolver universidades, associações, investidores, autarquias, Estado e fundos comunitários. É urgente este envolvimento concertado!
Regista-se, com aplauso, a já comprovada adesão do Governo a esta filosofia de desenvolvimento, particularmente aplicável ao país interior, rico de valores culturais, mas deprimido pelas longas hemorragias migratórias.
De aplaudir é o memorando que, há um ano, o Sr. Primeiro-Ministro apresentou à Cimeira de Corfu sobre a dimensão social na União Europeia pela criação de serviços de proximidade e pelo mercado da diversidade. designadamente cultural e de lazer, partindo da valorização do património e do ambiente.
Em consequência, festejem-se os programas de recuperação das aldeias históricas nas Beiras e as rotas do megalitismo no Algarve e no Alentejo.
Acertado caminho é este para a revitalização do mundo rural e regeneração de espaços plenos de história, de cultura e de memória, fazendo deles ponto de encontro com. um produto turístico de qualidade, base económica complementar que estimule a permanência dos que por ali resistem e induz ao regresso muitos dos que partiram.
E por ser acertada esta via paia o desenvolvimento, permitam-me que aqui expresse o desejo de a ver chegar também ao Minho, ali onde se reúnem todas as condições que a justificam.
Justificam-na o Parque Nacional, que por o ser e ser o único, pode reivindicar também a solidariedade nacional