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Sexta-feira, 27 de outubro de 2017 I Série — Número 13
XIII LEGISLATURA 3.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2017-2018)
REUNIÃOPLENÁRIADE26DEOUTUBRODE 2017
Presidente: Ex.mo Sr. Eduardo Luís Barreto Ferro Rodrigues
Secretários: Ex.mos Srs. Duarte Rogério Matos Ventura Pacheco Idália Maria Marques Salvador Serrão Sandra Maria Pereira Pontedeira
S U M Á R I O
O Presidente declarou aberta a sessão às15 horas e 5
minutos. Deu-se conta da apresentação das propostas de lei n.os
101 e 102/XIII (3.ª) e dos projetos de resolução n.os 1100 e 1101/XIII (3.ª).
Foram discutidos, em conjunto, na generalidade, os projetos de lei n.os 569/XIII (2.ª) — Estabelece a responsabilidade da entidade patronal pela formação obrigatória dos trabalhadores em funções públicas e pela renovação dos títulos habilitantes indispensáveis ao desempenho das suas funções, procedendo à quarta alteração à Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, aprovada em anexo à Lei n.º 35/2014, de 20 de junho (PSD) e 651/XIII (3.ª) — Responsabiliza a entidade empregadora pública pelos encargos decorrentes da formação e certificação profissional do trabalhador (BE). Proferiram intervenções os Deputados Álvaro Batista (PSD), Joana Mortágua (BE), José Rui Cruz (PS), Rita Rato (PCP) e Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP).
Foram apreciados, conjuntamente, os projetos de resolução n.os 876/XIII (2.ª) — Pela valorização do ensino da
história da emigração portuguesa (PS), 877/XIII (2.ª) — Pela criação de um museu nacional da emigração (PS), 1083/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo a criação de um centro nacional de documentação sobre a emigração portuguesa (PSD) e 1096/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo a melhoria dos instrumentos de análise e avaliação da situação dos emigrantes portugueses (CDS-PP). Pronunciaram-se sobre estas iniciativas os Deputados Paulo Pisco (PS), Carlos Páscoa Gonçalves (PSD), Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP), Maria Manuel Rola (BE) e Carla Cruz (PCP).
Foram debatidos, em conjunto, na generalidade, os projetos de lei n.os 241/XIII (1.ª) — Pelo alargamento dos créditos abrangidos pelo Fundo de Garantia Salarial (BE) e 646/XIII (3.ª) — Altera as regras de funcionamento e acesso ao Fundo de Garantia Salarial e reforça os direitos dos trabalhadores (PCP). Intervieram os Deputados José Moura Soeiro (BE), Rita Rato (PCP), Ricardo Bexiga (PS), Susana Lamas (PSD) e Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP).
Procedeu-se ao debate conjunto do projeto de resolução n.º 1065/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo a implementação de medidas na área da oncologia pediátrica,
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promovendo maior apoio e proteção aos menores portadores de doença oncológica e aos seus cuidadores (CDS-PP), do projeto de lei n.º 649/XIII (3.ª) — Reforça a proteção social e laboral dos pais num quadro de assistência do filho com doença oncológica (PAN), na generalidade, e dos projetos de resolução n.os 1092/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que adote medidas de reforço do apoio às crianças e jovens com cancro (PSD), 1094/XIII (3.ª) — Reforço de medidas na área da oncologia pediátrica e de apoio às crianças e adolescentes com cancro e suas famílias (PCP), 1095/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que implemente várias medidas destinadas a uma maior proteção dos menores com doença oncológica e dos respetivos familiares/cuidadores (PAN) e 1097/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo a adoção de medidas para apoio às crianças e jovens com cancro, assim como aos seus cuidadores (BE). Usaram da palavra os Deputados Isabel Galriça Neto (CDS-PP), André Silva (PAN), Luís Vales (PSD), Carla Cruz (PCP), Moisés Ferreira (BE) e
António Sales (PS). Foram discutidos, em conjunto, na generalidade, os
projetos de lei n.os 561/XIII (2.ª) — Fixa o regime de atribuição e os montantes dos acréscimos em suplementos e outras compensações que se fundamentem na prestação de trabalho em condições de risco, penosidade e insalubridade (sexta alteração à Lei n.º 35/2014, de 20 de junho — Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas) (PCP) e 589/XIII (2.ª) — Fixa o regime de atribuição das compensações em acréscimo aos suplementos remuneratórios que se fundamentem na prestação de trabalho em condições de risco, penosidade e insalubridade (sexta alteração à Lei n.º 35/2014, de 20 de junho — Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas) (PCP). Intervieram os Deputados Rita Rato (PCP), Carla Barros (PSD), Wanda Guimarães (PS), António Carlos Monteiro (CDS-PP) e Joana Mortágua (BE).
A Presidente (Teresa Caeiro) encerrou a sessão eram 17 horas e 3 minutos.
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O Sr. Presidente: — Boa tarde, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.as e Srs. Funcionários, Sr.as e Srs. Jornalistas.
Declaro aberta a sessão.
Eram 15 horas e 5 minutos.
Peço aos Srs. Agentes da autoridade para abrirem as galerias.
Antes de darmos início à ordem de trabalhos de hoje, solicito ao Sr. Secretário Deputado Duarte Pacheco o
favor de anunciar o expediente.
