34 | I Série - Número: 057 | 26 de Fevereiro de 2011
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro: O senhor está sempre desejoso que as pessoas tenham a memória curta. Nesse sentido — e já foi denunciado neste debate — , vem apresentar medidas velhas, que já foram inúmeras vezes anunciadas antes mas não concretizadas.
Denunciada a questão ao longo do debate, o Sr. Primeiro-Ministro, a partir de uma determinada altura, mudou de estratégia e disse que essas medidas dão muito bom resultado. Ora, o resultado dessas suas medidas, e de outras que tem tomado, é que a taxa de desemprego dos jovens é de 23%, o dobro da taxa de desemprego nacional; a taxa de desemprego de longa duração dos licenciados aumentou, de 2006 até à data, 89,8%, ou seja, quase 90% desde que o senhor é Primeiro-Ministro. Que lindos resultados, não é, Sr.
Primeiro-Ministro? Assim se prova, com esta realidade concreta — os números não são meus, são do INE — , que o Sr.
Primeiro-Ministro trabalha para hipotecar o País, assim se prova, também, que o Sr. Primeiro-Ministro trabalha para iludir os portugueses. Mas não, Sr. Primeiro-Ministro! Já ninguém cai na sua esparrela.
Até vou dar outro exemplo. O Sr. Primeiro-Ministro, aos microfones, faz sempre os discursos que lhe convêm, mas quando fala baixinho, às vezes, fala verdade.
O Sr. Primeiro-Ministro, há poucos dias, foi colocar a primeira pedra na barragem do Tua, e fez um discurso. Entretanto, o que sabemos é que esta primeira pedra é a primeira pedrada na linha ferroviária do Tua, é uma pedrada na navegabilidade do Douro, é uma pedrada no Alto Douro Vinhateiro.
Mas o que se passaria na cabeça do Sr. Primeiro-Ministro?
Pausa.
Agora, vou apanhar uns papéis que deixei cair, porque são importantes.
O Sr. Horácio Antunes (PS): — Aos papéis anda e há muito tempo!
Risos.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — O que ao Sr. Primeiro-Ministro talvez passasse pela cabeça foi o que disse quando se deslocou à barragem do Tua — aliás, num diálogo interessantíssimo entre José Sócrates e António Mexia.
Neste momento, a oradora exibiu fotocópias de imagens impressas.
Diz António Mexia: «Mas isto já tem uma obra significativa». Responde José Sócrates: «Tem, tem!», acrescentando: «Agora, só falta aqui é cimento». Diz António Mexia: «Está quase!» e responde José Sócrates: «Exactamente!».
É um diálogo tão revelador e tão «tramado», não é, Sr. Primeiro-Ministro?
Aplausos de Os Verdes e de Deputados do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, a senhora demorou muito, lá em casa, a ensaiar esse «número»?
Aplausos do PS.
Risos
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não, não!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se o ensaiou, precisa de um bocadinho mais de ensaio.