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53 | I Série - Número: 067 | 16 de Abril de 2009

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Alda Macedo, agradeço a questão que coloca.
É evidente que a situação que se vive na Yasaki Saltano e na Qimonda exige, por parte desta Assembleia da República, uma forte preocupação.
Os impactos sociais do encerramento ou da deslocalização destas empresas são demasiado graves para que fiquemos indiferentes a esta realidade.
A verdade, respondendo à sua pergunta, é que não se vê qualquer medida no plano concreto. Temos um anúncio de boas intenções por parte do Governo, que está preocupado, que está a envidar todos os esforços, mas, no plano concreto, não se sente, não se vê uma medida que seja para inverter um caminho preocupante para o futuro daqueles distritos e para os trabalhadores.
Quanto à confiança que podemos ter neste Governo, terá confiança a banca e os grandes grupos financeiros, que lidam bem com o Governo e que vêem medidas serem aprovadas de um dia para o outro para se salvarem, mas não existem medidas de criação e de manutenção do emprego.
É preciso ser exigente, sim, com quem abandona o nosso país e acumulou riqueza à custa da riqueza produzida pelos trabalhadores e também dos apoios de que beneficiou. Mas, nessas situações concretas, o que importa transmitir aos trabalhadores é que a Qimonda tem «pernas para andar», que a Qimonda tem condições para ser viável, sendo preciso encontrar uma solução, no plano nacional e internacional, que salvaguarde os postos de trabalho. Não bastam a retórica e as boas intenções, é preciso haver medidas concretas para que isso aconteça. E não temos confiança alguma no Governo — até agora não pudemos ter — porque, no plano das medidas concretas, como disse na minha intervenção, o resultado é zero. Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Ao abrigo dos n.os 2 e 3 do artigo 76.º do Regimento, que confere a cada Deputado o direito a proferir uma intervenção por cada sessão legislativa, pelo período máximo de 10 minutos, não contabilizável no tempo do seu grupo parlamentar, tem a palavra o Sr. Deputado Ventura Leite.

O Sr. Ventura Leite (PSD): — Sr. Presidente Sr.as e Srs. Deputados: Utilizo este dispositivo regimental porque pretendo fazer uma abordagem da minha exclusiva responsabilidade sobre a crise que afecta o País e sobre o que entendo deverem ser as linhas de força de uma estratégia para a ultrapassar, sem vincular o meu grupo parlamentar.
Como sabemos — e ainda ontem o Banco de Portugal veio confirmá-lo — , a economia portuguesa sente hoje duramente os efeitos de uma devastadora recessão económica mundial, agravada por uma crise financeira global sem precedentes. Todavia, não é particularmente da crise internacional que decidi falar-vos.
Normalmente, quando alguém critica as nossas insuficiências ou dificuldades, há sempre um político a lembrar-nos que isso é pessimismo, porque, na realidade, o País tem registado um progresso notável ao longo das últimas três décadas. Há verdade nisso, mas vejamos também o nosso progresso em comparação com outros países.
Peço-vos, por isso, a vossa atenção para o seguinte quadro: a linha superior deste quadro mostra a evolução do PIB per capita (em paridade do poder de compra) no conjunto dos 30 países da OCDE.
A linha inferior, a azul, mostra a evolução registada pelo nosso País, e o que vemos é que, apesar da nossa evolução positiva, temos visto os nossos parceiros afastarem-se de nós de forma contínua ao longo de quase três décadas, independente de governos ou até da entrada de Portugal na CEE.
Mas isto não é tudo. Vejam, por favor, o quadro seguinte: o que temos aqui é a evolução comparativa, entre 1997 e 2007, do PIB com o endividamento conjunto do Estado, das empresas e das famílias.
Fazendo as contas, verificamos que, em apenas dez anos, o endividamento total cresceu 2,7 vezes, enquanto o PIB cresceu apenas 1,6 vezes.
Isto é, os recursos à disposição do País não se traduziram em aumento proporcional da capacidade produtiva e da competitividade da economia nacional.
Se o PIB tivesse evoluído proporcionalmente ao endividamento, hoje teríamos um PIB per capita — imaginem! — superior ao da Alemanha ou ao do Japão!

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