I SÉRIE — NÚMERO 72
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos proceder à votação do voto n.º 118/XII (2.ª) — De pesar pelo
falecimento de Óscar Lopes (PCP, PS, PSD, BE e Os Verdes).
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, segue-se o voto n.º 119/XII (2.ª) — De pesar pelo falecimento de João Honrado (PCP),
que também vai ser lido pelo Sr. Secretário.
O Sr. Secretário (Jorge Machado): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, o voto n.º 119/XII (2.ª) é do
seguinte teor:
«João António Honrado nasceu em 1929 em Ferreira do Alentejo e faleceu no passado dia 22 de março em
Beja.
Aderiu ao Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD Juvenil) em 1947. Preso em Abril desse ano,
foi de novo preso em janeiro de 1949, já ligado ao PCP, durante a campanha eleitoral de apoio ao candidato
das forças democráticas, Norton de Matos.
Em dezembro de 1955, passou à clandestinidade como funcionário do PCP, e nessa qualidade dirigiu as
lutas do sector estudantil de Coimbra em 1958/1962 e as greves operárias e dos pescadores da região do
Porto. Novamente preso em 1962 e em 1974, saiu em liberdade com o 25 de Abril, contando um total de 12
anos e meio de prisão nas masmorras da ditadura fascista.
Esteve preso no Aljube, em Caxias e Peniche e também na Cadeia Penitenciária de Lisboa. Nas prisões
lutou contra a ditadura fascista, nomeadamente contra as condições prisionais, tendo organizado
levantamentos de rancho e greves de fome.
O seu nome está entre outros pelos quais se desenvolveram campanhas de solidariedade com os presos
políticos.
Fica também como registo histórico fundamental a defesa que João Honrado escreveu na cela de Caxias e
apresentou perante o tribunal fascista em março de 1963, defesa escrita em dezenas e dezenas de pequenos
papéis "em letra miudinha e em pouquíssimo tempo, não fossem os guardas irromper pela caserna fora" como
o próprio afirmou numa entrevista.
Depois do 25 de Abril, João Honrado fez parte da Comissão de Extinção da PIDE/DGS e foi Deputado à
Assembleia Constituinte.
João Honrado assumiu durante anos a direção do jornal Reforma Agrária. Foi um dos democratas que, em
1980, levou os municípios do distrito de Beja a organizarem-se em associação e a adquirirem o título do Diário
do Alentejo, salvando o jornal da falência.
Em Beja, fundou com outros democratas a Cooperativa Cultural Alentejana e o jornal Alentejo Popular.
A Assembleia da República expressa à família de João António Honrado, bem como ao seu partido, o
Partido Comunista Português, sentidas condolências.»
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto n.º 119/XII (2.ª) — De pesar pelo falecimento de
João Honrado (PCP)
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, em razão dos dois votos de pesar que acabámos de votar, vamos guardar 1 minuto de
silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Segue-se a votação projeto de resolução n.º 651/XII (2.ª) — Deslocação do Presidente da República à
Colômbia e ao Perú (Presidente da AR).
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.