O Sr. Secretário (Duarte Pacheco): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, deram entrada na Mesa, e
foram admitidas pelo Sr. Presidente, as propostas de lei n.º 101/XIII (3.ª) — Estabelece as regras relativas às
ações de indemnização por infração ao direito da concorrência, transpondo a Diretiva 2014/104/EU, que baixa
à 6.ª Comissão, e 102/XIII (3.ª) — Autoriza o Governo a descriminalizar e a prever como ilícito
contraordenacional a execução pública não autorizada de fonogramas e videogramas editados comercialmente,
que baixa à 1.ª Comissão.
Deram igualmente entrada na Mesa, e foram admitidos, os projetos de resolução n.os 1100/XIII (3.ª) —
Programa de autoproteção em caso de incêndio florestal (Os Verdes), que baixa à 7.ª Comissão, e 1101/XIII
(3.ª) — Campanhas de sensibilização e informação, estratégicas e de proximidade, destinadas a evitar a ignição
de fogos florestais decorrentes de ações humanas negligentes (Os Verdes), que baixa à 7.ª Comissão.
É tudo, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, vamos agora dar início à ordem do dia, com a discussão, em
conjunto, na generalidade, dos projetos de lei n.os 569/XIII (2.ª) — Estabelece a responsabilidade da entidade
patronal pela formação obrigatória dos trabalhadores em funções públicas e pela renovação dos títulos
habilitantes indispensáveis ao desempenho das suas funções, procedendo à quarta alteração à Lei Geral do
Trabalho em Funções Públicas, aprovada em anexo à Lei n.º 35/2014, de 20 de junho (PSD) e 651/XIII (3.ª) —
Responsabiliza a entidade empregadora pública pelos encargos decorrentes da formação e certificação
profissional do trabalhador (BE).
Para dar início ao debate e apresentar o projeto de lei do PSD, tem a palavra o Sr. Deputado Álvaro Batista.
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PSD sempre se preocupou com os
trabalhadores da Administração Pública. Preocupou-se e preocupa-se muito, e sempre de forma séria, sem
demagogias nem falsas promessas.
Aqui está uma prova: este projeto de lei, apresentado pelo PSD em junho, a que se juntou, na semana
passada, outro com o mesmo objetivo, tem na sua génese imperativos de justiça para os trabalhadores da
Administração Pública.
A evolução tecnológica e novas reivindicações sociais têm conduzido a maiores níveis de exigência que, em
alguns casos, se traduzem na obrigatoriedade da frequência de ações de formação, revalidação de títulos
profissionais e situações similares, por vezes apenas para os trabalhadores poderem continuar a desempenhar
as suas profissões. É o caso dos motoristas dos transportes coletivos e dos de veículos pesados.
Se é o interesse coletivo a impor a frequência de cursos e ações profissionais para que os trabalhadores
possam continuar legalmente a trabalhar, não é justo obrigá-los a pagar as despesas, principalmente quando
muitos continuam a ter níveis remuneratórios inequivocamente baixos.
Para nós, Sr.as e Srs. Deputados, para o PSD, nenhum trabalhador pode ser obrigado a pagar a formação
profissional que a lei lhe impõe só para poder continuar a trabalhar.
Estabelecendo a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas a obrigatoriedade de o empregador público
proporcionar formação profissional aos seus colaboradores, não há nenhuma obrigação de que esta seja dirigida
para as efetivas necessidades do trabalhador, situação que se pretende suprir com a presente iniciativa, pois a
salvaguarda dos direitos laborais não pode ficar subordinada a critérios de oportunidade ou às disponibilidades
financeiras da entidade empregadora pública.
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Não podem ser as cativações a responder negativamente aos motoristas e outros trabalhadores quando
estes reivindicarem, legitimamente, o pagamento da revalidação dos seus títulos profissionais ou da formação
obrigatória.
Repare-se que a aprovação deste projeto de lei não tem de gerar aumento da despesa, pois sendo já
obrigatória a concessão de formação certificada paga, bastará que esta seja direcionada para suprir as reais
necessidades dos trabalhadores.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Afinal, os dirigentes públicos têm de ser os primeiros interessados em dar
aos seus colaboradores, aos trabalhadores do Estado qualificação e motivação.
Sr.as e Srs. Deputados, o que o PSD vem pedir ao Parlamento é sensibilidade e justiça: sensibilidade para
com os problemas concretos dos trabalhadores; justiça, porque ninguém pode ser obrigado a pagar a formação
que a lei lhe impõe, que, repare-se, em alguns casos, é só para poderem continuar a trabalhar.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para apresentar a iniciativa do Bloco de Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana
Mortágua.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A formação profissional é um direito
de qualquer trabalhador à sua valorização pessoal e enquanto trabalhador. A esse direito corresponde também
um dever, o de qualquer entidade patronal proporcionar a possibilidade desta renovação de conhecimentos,
desta formação profissional contínua ou específica quando for necessária.
No caso do trabalho em funções públicas, esta formação profissional tem uma responsabilidade acrescida,
porque permite um serviço público de qualidade superior. Ela permite reforçar a qualidade do serviço público.
É isso que este projeto pretende: reforçar a qualidade do serviço público prestado através da obrigação da
entidade patronal pública em proporcionar a formação profissional dos seus trabalhadores.
