17 DE MARÇO DE 2012
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O PS-Madeira, em carta enviada ao Sr. Primeiro-Ministro, considerou que o Governo da República poderia
evitar uma negociação centrada unicamente na opinião do Governo Regional, aliás, muito discutível e pouco
geradora da confiança que se impõe num processo desta natureza. Mas, na verdade, o Governo sujeitou a
totalidade dos madeirenses a uma austeridade, em que um dos lados é composto, apenas, pelos principais
responsáveis pela situação crítica das finanças da Madeira que, há 38 anos, governam a Região com maiorias
absolutas e ininterruptamente. Ouvir todas as sensibilidades políticas teria sido o caminho mais adequado do
ponto de vista das soluções a encontrar no quadro do plano de ajustamento e seria também o mais justo, pois,
como se pode constatar, esta proposta de lei vem a contente das políticas irresponsáveis, despesistas,
injustas e sem critérios claros na distribuição da riqueza, gerada com o trabalho de todos os madeirenses e
porto-santenses. Ou seja, os responsáveis pelas políticas erradas, há quase quatro décadas, continuarão com
as mesmas políticas esbanjadoras e de manutenção dos interesses instalados, enquanto o simples cidadão é
convocado a pagar esta pesada carga fiscal, com as previsíveis consequências no aumento da pobreza, das
falências e do desemprego, atendendo à economia de uma Região insular que depende, particularmente, do
turismo, da restauração e do consumo. Além destas questões, existem ainda as que se prendem com o
princípio da continuidade territorial e o Estatuto das Regiões Ultraperiféricas (RUP) que exigem do Estado uma
discriminação positiva na carga fiscal para fazer face aos naturais e intransponíveis problemas dos custos da
insularidade, exigência que não está, com a presente proposta de lei, a ser respeitada pelos órgãos de
soberania do Estado.
Assim, por todas as razões acima referidas, votei contra a referida proposta de lei.
O Deputado do PS, Jacinto Serrão.
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Votei contra a proposta de lei n.º 48/XII (1.ª), porque considero que este aumento de impostos, a que o
Governo Regional se comprometeu com o Estado, no Programa de Ajustamento Financeiro da Madeira, não é
suportável pelas famílias e empresas da Madeira.
É evidente que há uma dívida para pagar, um descontrolo da despesa e um grande desequilíbrio nas
finanças públicas regionais. Só que defendi e defendo, que o Plano de Equilíbrio Orçamental da Região
deveria ser realizado do lado da despesa que é excessiva e, tanto quanto possível, evitando aumento de
impostos. A opção foi outra, e passa pelo aumento de todos os impostos e, particularmente, do IVA.
A carga fiscal na Madeira vai subir 25%, o que é incomportável para os madeirenses e porto-santenses e
conduzirá a já frágil economia regional a mais recessão e mais desemprego. Este é o resultado da má
governação do PSD na Madeira nos últimos 10 anos. Com este aumento de impostos, fica também em causa
a correção das desigualdades derivadas da insularidade e o princípio da continuidade territorial que vinham
sendo assegurados por via da diferenciação fiscal que agora termina. Receio, também, que este excesso de
carga fiscal possa ter um efeito contrário ao pretendido. Isto é, a receita poderá ficar muito aquém do
estimado, tendo em conta a menor atividade económica e a redução do consumo interno, e a despesa pode
crescer, fruto do aumento do desemprego e das prestações sociais.
Não acredito na exequibilidade deste Programa de Ajustamento Financeiro da Madeira, nem no
cumprimento do objetivo enunciado de «garantir a sustentabilidade das finanças públicas regionais» e,
sobretudo, receio pelas suas consequências na economia e na sociedade madeirense. Não tardará o dia em
que o plano terá que ser revisto, porque a realidade vai sobrepor-se à ilusão.
O Deputado do CDS-PP, José Manuel Rodrigues.
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Nota: A declaração de voto anunciada pela Deputada do PS Isabel Oneto não foi entregue no prazo
previsto no n.º 3 do artigo 87.º do Regimento da Assembleia da República.
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