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18 DE SETEMBRO DE 1998 39

Em nossa opinião, esta decisão, subscrita pelo Governo socialista e em particular pelo Ministro da tutela, Engenheiro José Sócrates, é uma clara e inequívoca falta de respeito pelos homens e mulheres do interior de Portugal e de uma forma especial da região de Viseu. Não poderíamos por isso deixar de manifestar nesta Casa o nosso protesto e transmitir a todos, sem excepção, que a decisão agora tomada é um escândalo.
Ninguém percebe, ninguém consegue explicar, que Viseu, sendo a única cidade do interior candidata à organização de uma fase e tendo todas as condições para levar a efeito um evento desta natureza, tenha ficado de fora, tenha sido excluída e discriminada!
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em tempo, os Deputados do PSD eleitos pelo círculo eleitoral de Viseu enviaram ao Sr. Secretário de Estado do Desporto uma carta na qual manifestavam todo o apoio à organização do Euro/2004 em Portugal e, desde logo, o desejo de ver Viseu integrado nas cidades que poderiam acolher tal organização. Fomos igualmente recebidos pelo Sr. Presidente da Federação Portuguesa de Futebol a quem manifestámos igual intenção. Posteriormente, a Câmara Municipal de Viseu apresentou a sua candidatura junto da Comissão Executiva, dando todas as garantias necessárias à realização deste grande evento.
Estávamos por isso convencidos que a Comissão Executiva teria em conta o facto de Viseu ser a única cidade do interior que manteve a sua candidatura até ao final e que, face às excelentes condições a todos os níveis apresentadas, seria uma das eleitas.
Até porque, em declarações prestadas a um jornal desportivo diário de âmbito nacional em Maio do corrente ano, o Sr. Ministro José Sócrates, em resposta à possibilidade de levar esta prova para a Covilhã, sua terra, e portanto para o interior, dizia, e passo a citar: «Digo-lhe mais: haverá jogos no interior do País, se ganharmos esta organização. Obviamente, teremos de escolher bem esses locais, teremos de ver os estádios, as acessibilidades, os transportes, a hotelaria, e olhar para a realidade; isto é para ter êxito, não é para satisfazer egoísmos nem satisfazer vaidades. A UEFA virá cá ver, antes de optar».

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Pois bem, o Sr. Ministro não cumpriu a sua palavra. O interior não vai ter direito a nada: Covilhã, Bragança, Évora, Campo Maior, Chaves e também Viseu não têm direito ao desenvolvimento, não têm direito ao progresso, não têm direito aos grandes espectáculos.
Enfim, segundo as palavras do Sr. Ministro, em todas estas cidades há egoísmos e vaidades. Como é possível dizer-se isto? Será que não temos o direito de sonhar?
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Infelizmente, o interior não vai ter jogos, no caso de Portugal ganhar a organização do Euro/2004. Foram mais fortes as razões políticas do que as razões técnicas. Senão, vejamos: os critérios e requisitos definidos pela Comissão Executiva e pelo Governo só foram conhecidos por todos nós, público em geral e pelas cidades candidatas, depois de tomada a decisão final. Até ao anúncio formal da escolha dos dez estádios ninguém conhecia os critérios e os requisitos.
Estranho, Srs. Deputados! Onde está a transparência e a igualdade entre todas as cidades candidatas? Porque não foram anunciados antes os critérios? O processo foi inquinado, foi pouco transparente e nada verdadeiro.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A escolha de cidades, ao contrário do que diz o porta-voz da Comissão Executiva, não foi entre Viseu e Aveiro. Nós não estamos a dormir! A escolha, como toda a gente percebeu, era entre Coimbra e Aveiro e alguma destas cidades tinha de ficar de fora. Decidir entre uma e outra era difícil para o Governo do Engenheiro Guterres: os dois presidentes de câmara são socialistas!
Mas o «feitiço virou-se contra o feiticeiro». Foram arranjados requisitos e critérios para procurar justificar as opções tomadas, mas, como podemos ver a seguir, Viseu preenche por completo todas as exigências.
Primeiro: Viseu tem uma excelente localização geográfica e com acessibilidades fáceis e rápidas aos grandes centros urbanos, Lisboa e Porto, mas também a Espanha. Esta era até uma boa oportunidade para fazer a A14, a auto-estrada entre Aveiro, Viseu, Guarda e Vilar Formoso.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Segundo: Viseu tem um clube - o Académico de Viseu - que participa num Campeonato Nacional e com tradição e condições para estar na 1.ª divisão.
Terceiro: Tem público e assistências garantidas, em particular nos grandes jogos. Hoje mesmo, estando numa divisão secundária, tem mais público a assistir aos jogos do que algumas equipas da 1.ª divisão.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Quarto: É uma região que adora o futebol. Recentemente, foi organizada uma fase de qualificação para o campeonato da Europa de Sub-18 e, apesar do mau tempo, o apoio e a presença do público foram verdadeiramente excepcionais. No passado, quando o CAF estava na 1.ª divisão, e mesmo na 2.ª divisão de honra, o Estádio do Fontelo tinha boas receitas de bilheteira.

Vozes do PSD: - É verdade!

O Orador: - Quinto: Viseu tem tradição no futebol e a sua estrutura associativa é a sexta maior do País, em número de clubes e atletas inscritos;
Sexto: É claro para todos que, sendo Viseu uma cidade do interior e tendo em conta o tal critério de desequilíbrio do País, teria naturalmente de ser escolhida de forma a não se tornar ainda maior o fosso entre o litoral e o interior.

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Sétimo: Viseu tem hoje um conjunto de infra-estruturas públicas e privadas de grande nível, a nível hoteleiro e desportivo; existem poucas cidades do País que possuam tais condições e estas foram conseguidas, Srs. Deputados, pelo dinamismo dos autarcas, dos empresários e do trabalho da população. Portanto, nada devem a este Governo socialista.

O Sr. Paulo Pereira Coelho (PSD): - É verdade!

O Orador: - Oitavo: A Câmara Municipal de Viseu, como lhe competia, deu garantias financeiras e apoio quer para a reconstrução do Estádio do Fontelo quer para a

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