O novo regime de formação profissional que o Governo fez aprovar em 2016 reconhece o papel da formação
profissional como instrumento estratégico de modernização e transformação das administrações públicas. Este
tem vindo a ser, aliás, um objetivo muito repetido pelo Ministro das Finanças, que tutela a Administração Pública:
modernizar a Administração Pública.
Preocupa-nos nesta matéria, e em particular, como já foi levantado no caso do projeto de lei apresentado
pelo PSD, a situação dos motoristas de transporte pesado de passageiros ou de mercadorias, que, pela
responsabilidade acrescida que têm de estar nas suas mãos a segurança rodoviária — a sua própria segurança,
mas também a segurança dos passageiros —, têm obrigações de qualificação inicial e de formação contínua.
Por isso, além da carta de condução, têm também a carta de qualificação de motorista, que tem de ser renovada
de cinco em cinco anos, que tem um custo elevado e muitos destes trabalhadores recebem valores bastante
baixos enquanto assistentes operacionais, dentro da sua carreira na Administração Pública.
Este problema que existe no setor público — nós reconhecemos e os sindicatos têm avisado — também
existe no setor privado, em que os trabalhadores também têm salários baixos e também têm de cobrir os custos
da sua formação e do pagamento do seu título habilitante e as renovações do certificado.
Por isso, o Bloco de Esquerda não deixará de apresentar também uma solução que responsabilize as
entidades patronais privadas pela obtenção destes títulos e certificados e esperamos que, nessa altura, o PSD
também acompanhe essa iniciativa, porque é bom não esquecer que a lei que hoje propomos alterar, a Lei n.º
35/2014, foi proposta e aprovada durante o Governo da direita, do PSD e do CDS. Nessa altura, houve quem
tentasse responsabilizar a Administração Pública, o Governo e o Estado pela formação profissional dos seus
trabalhadores, mas houve quem entendesse que não deveria ser assim. Quem tentou responsabilizar o Estado
pela formação profissional da Administração Pública foram o Bloco de Esquerda e os partidos da esquerda;
quem impediu que a Administração Pública e as entidades patronais públicas tivessem mais responsabilidades
nesta matéria foi o Governo da direita. Quem aumentou os salários a estes assistentes operacionais,
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aumentando o salário mínimo, foi o Bloco de Esquerda, através do acordo que tem com o Partido Socialista;
quem manteve os assistentes operacionais com salários de miséria foi o PSD e o CDS, o Governo da direita.
Portanto, a defesa da Administração Pública é, com certeza, muito bem-vinda, mas só podemos concluir que
estar na oposição faz muito bem ao PSD e tenho a certeza que os funcionários públicos também saberão
reconhecer isso.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Rui Cruz, do PS.
O Sr. José Rui Cruz (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Debatemos hoje os projetos de lei, do
PSD e do Bloco de Esquerda, n.os 569/XIII (2.ª) e 651/XIII (3.ª), respetivamente, que estabelecem a
responsabilidade da entidade patronal pela formação obrigatória dos trabalhadores em funções públicas e pela
renovação dos títulos habilitantes indispensáveis ao desempenho das suas funções, procedendo à quarta
alteração à Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas.
No que respeita ao dever de garantir formação profissional aos trabalhadores em funções públicas, os
projetos são redundantes. Com efeito, a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas impõe esse dever aos
empregadores públicos e, reflexamente, garante esse direito.
Por sua vez, o Decreto-Lei n.º 86-A, de 2016, de 29 de dezembro, define os objetivos e os princípios que
norteiam a formação profissional na Administração Pública, reforça o dever do empregador público em
proporcionar formação profissional aos que exercem funções públicas, garante esse mesmo direito aos
trabalhadores e ainda operacionaliza tais deveres e direitos através da elaboração do diagnóstico de
necessidades e planos de formação com participação dos trabalhadores.
A avaliação da execução da formação, assim identificada, e a ministrar é feita através dos relatórios de gestão
da formação, também eles com intervenção dos representantes dos trabalhadores.
Quanto à responsabilidade do empregador público pela renovação dos títulos habilitantes indispensáveis ao
desempenho das suas funções o projeto revela-se largamente ineficiente e muito impreciso, podendo vir a ter
implicações muito para além do alcance que se depreende da exposição de motivos do projeto, cuja
contabilização não é fácil.
É ineficiente porque, atento ao universo a abranger, o projeto falha o alvo. Com efeito, a grande maioria ou
mesmo a totalidade dos motoristas de veículos pesados de transporte rodoviário de passageiros exercem a sua
atividade na administração local, em geral ao serviço de empresas municipais. Ora esses trabalhadores não
estão abrangidos no âmbito da aplicação da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas e, portanto, a alteração
legislativa proposta não teria qualquer eficácia. Querendo regular-se esta matéria, e com este âmbito, ter-se-á
de encontrar outra via, eventualmente através de acordos de contratos coletivos de trabalho. Aliás, é bem
provável que esta matéria esteja já regulada nessa sede.
