31 DE MARÇO DE 2016
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O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro,
trouxe o Sr. Primeiro-Ministro à abertura da discussão as intenções do Governo quanto ao Plano Nacional de
Reformas.
Como sabe, o Plano Nacional de Reformas procura articular as opções de política nacional com a
Estratégia 2020, da União Europeia, e também com os objetivos que a própria Comissão Europeia e o
Conselho estabelecem após efetuarem a análise anual ao crescimento.
Significa isto que para a Comissão Europeia, em termos agregados, precisamos de reforçar de uma forma
significativa a aposta no investimento, porque isso é fundamental para a recuperação da economia.
Precisamos de intensificar as reformas estruturais de modo a dar mais intensidade à recuperação da
competitividade dos países europeus e precisamos de garantir os esforços de consolidação orçamental.
A Comissão Europeia fez também uma avaliação dos desequilíbrios macroeconómicos em Portugal e,
como o Sr. Primeiro-Ministro recordou, esse acervo não tem evoluído significativamente nos últimos anos.
Quer dizer, os problemas estruturais que o País tem não são problemas dos últimos quatro ou oito anos, são
problemas de vários anos.
Porém, nós sabemos os bloqueios que os provocaram e as consequências que tivemos de suportar,
enquanto sociedade, por não termos tido a coragem de enfrentar as reformas que eram necessárias.
É assim que muitos dos problemas estruturais que acumulámos, nomeadamente, no desemprego e na
dívida, privada e pública, foram consequência de setores protegidos da economia nacional que permaneceram
durante demasiados anos, de regimes laborais que não beneficiavam a criação de emprego, de níveis de
investigação e de inovação que não atingiam o patamar adequado no mundo económico e na vida das
empresas e um défice de qualificações antigo no País.
Sr. Primeiro-Ministro, essa avaliação está feita há muitos anos. É por essa razão que, quando se faz um
exercício como este, é importante ouvir e envolver a sociedade política e a sociedade civil.
Foi isso justamente que o Governo anterior fez. Que bom notar a diferença entre o Primeiro-Ministro,
António Costa, e o Secretário-Geral do Partido Socialista, António Costa, na oposição.
Há um ano, quando convidámos o Partido Socialista para participar intensamente neste processo, o Sr.
Secretário-Geral do Partido Socialista remeteu-nos para um vago documento que tinha…
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — … e foi complementando que, depois das eleições, se conversaria
sobre esse assunto, mas não antes das mesmas.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Pois bem, nós não repetiremos essa atitude que o Partido
Socialista teve na altura.
Aplausos do PSD.
No entanto, queremos lembrar que é preciso existir compatibilidade entre a retórica política e as políticas
públicas que se prosseguem para que não exista um exercício retórico que globalmente faz referência àquilo
que já estava, por exemplo, no nosso Acordo de Parceria com a Comissão Europeia e naquilo que são
objetivos do próprio Portugal 2020 e aquilo que é, depois, a prática política do Governo.
Ora, Sr. Primeiro-Ministro, aqui as contradições são imensas. E até contradições que chocam contra aquilo
que são objetivos da Comissão Europeia a nível agregado e algumas das referências que também fez sobre
Portugal.
Parece evidente, desde logo, que se é preciso captar mais investimento e dinamizar mais a economia, não
podemos depois, na prática política, andar a assustar os investidores.
Vozes do PSD: — Ora bem!