63 | I Série - Número: 067 | 24 de Março de 2011
Vem o Governo proclamar, em nome do interesse nacional e da acalmia desses sujeitos todo-poderosos e chamados mercados, que não passam dos megabancos, que este PEC evita o recurso à ajuda externa.
Era bom saber se, afinal, essa ajuda vinda do Fundo Europeu ou do FMI é uma ajuda ou é uma ameaça.
Obviamente, é uma ameaça e obteve uma vitória nessa cimeira europeia.
Que vitória é essa quando, nessa cimeira, o que se propõe é mais e mais sacrifícios ao povo português, quando se perspectiva a alienação de novas parcelas de soberania, se o Governo PS — sublinho, PS — aceita e avaliza a declaração de guerra aos trabalhadores e aos povos dos países economicamente mais vulneráveis e a institucionalização dos dogmas do neoliberalismo pela via da chamada governação económica e do rebaptizado pacto do euro que amanhã vai estar em cima da mesa do Conselho Europeu? Com o apoio do PSD e do CDS, diga-se!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — A propósito do PSD, uma observação: demarca-se deste PEC com o argumento de quem tem autoridade que resulta da viabilização de todos os PEC anteriores e das gravosas medidas do Orçamento do Estado. Ora, isso não dá autoridade mas co-responsabilização e cumplicidade naquilo que hoje mais dói aos portugueses!
Aplausos do PCP.
E mesmo agora, no seu projecto de resolução, é farto na análise e na crítica mas muito estéril quanto às medidas alternativas. Não diz porque não quer que se saiba, não vão os portugueses perceber que «saltando da frigideira correm o risco de cair no lume».
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Com franqueza, afirmava a Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite que o conteúdo das medidas pouco importa, o que importa é quem as executa.
Errado, Sr.ª Deputada! Ao reformado, que vê a sua reforma congelada, ao trabalhador desempregado, ao trabalhador que vê o seu salário cortado, interessa o facto em si e a medida, independentemente da crítica e da luta que faz contra quem a executa!
Aplausos do PCP.
O Primeiro-Ministro Josç Sócrates diz que se vai embora,»
O Sr. António Filipe (PCP): — A bem dizer, ele já cá não está!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — » que o Governo se demite se o PEC não for aprovado. Outra vez a chantagem, outra vez a armar-se em vítima quando quem está a ser vitimado e injustiçado é a maioria do povo português. Diz que quer ir embora, não porque não consegue vencer uma boa causa, mas porque não consegue fazer vingar uma malfeitoria.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Vem pôr o dilema: ou este PEC, com estas medidas, ou será o caos e o desastre nacional. É um falso dilema.
Por que é que tem de ser este PEC com todas estas medidas e não outras? Se é o próprio Governo, mesmo a contar com este PEC, a admitir que vai haver recessão e mais desemprego, então, para além da mudança de Governo, a questão nuclear reside na necessidade urgente de uma ruptura com a política de