Este projeto de lei do PSD surge na sequência de uma situação profissional identificada dos motoristas dos
serviços municipais de transportes urbanos da Câmara Municipal de Coimbra, apresentada aos grupos
parlamentares, e, de facto, segundo eles, a questão que lhes importa resolver é equiparar a sua carreira à dos
seus colegas que prestam serviço na Carris ou noutras empresas públicas com o mesmo conteúdo funcional.
Segundo informação recolhida, a situação em causa está confinada aos serviços municipalizados das câmaras
municipais de Coimbra, Barreiro e Portalegre e o número de trabalhadores em causa rondará os 400. Estes
trabalhadores não querem manter-se como assistentes operacionais, mas sim ter a mesma categoria que os
restantes motoristas de transportes públicos de passageiros.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. José Rui Cruz (PS): — Assim, o que importa é olhar para o caso aqui apresentado, resolver a situação
da carreira profissional e não adotar a solução aqui proposta pelo PSD.
Aplausos do PS.
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O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato, do PCP.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Discutimos hoje propostas que carecem,
desde logo, de alguma clarificação.
Ouvir o PSD dizer que desde sempre se preocupou com os funcionários da Administração Pública retira toda
a credibilidade a esta discussão. Mas, ultrapassando esse patamar, e centrando-nos nos projetos de lei que
hoje estamos a discutir, seria importante, desde logo, perceber, por que é que a questão que é invocada, a
ausência e a obrigatoriedade — neste caso da categoria profissional que é referida no projeto de lei do PSD, a
de motorista — de ter de suportar os custos da sua formação profissional aparece nos termos em que aparece.
Desde logo, é preciso perceber que este enquadramento tem uma história. A história consta da Lei n.º 12-
A/2008, de 27 de fevereiro, que estabelece os regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações na
Administração Pública, que destruiu carreiras específicas e na qual os motoristas passam a ser equiparados a
assistentes operacionais. E sobre essa questão, contra a qual o PCP está, obviamente, porque é uma carreira
específica e não pode ser equiparada a assistente operacional, o PSD — e também o Bloco de Esquerda — no
seu projeto diz zero.
Mas é importante, desde logo, clarificar esta matéria. É que não podemos estar a discutir esta questão sem
discutir a necessidade de revogação da Lei n.º 12-A/2008 e da criação de um regime de carreiras na
Administração Pública que tenha em consideração funções específicas e que, para isso, exija formação
profissional específica.
E, Sr. Deputado, sobre essa matéria, acompanhamos a necessidade de ser obviamente a entidade patronal,
neste caso a Administração Pública, a suportar esse custo.
Coisa diferente é discutir aquilo nos termos em que é apresentado. E, por isso, da parte do PCP, entendemos
que há matérias que têm de ser clarificadas. Desde logo, em que condições é que estamos para concluir que a
proposta que o PSD aqui traz resolve apenas este problema, deixando de fora muitas outras profissões, desde
logo até no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, profissões que, aliás, já exigem cédula e título habilitante?
Portanto, a primeira questão que gostaria de colocar ao PSD, que ainda terá tempo para responder, é se tem
uma previsão, na letra da lei daquilo que aqui propõe, de que isto se vai apenas aplicar aos motoristas, deixando
de fora outras profissões, desde logo as reguladas através de ordens profissionais, as quais têm de suportar o
seu custo, o custo da sua cédula profissional.
Portanto, há algumas dúvidas que têm de ser esclarecidas.
Quero ainda dizer que, ao longo desta tarde, discutiremos outras matérias sobre a Administração Pública e
teremos, inclusivamente, oportunidade de discutir uma proposta do PCP para a criação de um suplemento de
insalubridade, de risco ou penosidade.
E, Sr. Deputado, relativamente àquela questão que aqui coloca hoje, até podíamos concluir que o PSD traz
hoje esta matéria à Assembleia da República porque não teve condições de resolvê-la anteriormente.
Ora, o PSD e o CDS reviram a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas em 2013 e tinham tido todas as
condições de garantir, nos artigos 71.º e 72.º, que agora se propõem alterar, esta matéria, mas não o fizeram —
aliás, conviveram bem com a situação de existirem, no âmbito da Administração Pública, motoristas equiparados
a assistentes operacionais e a terem de suportar o seu título habilitante.
O Sr. Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Termino mesmo, Sr. Presidente, dizendo isto: estudaremos esta matéria com o
rigor que nos obriga, porque não embarcamos em propostas que, querendo responder a um problema, vão criar
profundas desigualdades ao nível dos trabalhadores da Administração Pública. E, legislando sobre uma situação
em concreto, tem de estar salvaguardado que se aplica a todos os trabalhadores da Administração Pública.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia.
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O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Este agendamento, da
iniciativa do PSD e também com um contributo do Bloco de Esquerda, diz respeito à responsabilidade da
entidade patronal pela formação obrigatória dos trabalhadores em funções públicas e pela renovação dos títulos
habilitantes indispensáveis ao desempenho dessas funções.
Todos nós conhecemos algumas dessas situações concretas, que nos têm sido trazidas por muitos
trabalhadores. Nós sabemos que, se, na maior parte dos casos, a formação e as certificações visam apenas o
enriquecimento curricular ou formativo dos funcionários, em muitos outros casos — e nestes em particular que
são visados com esta alteração —, a não frequência das respetivas formações poderá implicar a perda da
qualificação para continuarem a exercer a respetiva profissão.
