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I SÉRIE — NÚMERO 15

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uma coisa será verdade: ficarão libertos muitos documentos, muitas informações que agora estão protegidos

pelo chamado «segredo de justiça».

Por isso digo, e para terminar, Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados, que este relatório de conveniência

não vai resistir à prova do tempo. E até direi mais: não resistirá por muito tempo.

Aplausos do BE.

Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente António Filipe.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Magalhães.

O Sr. José Magalhães (PS): — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Este inquérito reforçou a nossa

admiração pelos homens e mulheres que servem nas nossas Forças Armadas. Pela forma como fazem

verdadeiros milagres com o equipamento que o Estado lhes confia julgamos que merecem o apreço de todos

nós e uma calorosa salva de palmas.

Aplausos do PS e de Deputados do PSD e do CDS-PP.

Valeu a pena inquirir o que correu mal nas aquisições.

Poderão ver os documentos e os debates na Internet. Reconhecemo-nos inteiramente na posição comum

sobre o inquérito inacabado, assinada pelos Deputados socialistas, comunistas e do Bloco de Esquerda.

Srs. Deputados, o relatório final não finaliza nada. E é um relatório «fio dental»: não tapa absolutamente

nada!

Aplausos do PS.

Nada mais diria não fosse o facto de ter três notícias boas para a descoberta da verdade. Resultam de

casos posteriores ao encerramento apressado do inquérito e que são, eu diria, três torpedos contra a mentira.

Torpedo 1.

Impediram-nos de investigar as malfeitorias da Espírito Santo Commerce (as Escom). E como vos

percebemos, Srs. Deputados, agora que sabemos coisas como estas:

Para adiantar comissões e luvas a Escom pediu, em 15/9/2004, um empréstimo, creditado em nome da

Escom Ltd., na conta 903021800008, do BES Offshore da Madeira e, no mesmo dia em que chegou, uma

tranche de 8,5 milhões foi transferida para uma conta da AFREXPORT.

Da AFREXPORT, o dinheiro passou para contas dos irmãos Horta e Costa e outros gestores da Escom,

com heterónimos bancários criativos, tipo Gamola Associates do Belize, 978 000; Robinson Consultants (outro

heterónimo) 1 milhão. E, como a imprensa felizmente revelou, 1 milhão para cada clã Espírito Santo e a

famosa sexta pessoa também encaixou.

Soubemos também que a Escom não recebeu só 30 milhões dos alemães. Contraiu dois empréstimos

junto da BES Cayman para poder ter 18 837 500 euros, que foram creditados na UBS Investment Bank AG,

em Zurique. O destinatário final foi o Feltree Investment Fund, com o qual tinham feito um acordo.

Esta gincana de offshores, esta quantidade de fontes de dinheiro, visou baralhar e conseguiu empecilhar os

investigadores portugueses. É um facto! A Ferrostaal pagou 30 milhões em dezembro de 2004, mas antes —

coisa que muito deve ter deixado perplexos os investigadores — já a Escom pagava comissões e luvas a

quem tinha — aspas, aspas — «direito a elas». Quanto à sexta pessoa, Srs. Deputados, se dorme em paz é à

custa de soporíferos. E vai ter de tomar mais, face à novidade seguinte.

A segunda novidade vem de Munique.

Em 5 de julho de 2002, aproveitando uma ida do Primeiro-Ministro Barroso à Fundação Hann-Seidel, em

Munique, o Cônsul Honorário Jürgen Adolff organizou um almoço que permitiu ao Administrador da Ferrostaal,

já falecido, Hanfried Haun, uma conversa direta com o Primeiro-Ministro português, que o deixou deslumbrado.

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