4 DE DEZEMBRO DE 2015
3
É em nome do compromisso que estabelecemos com cada uma dessas pessoas, ainda que não tenha sido
possível encontrar convergência sobre propostas que são essenciais para o Bloco de Esquerda, o que é
apenas natural face aos posicionamentos tão distantes do Partido Socialista nestas matérias, que continuamos
a defender a necessidade de assegurar o acesso de todos os desempregados ao subsídio social de
desemprego, de fazer convergir as pensões sociais mais baixas com o salário mínimo nacional, de aumentar
significativamente a capacidade de investimento, público e privado, para criar emprego.
Sabemos, e afirmámo-lo desde sempre, que este caminho exige um processo de reestruturação da dívida
pública, que pare a sangria de recursos para fora do País e traga um mínimo de justiça à economia. Aliás,
mesmo sem um programa de recuperação de rendimentos e de investimento, a reestruturação da dívida
parece-nos um caminho inevitável. O peso da dívida sobre a economia portuguesa é insustentável. Ignorá-lo
seria irresponsável e é por isso que nos empenharemos no estudo de soluções concretas para a
sustentabilidade da dívida externa portuguesa, condição essencial da soberania e do desenvolvimento da
economia.
Aplausos do BE.
Do mesmo modo, o sistema financeiro continua a ser um risco para o País que não podemos ignorar. E
quando se sabe das dificuldades do Banif e do Novo Banco a prioridade tem de ser mesmo não repetir os
erros do passado. Ontem mesmo o Bloco de Esquerda, através da Deputada Mariana Mortágua, questionou o
Ministro das Finanças Mário Centeno sobre esta matéria.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — E a resposta foi bonita!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Não pode o Governo esconder-se no Banco de Portugal, nem o Banco de
Portugal continuar a apresentar pela calada faturas cada vez mais pesadas aos contribuintes portugueses. Ver
o ministro das privatizações da direita, agora contratado pelo Banco de Portugal, ver Sérgio Monteiro
apresentar projetos de reestruturação do Novo Banco em Bruxelas, que, aqui, ninguém conhece, lembra
demasiado o passado para dar garantias de futuro.
Aplausos do BE.
Uma coisa é certa: com a mesma determinação com que defenderemos um governo capaz de travar o
empobrecimento exigimos uma clara prestação de contas sobre o sistema financeiro e a defesa intransigente
dos interesses do Estado e do erário público, face a uma banca e a um regulador que falharam vezes demais.
Escusa a direita de querer ver nesta afirmação qualquer ambiguidade do Bloco de Esquerda, face ao
compromisso que assumimos com o Partido Socialista e com todo o País.
Risos de alguns Deputados do PSD.
Recusar esconder problemas não é fonte de instabilidade política; escondê-los, como sempre fez a direita,
é que trouxe instabilidade permanente à vida das pessoas.
Aplausos do BE.
A mudança de política passa, também, por aqui. Trilhar um caminho novo, capaz de romper com o
empobrecimento a que a direita sujeitou o País e que responda à esperança de um País inteiro num futuro
mais digno, exige tanto compromisso como exige clareza.
Aplausos do BE e de alguns Deputados do PS.
O Sr. Presidente: — Pela ordem de inscrições, agora seria a vez de o CDS intervir, mas, como o Sr.
Deputado do CDS inscrito não se encontra presente, dou a palavra ao PCP.