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1509 | I Série - Número 037 | 19 de Setembro de 2002

 

peripatético, andando por toda a parte, por todo o mundo e arredores, sempre sob o inesgotável curiosidade e o espírito de descoberta da sua Presidente, Centro ancorado em Lisboa, mas sempre disponível para levantar ferro, através de Portugal e do mundo. E quanto ficamos a dever a esses passeios e ao que eles permitiram de investigação e de conhecimento das nossas coisas!
A Helena era assim, e nessa medida a sua memória não pode deixar de estar bem presente.
No fim dos anos 80, participou na aventura da renovação da UNESCO, momento único em que com Frederico Mayor imaginou um novo modo de olhar a educação, a cultura, a ciência e a comunicação. A burocracia internacional foi tantas vezes mais poderosa, mas o método então lançado não poderá deixar de ser seguido contra a lógica cega dos fundamentalismos do mercado e de uma desregulação globalizada. A educação para todos e a formação ao longo da vida, o apoio à investigação e à ligação da ciência à sociedade - diálogo entre saberes -, a defesa do património e da criação cultural, eis o que não poderá ser esquecido!
Como parlamentar europeia, continuou a sua tarefa incansável de cidadã do mundo! Para além das fronteiras partidárias, Helena Vaz da Silva uniu esforços, reuniu energias, trabalhou activamente, por exemplo com Enrique Barón Crespo, no apoio ao extraordinário projecto do Maestro Menuhin, em prol da educação dos desfavorecidos e do diálogo das culturas. Foi uma cidadã exemplar!
A homenagem desta Assembleia é o reconhecimento do País. Helena Vaz da Silva partiu, mas fica o que fez e os projectos que têm de ser continuados!
Do seu entusiasmo, d seu gosto de viver, da permanente curiosidade, da inteligência, da capacidade de compreender o novo e o moderno jamais nos esquecermos!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Honório Novo.

O Sr. Honório Novo (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, tive o privilégio pessoal e a honra de ter conhecido Helena Vaz da Silva quando ambos desempenhávamos o cargo de Deputados ao Parlamento Europeu, durante a legislatura que mediou entre 1994 e 1999.
Tive, finalmente, a oportunidade pessoal de conhecer e de privar com uma mulher que, para mim, e independentemente das diferenças de opinião, sempre constituiu uma referência de cultura e uma referência de acção e de intervenção cívica.
Tive então a oportunidade e, volto a sublinhar, a honra e o privilégio de conhecer aquela que, ao longo da sua vida, jamais se cansou de inovar e de construir e reconstruir projectos, em O Tempo e o Modo, na revista Concilium, na Raiz e Utopia, na Unesco, no jornalismo, no Centro Nacional de Cultura, enfim, num sem número de projectos a que deu corpo e a que se entregou incontornavelmente de uma forma plena e apaixonada.
O convívio fez-me confirmar que Helena Vaz da Silva era, de facto, uma mulher com uma cultura ímpar, com uma capacidade de trabalho invulgar, com uma frontalidade inflexível, mas perfeitamente e plenamente leal, enfim, uma mulher com uma capacidade de dialogar e de estabelecer pontes e ligações quase inexcedível! É esta a imagem mais rica que guardo de Helena Vaz da Silva, apesar, sublinho e repito, das dissonâncias que tivemos e que sempre assumimos da tal forma transparente mas leal.
A sua morte prematura corta definitivamente um caminho que a personalidade e a capacidade de Helena Vaz da Silva iria certamente continuar a percorrer e ao longo do qual certamente nos iria surpreender.
Por isso, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, associo-me ao voto de pesar lido pelo Sr. Presidente da Assembleia da República e exprimo o mais profundo pesar pela morte desta mulher de cultura, apresentando e endereçando à família as sentidas condolências do Partido Comunista Português.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Diogo Feio.

O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A morte de Helena Vaz da Silva representou para o País a enorme perda de uma das suas mais ilustres cidadãs.
Persistente e criativa, dotada de uma inteligência brilhante e de um espírito crítico que exercitava com raro sentido de independência, era senhora de uma enorme energia que sempre soube colocar ao serviço da cultura portuguesa. Demonstrando uma capacidade de trabalho por todos reconhecida, possuía a qualidade notável de conseguir unir nos projectos em que se empenhava pessoas das mais diversas sensibilidades, transmitindo-lhes o entusiasmo e o dinamismo que imprimia a tudo o que fazia.
O seu modo de estar foi por muitos caracterizado, e aliás bem, por um espírito infatigável, mas sempre acompanhado pela cordialidade no trato, que aqueles que tiveram a oportunidade de a conhecer e com ela privaram puderam testemunhar.
Correspondente de línguas, jornalista, co-fundadora de várias publicações, administradora do Centro Nacional de Cultura, Vice-Presidente do Instituto Português de Cinema, membro da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, Presidente da Comissão Nacional da UNESCO, Deputada ao Parlamento Europeu, era desde 1979, Presidente do Conselho Nacional de Cultura e recentemente do Grupo de Trabalho sobre o Serviço Público de Televisão.
Não é possível, isso seria sempre redutor, escrever aqui, mesmo que resumidamente, o percurso humano e profissional desta figura incontornável da cultura portuguesa que, ao longo da vida, se envolveu em múltiplos projectos. Mas em todas estas funções e em tantas outras que desempenhou deixou marca indelével de uma personalidade humanista, rica inteligência, rigor e equilíbrio.
O Grupo Parlamentar do CDS inclina-se perante a memória de Helena Vaz da Silva, presta-lhe a sua sentida homenagem e manifesta o seu profundo pesar pela morte desta ilustre cidadã!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Guilherme Silva.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tenho de Helena Vaz da Silva a memória de uma personalidade simples, como é timbre de pessoas de grande elevação e de grande craveira, como era o seu caso.
Não é possível falar de cultura em Portugal nas últimas duas dezenas de anos sem associar, de forma muito clara, o nome de Helena Vaz da Silva.
Mas se é realmente na cultura, nas suas várias manifestações bem patenteadas nos seus projectos e nas manifestações

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