Não ignoramos que muitos destes trabalhadores que são obrigados a frequentar essa formação ou a ter essa
certificação para continuarem a poder exercer a sua profissão são obrigados a pagá-la, o que representa um
grande constrangimento para o orçamento pessoal.
Portanto, queremos, antes de mais, felicitar o Partido Social Democrata por esta iniciativa.
Percebemos o embaraço do Partido Socialista e também do Partido Comunista Português. Normalmente,
embaraçam-se quando a iniciativa não é deles, porque acham que têm o monopólio de tratar daquilo que diz
respeito aos trabalhadores. Nessa altura, embaraçam-se. Mas é um bom sinal. E creio que se há matéria
consensual nesta Câmara é a importância que a formação tem no funcionalismo público. É assim que nós
queremos, no século XXI, uma Administração Pública moderna e competente, que consiga, desse modo, prestar
um serviço de maior qualidade a todos os cidadãos portugueses.
Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, o CDS, não ignorando este problema, está disponível para ser parte da
solução. Esperamos que as presentes iniciativas possam descer à Comissão, para que, em sede de
especialidade, possamos também nós dar o nosso contributo para as enriquecer e as tornar numa alteração
legislativa que sirva a todos: aos funcionários públicos, que beneficiam diretamente com elas, mas também —
e tenhamo-los sempre presentes — os cidadãos beneficiários dos serviços públicos que, ainda que de forma
indireta, também são beneficiários de qualquer mais-valia que a alteração legislativa proporcione.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para encerrar este debate, tem a palavra o Sr. Deputado Álvaro Batista.
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Sr. Presidente, para começar queria dizer o seguinte: é claro que, para nós,
PSD, esta proposta é uma base de trabalho. E estamos obviamente disponíveis para, se ela descer à Comissão
com a votação desta Câmara, encontrar soluções equilibradas para os problemas identificados.
Depois, queria dizer ao Partido Comunista Português o seguinte: a lei, quando se faz, é geral e abstrata e
aplica-se a todos os cidadãos.
Portanto, não podemos confundir aquilo que é a exposição de motivos com o conteúdo da lei. Na exposição
de motivos estão indicados exemplos concretos, mas a lei é para ser aplicada a todos os trabalhadores da
Administração Pública que são obrigados a fazer formação para poderem continuar a desempenhar as suas
atividades. E nós entendemos que, se alguém é obrigado a fazer formação para poder continuar a trabalhar,
deve ser a entidade patronal a suportar esses custos em todas as situações. E, repito, estamos disponíveis para
encontrar consensos.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Concluo já, Sr. Presidente.
Ao Partido Socialista quero dizer apenas o seguinte: se a lei não é necessária, se na Administração Pública
já se está a dar cumprimento àquilo que nós pedimos, como é que pode gerar encargos?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Concluída a discussão conjunta, na generalidade, dos projetos de lei n.os 569/XIII (2.ª)
(PSD) e 651/XIII (3.ª) (BE), vamos passar à apreciação conjunta dos projetos de resolução n.os 876/XIII (2.ª) —
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Pela valorização do ensino da história da emigração portuguesa (PS), 877/XIII (2.ª) — Pela criação de um museu
nacional da emigração (PS), 1083/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo a criação de um centro nacional de
documentação sobre a emigração portuguesa (PSD) e 1096/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo a melhoria dos
instrumentos de análise e avaliação da situação dos emigrantes portugueses (CDS-PP).
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Pisco.
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A história de Portugal pode também muito
bem ser contada através da história da sua emigração. As muitas gerações de portugueses que um dia
emigraram merecem que Portugal as honre contando a sua história, sem tabus nem complexos. Que sejam
contadas as suas aventuras, medos e angústias, sucessos e fracassos, as suas descobertas e as suas ações,
que mostrem como a decisão de emigrar transformou o País e os países que os acolheram nos quatro cantos
do mundo.
A emigração portuguesa tem de deixar de ser a grande ausente da história, como refere Victor Pereira,
historiador na Universidade de Pau. E precisa de ser valorizada e dignificada, libertada de preconceitos e de
sobranceria, porque é parte integrante da nossa história coletiva e da nossa identidade. A criação de um museu
nacional da emigração, ou da presença portuguesa no mundo, como se lhe queira chamar, e o ensino da história
da emigração nas escolas têm uma função pedagógica complementar essencial para que a sociedade e as
instituições possam conhecer e compreender um fenómeno que a todos diz respeito e que a todos deve
mobilizar, no País e nas comunidades.
Um museu nacional da emigração deverá ser um lugar de cultura e de turismo, um espaço aberto às escolas,
moderno e interativo e ligado em rede a outras instituições congéneres, em Portugal e no mundo. Deverá ser
um lugar de debate, reflexão e investigação, portanto, a carecer de um centro de documentação, como, aliás, já
existiu no tempo do Secretário de Estado José Lello.
Será um lugar onde milhares de lusodescendentes poderão mergulhar nas suas origens e descobrir como
as vidas dos seus pais e avós foram retratadas, como construíram os seus percursos, como superaram tantas
dificuldades em sítios e culturas estranhas. Será, portanto, um lugar de reconciliação com a nossa memória
coletiva.
