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3778 I SÉRIE - NÚMERO 101

alguma segurança. São itinerários que, até pelo seu aspecto, pelo seu traçado e pelos desfiladeiros que os ladeiam, são verdadeiramente perigosos.
No entanto, foi-nos dado a conhecer a elevada moral de todas as forças e até um certo orgulho na missão que estão a desempenhar. O relacionamento com a população civil de todas as regiões parece ser excelente, com os militares a participarem na ajuda às populações mais necessitadas, com víveres, medicamentos e até assistência médica. A este propósito, convém salientar a acção que a jornalista Lurdes Pretty, que convive diariamente com o parlamento português como repórter da Rádio Capital, que tomou, ao accionar um conjunto de vontades civis e militares e ao conseguir colocar à disposição do batalhão português, milhares de brinquedos para serem distribuídas pelas crianças da região do nosso batalhão. Foi uma acção que teve um impacto extraordinário no relacionamento dos militares com as populações e na moral dos próprios militares. À jornalista Lurdes Pretty, o nosso sincero agradecimento.

Aplausos do PS:

A propósito, recordo todos os jornalistas, artistas e não só, que têm desde o início acarinhado, com iniciativas diversas, os militares em missão na Bósnia.
Desta nossa visita à força militar na Bósnia é justo sublinhar o papel do Embaixador Tânger Correia e o seu excelente relacionamento com o batalhão português. O Embaixador Tânger Correia é um diplomata "de mangas arregaçadas", encarando com serenidade todas as situações, tendo um conhecimento muito profundo da sua missão e de todos os desenvolvimentos militares e diplomáticos que passam neste cenário. É uma voz autorizada que tem de ser ouvida, até porque é possível e desejável alterar algumas estruturas nacionais importantes no apoio à participação portuguesa no âmbito da reconstrução económica daquela região, que não tem tido qualquer acção nem sequer no aproveitamento de apoios da comunidade internacional, independentemente do apoio político que não tem faltado, quer ao nível do Ministério da Defesa Nacional quer ao nível dos Negócios Estrangeiros.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Num momento em que estão em curso grandes transformações ao nível das Forças Armadas é importante salientar a forma como os militares portugueses têm desempenhado missões inteiramente novas de cooperação internacional no âmbito da Aliança Atlântica e, ao mesmo tempo, sublinhar o brilhantismo com que o têm feito e a importância do apoio que têm dado à política externa portuguesa.
Isto só é possível porque as Forças Armadas são, apesar das vicissitudes por que têm passado, uma instituição que tem colocado, e continuará a colocar, acima de quaisquer outros interesses, o interesse nacional. É da sua natureza e da sua vocação, e nem sequer deveria merecer qualquer sublinhado, que só se justifica quando tantos se interrogam sobre as suas Forças Armadas.
Por último, uma palavra para aqueles militares que morreram ou se acidentaram no cumprimento do seu dever, com a certeza de que os militares portugueses, Portugal e os portugueses não os esquecerão.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Cardoso Ferreira.

O Sr. Cardoso Ferreira (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Marques Júnior, congratulo-me, naturalmente, com o teor da intervenção de V. Ex.ª que vem na sequência dá deslocação de uma representação da Comissão de Defesa Nacional deste Parlamento às nossas forças na missão na Bósnia-Herzegovina. Eu diria mais: se não fosse a sua intervenção quase que esta nossa deslocação se teria passado na clandestinidade. Um visita importante que - e, como sabe, éramos o único Parlamento de entre os países com forças na missão das Nações Unidas na Bósnia-Herzegovina que ainda não tinha visitado os seus soldados -, se não fosse essa circunstância, teria passado despercebida.
Portanto, congratulo-me com a sua intervenção, pois permite aqui tornar público que uma representação do Parlamento português esteve junto dos nossos soldados naquela missão, tornando conhecimento e contacto no terreno da forma como a estão a desempenhar, tendo em conta as suas dificuldades, a sua moral, o seu estado de espírito, e, naturalmente, tratando-se também de um reconhecimento da capacidade das Forças Armadas Portuguesas e da credibilidade que hoje essas Forças Armadas têm no desempenho deste tipo de missões.
É certo que algumas daquelas missões são missões de um risco potencial. Nós acompanhámos as dificuldades com que, diariamente, quer do ponto de vista operacional quer do ponto de vista político, nos confrontamos; tivemos oportunidade de, no terreno, sermos informados do quadro político em que a missão se desenrolava e tivemos, acima de tudo, a possibilidade de constatar que, na sequência de decisões do governo anterior e deste Governo, Portugal, através das suas Forças Armadas, é capaz de desempenhar os seus compromissos internacionais e, assim, credibilizar-se e, ao mesmo tempo, credibilizar o país.
Para finalizar a minha congratulação, Sr. Deputado, quero dizer-lhe também que hoje não se pode falar só deste tipo de missões sem se ter um outro tipo de intervenção. Isto é, é louvável, é importante em termos de presença portuguesa e de cumprimento dos nossos compromissos internacionais, mas muito mais importante do que isso, Sr. Deputado, é que se proceda às reformas urgentes nas Forças Armadas, que se acabe com este clima de instabilidade, de insegurança, de incerteza quanto a carreiras, a missões e a meios.
Gostaríamos, nós, PSD, que, muito rapidamente porventura, já tardiamente, mas mais vale tarde do que nunca -, o Governo se decidisse quanto às Forças Armadas, o que quer das nossas Forças Armadas, o que quer que elas sejam, que tipo de missões devem desempenhar, com que tipo de equipamento.
Essas reformas tardam. É, pois, urgente que o Governo informe o Parlamento, se defina e, acima de tudo, avance num caminho que, a tardar, pode causar danos irreversíveis numa organização (como o senhor sabe muito bem porque é, profissionalmente, militar de carreira, ainda que na situação de reserva) de uma sensibilidade numa área essencial do Estado.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Marques Júnior.

O Sr. Marques Júnior (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado, as minhas palavras são mais para agradecer os comentários feitos pelo Sr. Deputado Cardoso Ferreira, uma vez que, praticamente, não me fez qualquer pergunta.