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7 | I Série - Número: 085 | 17 de Maio de 2008


todas as previsões, desde o Banco de Portugal à Comissão Europeia, o Governo fez como a avestruz e recusou-se, teimosamente, a reconhecer as evidências e a rever atempadamente as suas previsões.
Mas não venha agora o Governo «sacudir a água do capote» e atribuir a outros a responsabilidade única deste enorme trambolhão! Quem, ontem, jurou a pés juntos a robustez da economia nacional não pode, hoje, alijar responsabilidades.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. Honório Novo (PCP): — Não foi a crise financeira que aprovou uma previsão de crescimento de 2,2% e uma taxa de inflação de 2,1%, que o Governo anda a anunciar há sete meses! Repito: há sete meses!! Não é a crise financeira que permite a manutenção da escalada de preços dos combustíveis em Portugal, sem paralelo no contexto europeu! Não é a crise financeira que faz com que o investimento público em Portugal neste ano e o que está previsto nas Opções do Plano para 2009 se mantenha em níveis completamente inaceitáveis e totalmente divorciados das reais necessidades da economia nacional!

O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!

O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Deputados: O mínimo que o País esperava era que o Governo, depois do acto de contrição de ontem, tivesse tomado a iniciativa de vir hoje aqui reconhecer os erros e anunciar as medidas para dinamizar a economia e repor o poder de compra dos trabalhadores.
Esperava-se que o Governo viesse aqui hoje anunciar uma intervenção forte, que controlasse os preços e que impedisse a escalada especulativa e a concertação de preços dos combustíveis que está, há vários anos — pode dizer-se! —, a penalizar a economia nacional.
Hoje, a vida mostra que o PCP tinha razão quando disse que a liberalização dos combustíveis não baixaria os preços, antes permitiria maximizar os lucros das petrolíferas. Hoje, estes grupos económicos ganham a «dois carrinhos», porque, mesmo que aumente muito o preço do barril do petróleo em dólares, tem aumentado muitíssimo menos o seu preço em euros e porque contam com a passividade do Governo, que não lhes controla os lucros nem lhes impede a cartelização.
Esperava-se que o Governo viesse aqui hoje anunciar uma posição clara, devidamente articulada a nível europeu, para fazer baixar as taxas de juro e criar condições mais favoráveis para o crédito às micro e pequenas empresas e para diminuir o esforço das famílias, que se afogam, literalmente, nas prestações dos empréstimos das habitações.
Esperava-se que o Governo tivesse vindo aqui hoje anunciar, sem repetir actos de propaganda nem declarações virtuais, um forte reforço do investimento público e uma utilização acelerada e antecipada dos financiamentos do QREN.
Esperava-se que o Governo viesse aqui hoje repor a justiça e pedir desculpa aos funcionários públicos e aos reformados deste País, anunciando um aumento extraordinário dos salários e das pensões e reformas e corrigindo a inflação mentirosa de 2,1%, com que o Governo decidiu os aumentos para este ano.

O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!

O Sr. Honório Novo (PCP): — Pela parte do PCP temos uma iniciativa legislativa, que irá ser discutida dentro de poucos dias e que, a par da diminuição da taxa do IVA para 19%, actualizará os escalões do IRS de acordo com a inflação próxima da real.
Não podemos aceitar que todos aqueles que, anos a fio, em governos do PSD/CDS e, agora, do PS, sofreram na pele e na carne as consequências das obsessões orçamentais do Pacto de Estabilidade sejam de novo penalizados, quando o então famoso défice está bem abaixo de 3%!! É, assim, fundamental, Sr. Ministro e Sr.as e Srs. Deputados, que este debate coloque na ordem do dia a necessidade imperiosa de diminuir as consequências sociais gravíssimas do sistemático e brutal aumento do