Há uma quantidade gigantesca de informação dispersa em monografias, objetos, arquivos, património
edificado e linhagens de gerações de portugueses do continente, dos Açores e da Madeira, à espera de quem
lhes dê um destino, que seria lamentável que se perdesse.
Tendo o enquadramento do Estado, será estável e sustentável, sem as limitações que os museus municipais
dedicados à emigração apresentam em recursos técnicos, capacidade financeira e equipas competentes para
dar vida e alma ao museu, que faz obviamente sentido ficar localizado numa região de forte emigração, mas
que seja central e de fácil acesso.
Nas escolas, a visão da emigração é ainda consideravelmente limitada, designadamente nas disciplinas de
Geografia ou História, integradas no contexto geral das migrações. Fala-se das remessas, mas sem pensar na
importância desse dinheiro para a economia real. Expõem-se as estatísticas sobre os fluxos de emigrantes, mas
sem a dimensão humana que lhes está associada. Agora, no contexto do projeto de flexibilização curricular, há
a oportunidade para que a história da emigração passe a ser ensinada com uma nova abordagem, que permita
conhecer como evoluiu nas suas diversas facetas — da sua repercussão cultural ao seu valor económico, da
sua dimensão humana à sua importância política e diplomática — e tanto nos seus aspetos positivos como
negativos.
É da maior importância que a escola faça a pedagogia que ainda não foi feita, dando a conhecer, valorizando
e dignificando aqueles que, no passado, foram sempre estigmatizados, particularmente no século XX, durante
os tempos da ditadura. Tal como devem ser fomentados nas universidades os estudos sobre a emigração
portuguesa, para se compreender melhor todas as dimensões da sua existência. Reconhecer, eliminar
preconceitos e dignificar a emigração portuguesa, que, inclusivamente tem o seu reconhecimento na
Constituição da República Portuguesa, é o que se pretende com as iniciativas legislativas apresentadas pelo
PS, honrando, ao mesmo tempo, o esforço de muitos que se empenharam nesta luta, de que é exemplo a Prof.ª
Maria Beatriz Rocha Trindade. Não há portugueses de primeira e de segunda: só há portugueses, vivam eles
no País ou no estrangeiro.
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Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Páscoa Gonçalves.
O Sr. Carlos Páscoa Gonçalves (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Portugal é um País
construído com base num processo migratório constante, desde há mais de cinco séculos.
De acordo com dados das Nações Unidas, estima-se que residam fora do território nacional cerca de 2,2
milhões de cidadãos que aqui nasceram, a que se somam mais de 2,5 milhões com nacionalidade portuguesa.
Por outro lado, sabe-se também que o profundo processo migratório para a América do Sul e América do
Norte, África e Ásia, iniciado no século XVI, mas com especial relevância em finais do século XIX e inícios do
século XX, faz com que existam nestes continentes um conjunto vasto de comunidades de lusodescendentes,
que deverão envolver umas largas dezenas de milhões de cidadãos com origem portuguesa.
A tal universo tem igualmente de se juntar um grande número de portugueses que saíram de Portugal a partir
da segunda metade do século XX, com destino a variadíssimos países europeus, com destaque para a França,
com uma significativa integração nas sociedades locais.
Tem igualmente de se ter em consideração que esta diáspora tem sido determinante para o desenvolvimento
do nosso País e para a sua afirmação externa, com um contributo político, social, económico e cultural de
enorme significado para todos nós.
Porém, apesar da importância e da dimensão deste fenómeno migratório, poucas são as instituições
especializadas no seu estudo, não abundando trabalhos de investigação sobre este tema.
A justificação para esta lacuna radica muito no facto de escassearem as fontes para proceder a tal análise.
Algumas instituições do ensino superior e alguns municípios têm criado algumas entidades, como centros de
estudos e museus locais, que reuniram diversos materiais e documentos que permitem analisar pontualmente
os nossos fluxos migratórios, podendo ser citados como exemplos o Observatório da Emigração, o Centro de
Estudos da População, Economia e Sociedade e o Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE
— Instituto Universitário de Lisboa.
Porém, continua a ser extremamente difícil aceder à imensa documentação existente em organismos oficiais,
dos quais se destaca a Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, herdeira de
toda a documentação do antigo Instituto da Emigração e de outras entidades, a partir da qual é possível analisar
com maior profundidade a evolução deste fenómeno.
Assim, pensamos que hoje será importante proceder à criação de um centro de documentação oficial sobre
a emigração portuguesa, dinamizado pela tutela política das comunidades portuguesas no Governo, que articule
a sua ação com outras entidades da administração central e local, bem como com instituições privadas.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Esta matéria é da maior importância, pois facilitará a toda a sociedade
e às diversas forças políticas uma melhor compreensão do potencial económico, cultural e social da nossa
diáspora, que ainda hoje, passados vários séculos, é muito pouco conhecida no nosso País.
O Sr. José Cesário (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Páscoa Gonçalves (PSD): — Entendemos que já passou o momento de olhar para as
comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo como algo exótico, pois tal não faz justiça à enorme
contribuição das mesmas para o desenvolvimento do nosso País.
Trazemos este tema a debate por entendermos que este centro de estudos será uma extraordinária
ferramenta para se usar como base na formulação e implementação adequada de medidas que melhorem a
vida da nossa diáspora e para que possamos mensurar a sua contribuição para a economia de Portugal, que
vai muito além das simples remessas da emigração.
