26 | I Série - Número: 069 | 26 de Março de 2011
Que maior deslealdade institucional pode haver do que anunciar uma crise ao País sem antes informar o Presidente da República? Esse, sim, é um processo irreversível, com consequências muito graves para o País.
Os primeiros sinais aí estão. Os juros da dívida estão a subir»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Já estão a subir há muitos meses!
O Sr. Miguel Freitas (PS): — » e o rating da República sofreu um corte. O País já começou a pagar a irresponsabilidade desta crise.
Mas, nestes primeiros dias, soube-se mais. O líder do PSD foi a Bruxelas aceitar aquilo que rejeitou em Portugal.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso é verdade!
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Afinal, esta crise nada tinha a ver com o PEC. Não restam dúvidas! Esta crise é aberta pela sede do Dr. Passos Coelho ir ao «pote», como todos se lembram, aquilo que ele disse que não queria fazer.
Aplausos do PS.
Mas sabe-se mais: sabe-se que, afinal, o Dr. Passos Coelho vai fazer aquilo que dizia ser visceralmente contra, aumentar os impostos. E logo o aumento do IVA, que ele há bem pouco tempo considerava o mais injusto dos impostos. Que boa notícia para a produção nacional! Para lá da deslealdade institucional para com o Sr. Presidente da República, fica a saber-se que o Dr.
Pedro Passos Coelho diz uma coisa e quer fazer outra. Diz uma coisa em Bruxelas e faz outra em Portugal.
Diz uma coisa na oposição e faz outra se vier a governar.
Protestos do PSD.
É neste cenário que os senhores querem discutir, nesta Assembleia da República, como defender a economia e a produção nacional.
Para nós, Srs. Deputados, defender a produção nacional é manter a credibilidade em Portugal, a credibilidade na nossa economia e na nossa capacidade de cumprir compromissos, a credibilidade nas nossas instituições e nas empresas portuguesas.
Para nós, defender a economia e a produção nacional é evitar a entrada do FMI. E os senhores, de «mão dada», criaram as condições para que o FMI pudesse entrar em Portugal.
Aplausos do PS.
Os senhores são os responsáveis por terem disparado os níveis de desconfiança com que hoje nos olham os mercados e os parceiros europeus e por ter aumentado o risco de ajuda externa.
Se o FMI entrar em Portugal, não deixaremos de vos lembrar a vossa responsabilidade pela redução do investimento público, a vossa responsabilidade na dificuldade de financiamento do sector empresarial do Estado e das nossas empresas e a responsabilidade no aumento do desemprego.
Para nós, Srs. Deputados, defender a economia e a produção nacional é manter um sistema financeiro estável, capaz de apoiar o esforço de investimento das nossas empresas. Para nós, defender a economia e a produção nacional é ter serviços públicos de qualidade e simplificar a vida das empresas.
Se o nosso sistema financeiro claudicar por dificuldades acrescidas de financiamento, não deixaremos de vos lembrar a vossa responsabilidade. Se os serviços públicos se degradarem e as empresas tiverem a sua vida dificultada, não deixaremos de vos lembrar a vossa responsabilidade. A vossa, de todos aqueles que, de «mão dada», atiraram o País para a crise.