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21 DE SETEMBRO DE 2012

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Mas porquê ficarmo-nos por aqui? Numa era em que a palavra de ordem deve ser a «maximização de

recursos», sem esquecer o mote universal dos «direitos dos outros», apela-se à criação legislativa para

colmatar as lacunas existentes nesta área, nas suas componentes estruturais e funcionais.

Há que arrebatar este setor específico de turismo e também um outro grupo muito maior, que, mais do que

nunca, escolhe hoje os seus destinos com base nos acessos e facilidades que estes têm para oferecer. Este

grupo é nada mais nada menos do que o das «pessoas com mobilidade reduzida», no qual se incluem

crianças, idosos, pessoas obesas ou temporariamente incapacitadas e que, segundo as últimas estimativas,

engloba 60% da população da zona da OCDE. É um potencial de mercado esmagador, que não pode ser

ignorado!

Até aqui, as iniciativas nesta área têm sido, sobretudo, localizadas, fomentadas por câmaras, entidades

privadas ou entidades regionais de turismo.

A figura do turista é, hoje em dia, a de alguém pragmático, que sabe ao que vai, visando tirar partido do

maior número de experiências com o mínimo de interferências possível.

Os «viajantes portadores de deficiência» ou as «pessoas com mobilidade reduzida» não são exceção.

Naturalmente, por serem turistas com necessidades muito específicas, a oferta de um «turismo acessível»,

padronizado nos seus critérios, articulado entre os diversos agentes, torna-se ainda mais premente à luz do

mundo atual e propõe uma vantagem decisiva, em comparação com outros destinos turísticos.

O nosso dever transcende a própria frieza da economia. É no próprio ADN do nosso povo, na nossa matriz

hospitaleira, que vamos encontrar uma profecia ainda por cumprir.

Apesar de todos os esforços, a igualdade de direitos e oportunidades para todos, 38 anos depois, parece

ainda longínqua. Na «Quinta dos Portugueses» são todos iguais — sim! —, mas ainda há uns que são mais

iguais do que outros.

Longe vão os dias em que as pessoas com deficiência existiam apenas como justificação para a caridade

de uns quantos. Os avanços do humanismo e da própria tecnologia vieram mudar radicalmente esta visão.

O País deve apostar no turismo acessível, não apenas porque é o próximo «El Dorado». Embora a mera

designação de «turismo acessível» não faça jus ao alcance desta iniciativa, a criação de políticas transversais

nesta matéria, que sirvam para estimular as iniciativas já em curso, assim como para fomentar um crescimento

sustentável nesta indústria, significam um benefício para todos.

É este um dos casos em que o Estado deve, verdadeiramente, apontar o caminho e não apenas esperar

que o «comboio» passe. A competição é mais feroz do que nunca e o Governo só tem de seguir o caminho do

seu próprio Programa.

Se queremos embarcar nesta aventura, devemos fazê-lo agora, no ponto de partida, precisamente no

instante em que os afetos se consolidam entre estes novos «peregrinos» do século XXI e o País que se dispõe

a recebê-los.

Quanto ao resto, deixemos que a nossa hospitalidade, riqueza cultural e diversidade paisagística sejam as

amarras que os trarão de volta, uma e outra vez, por muitos anos a vir.

E, depois, agora e sempre, há a implacabilidade dos números: 1570 milhões de euros é o valor dos lucros

anuais obtidos pela Alemanha, só neste setor de mercado.

Podem trasladar o nosso parco dinheiro para Berlim, para Frankfurt ou para Bruxelas, o que nunca poderão

trasladar são as nossas praias da Costa Vicentina e os «Vales do Douro», os nossos «Conventos de Mafra» e

as «Furnas de São Miguel», porque, aí, nós, já estamos a ganhar!

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem, agora, a palavra, também para uma intervenção, o Sr.

Deputado Hélder Amaral.

O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Começo por fazer minhas as

palavras do meu colega Mendes Botas e, obviamente, acrescentar a motivação do CDS e até cumprimentar o

Partido Socialista, porque me parece que, mais uma vez, sobre esta matéria, haverá um amplo consenso

nesta Câmara.

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