Dada a importância do tema, convidamos os demais grupos parlamentares a acompanharem-nos com o voto
favorável, como faremos em relação aos outros projetos apresentados.
Aplausos do PSD.
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O Sr. Presidente: — Para apresentar a iniciativa do CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Lobo
d’Ávila.
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O CDS apresenta hoje um
projeto de resolução que recomenda ao Governo um aperfeiçoamento dos instrumentos de avaliação da
situação dos emigrantes portugueses, de todos aqueles que lá fora procuram um futuro mais promissor, afirmam
o seu talento e representam um referencial de competência de Portugal.
Através de um instrumento que já existe, o Relatório da Emigração, trata-se de encontrar formas de corrigir
e preencher lacunas que continuam a existir na avaliação da situação em que se encontram os nossos
emigrantes, estejam eles na Venezuela, no Reino Unido ou em qualquer outro lado do mundo.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Se é verdade que o Relatório
nos dá uma visão integrada da dinâmica, tão global como detalhada, da nossa emigração, o CDS entende que
se deve ir mais longe, mais longe na identificação dos problemas das nossas comunidades, mais longe no
detalhe das queixas dos nossos emigrantes, em particular da sua relação com as estruturas consulares, e mais
longe nas melhorias no acompanhamento da diáspora.
Para ir mais longe, Sr. Presidente, o Relatório da Emigração pode e deve ser melhorado, pode e deve assumir
um papel decisivo na definição das políticas públicas e num acompanhamento mais eficaz da situação dos
portugueses no estrangeiro. É esse o objetivo do projeto do CDS, com premissas que, seguramente, não
deixarão de ser acompanhadas por todos os grupos parlamentares.
Quanto aos demais projetos em debate, devo começar por dizer ao Sr. Deputado Paulo Pisco e ao Grupo
Parlamentar do Partido Socialista que aquilo que nos separa, no caso do projeto de criação de um museu
nacional da emigração, não é a ideia, é a oportunidade e é a circunstância do momento que vivemos. A ideia é
interessante, mas a sua implementação requer prudência, como referi, por razões de oportunidade e
circunstância, porque a Câmara de Matosinhos anunciou, em 2015, a criação de um museu chamado «Cais —
Museu da Diáspora e da Língua Portuguesa», que consideramos ir ao encontro do que agora pretendem.
No CDS, Sr. Presidente e Sr.as e Srs. Deputados, não temos preconceitos contra o facto de ser uma autarquia
a assumir um projeto desta natureza,…
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — … ainda para mais quando conta com a colaboração de
personalidades tão distintas como, por exemplo, o Arquiteto Souto Moura e com o apoio empenhado, dinâmico
e ativo de, pelo menos, dois ex-Ministros da Cultura do Partido Socialista.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O desafio será o de conjugar
vontades num projeto já existente e não o de tentar sobrepor ou multiplicar museus com o mesmo objeto. O
objetivo não é, nem pode ser, multiplicar ou replicar, tem de ser o de conseguirmos cooperar para que este
museu se assuma como um projeto cívico, pedagógico, cultural e historiográfico.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quanto ao segundo projeto do Partido Socialista, pela valorização do
ensino da história da emigração portuguesa, julgamos que o mesmo é oportuno e merece o nosso
acompanhamento, desde que essa valorização se faça no quadro da reforma curricular em curso e, como
sabemos — sabemos todos —, no quadro de emagrecimento curricular também pretendido e defendido pelo
Governo socialista.
Termino, Sr. Presidente, manifestando a nossa concordância com a proposta do PSD de criação de um
centro de investigação para a emigração.
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Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, a hora presente é mais de opções concretas com consequências diretas
na vida dos portugueses do que de opções simbólicas cujo valor reconhecemos, mas não consideramos
prioritário.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Manuel Rola.
A Sr.ª Maria Manuel Rola (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sr.as Deputadas: Começo por dizer que
é enternecedor que a direita apresente propostas para valorizar a ligação com a emigração portuguesa, quando
foram os responsáveis pelo seu estrondoso aumento em anos anteriores.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Bem lembrado!
Protestos do Deputado do PSD Duarte Filipe Marques.
A Sr.ª Maria Manuel Rola (BE): — É sabido que o anterior Governo foi o responsável por uma vaga de
emigração como não se via desde meados do século passado e que nem com essa responsabilidade teve a
coragem e a iniciativa política para a criação de uma ligação mais forte e efetiva com as pessoas que já se
encontravam emigradas e com as que, por culpa das suas políticas, se viram forçadas a emigrar.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Muito bem!
Protestos de Deputados do PSD e do Deputado do CDS-PP Filipe Anacoreta Correia.
A Sr.ª Maria Manuel Rola (BE): — Aliás, muito pelo contrário, depauperaram e fecharam consulados,
retiraram-lhes condições de apoio aos emigrantes e recursos disponíveis, tal como diminuíram a abrangência
do ensino português no estrangeiro, nomeadamente pelas propinas cobradas, e reduziram drasticamente o
efetivo de professores de língua portuguesa no estrangeiro.
