31 | I Série - Número: 057 | 26 de Fevereiro de 2011
O Sr. Adão Silva (PSD): — Tenho aqui os números!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Pois os números do Instituto de Emprego e Formação Profissional dizem que teve 100! Como é que o PSD afirma coisas destas?! O programa INOV-JOVEM tem 5252 jovens, o programa INOV-Social, que visa colocar jovens em instituições de solidariedade social, tem 1050 jovens. Isto é fazer alguma coisa pelos jovens! Isto não é gritar, não é retórica vazia e inconsequente, é fazer alguma coisa pelos jovens! Perguntar-me-á: isso resolverá o problema? De uma coisa tenho a certeza: este é um passo na direcção certa; isto significa dar um contributo para melhorar a vida de muita gente.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, afirma, e bem, que a crise do capitalismo tem uma dimensão planetária, mas o grande problema é que, em Portugal, é pior, é mais grave.
Tendo em conta, hoje, o grau de destruição do nosso aparelho produtivo, da nossa produção nacional, com reflexos na questão de fundo, que é o desemprego, estamos pior, por isso, não faça comparações com o que não é comparável, Sr. Primeiro-Ministro! Nesse sentido, gostaria também de fazer um reparo. Na sua intervenção, Sr. Primeiro-Ministro, leu rapidamente um parágrafo sobre a execução orçamental e a redução do défice, que é uma questão interessante e de fundo. Sr. Primeiro-Ministro, importava-se de dizer à custa de quê e de quem foi feita essa redução? Se não puder dizer, pois já dispõe de pouco tempo, eu avanço com a resposta: foi feita à custa dos salários, á custa do congelamento das pensões e das reformas, do aumento dos impostos,»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — » dos cortes de abonos de família e de apoios sociais. Foi aí que conseguiu essa redução.
Sr. Primeiro-Ministro, gostaria de colocar-lhe um outro elemento, aliás, já aqui abordado, que demonstra — porque é importante que isto hoje fique claro — que o argumento, usado sistematicamente, de que os sacrifícios seriam para todos foi um embuste, porque a verdade é que o não foram; foram para aqueles que vivem dos rendimentos do seu trabalho, para quem vive da sua reforma e da sua pensão.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Vou dar um exemplo em relação aos impostos, chamando a sua atenção, Sr. Primeiro-Ministro, para este caso escandaloso da PT. A PT teve um lucro de 5672 milhões de euros por causa da Vivo, como sabe, aumentando os seus lucros 8,3 vezes, mas é espantoso como, em termos de impostos, vai pagar menos de metade do que pagou em 2009,»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Um escândalo!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — » ou seja, vai pagar apenas 78 milhões de euros, quando pagou 186 milhões de euros em 2009.
Sr. Primeiro-Ministro, este é um exemplo concreto de que andou a enganar os portugueses quando afirmava dessa tribuna, sistematicamente, que os portugueses tinham de compreender as dificuldades e que os sacrifícios seriam para todos. Não, Sr. Primeiro-Ministro, os lucros são transformados em bezerros de ouro intocáveis, enquanto aqueles que vivem dos rendimentos do seu trabalho, da sua reforma e da sua pensão estão a pagar com «língua de palmo» aquilo que o Governo decidiu, com o apoio do PSD.
Responda, Sr. Primeiro-Ministro, e, pelo menos, cale para sempre isso de os sacrifícios serem para todos!