Ainda assim, as propostas apresentadas pelo PS, pelo PSD e pelo CDS hoje, nomeadamente nas áreas do
ensino e da cultura, têm o intuito de manter uma ligação com cerca de 5 milhões de pessoas que mantém uma
ligação, que, se não efetiva, é afetiva, com Portugal.
Fazer o levantamento e a divulgação dos períodos e dos contextos sociais que levaram a êxodos por parte
da população portuguesa é algo que vemos como um objeto de estudo, que pode ser sistemático e
sistematizado, que tem de fazer parte do nosso contexto de aprendizagem social e que permitirá um maior
enquadramento sociológico deste conjunto de pessoas, assim como uma valorização do seu percurso.
A inclusão desta sistematização no ensino e a criação de espaços para a sua divulgação, assim como um
maior apoio à investigação destes fenómenos e das condições de vida concretas de quem, sendo português ou
descendente, não vive em Portugal, são um sinal, ainda que extremamente ténue, de mudança de perspetiva
política sobre a emigração.
No entanto, não queremos deixar de afirmar que isto não trará os emigrantes de volta — aqueles que desejam
regressar —, nem melhorará as suas condições no estrangeiro, e aqui ainda temos muito a fazer.
Devemos enquadrar na política nacional a preocupação e uma maior visibilidade das questões específicas
de apoio aos trabalhadores e às trabalhadoras consulares, assim como da disponibilização de recursos
materiais, algo que resultará, necessariamente, em mais apoio concreto aos emigrantes. Não devemos encerrar,
nem privatizar, serviços de apoio no exterior, como o caso das sucursais da Caixa Geral de Depósitos no
estrangeiro, e no interior, em risco de encerramento ou privatização. Devemos, ainda, aumentar o número de
professores do ensino português no estrangeiro e acabar com as propinas.
Por fim, e numa altura em que discutimos o Orçamento do Estado para 2018, duas questões se colocam
relativamente a estes projetos. Primeiro: qual o orçamento para um mais efetivo apoio aos emigrantes no
estrangeiro? Segundo: qual o orçamento da cultura — ínfimo — que permitirá que esta resolução possa vir a ter
lugar? É que, ao que sabemos hoje, estas propostas não sairão do papel.
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Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz para uma intervenção.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Estão hoje em debate três iniciativas que, no
fundamental, visam que seja conhecida e valorizada a emigração portuguesa.
Gostaria o PCP de dizer que não tem oposição a que, de facto, seja valorizada e conhecida a história da
emigração portuguesa, mas, quando analisamos as iniciativas, ficamos espantados. Qual é o nosso espanto?
Nenhuma das iniciativas refere as causas profundas da emigração.
Protestos do Deputado do CDS-PP Filipe Lobo d’Ávila.
As causas profundas da emigração têm origem naquela que tem sido a política de sucessivos governos,
particularmente do Governo PSD/CDS-PP — o PCP não esquece os apelos feitos pelo então Primeiro-Ministro
para que os portugueses deixassem a sua zona de conforto, para que os jovens emigrassem.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Exatamente! Mandaram-nos embora!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Nós não nos esquecemos disto!
Não é a apresentação das vossas iniciativas, hoje, que branqueia as vossas responsabilidades na situação
de muitos portugueses que se viram forçados a sair do País. Pior! — eles foram obrigados a sair do País e o
que encontraram, em termos da rede de apoio externa, foi uma situação fragilizada, por culpa e responsabilidade
da política que seguiram: redução da rede do ensino português no estrangeiro, introdução da propina, redução
do número de trabalhadores nos consulados, falta de equipamento das redes consulares.
Verificámos também uma ausência de referência às situações de exploração laboral em que vivem milhares
de portugueses que foram obrigados a emigrar. Não houve uma palavra para esses portugueses.
Relativamente ao projeto do CDS, gostaríamos de lhes avivar a memória dizendo que a iniciativa partiu do
Grupo Parlamentar do PCP, quando apresentou uma proposta para a elaboração do relatório da emigração e a
análise da sua situação. Portanto, não é de hoje que o PCP tem como preocupação a emigração e traz o tema
a debate.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, aquilo que, efetivamente, gostaríamos que aqui fosse discutido é a
situação com que os portugueses vivem confrontados e a resposta que é necessário dar aos velhos problemas,
que continuam e persistem, com o reforço da rede externa e a modernização dos consulados, com o reforço do
apoio aos portugueses que vivem em situações de exploração e em condições indignas, com o reforço do ensino
português no estrangeiro, com a abolição da propina. São estas as preocupações que o PCP tem, é por isto que
continuaremos a bater-nos.
Para terminar, Sr. Presidente, gostaria de dizer que, de facto, há muita demagogia nos projetos que aqui são
apresentados, designadamente nos do PSD e do CDS-PP.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, concluída a apreciação conjunta dos projetos de resolução n.os 876/XIII
(2.ª), 877/XIII (2.ª), 1083/XIII (3.ª) e 1096/XIII (3.ª), passamos ao debate, em conjunto e na generalidade, dos
projetos de lei n.os 241/XIII (1.ª) — Pelo alargamento dos créditos abrangidos pelo Fundo de Garantia Salarial
(BE) e 646/XIII (3.ª) — Altera as regras de funcionamento e acesso ao Fundo de Garantia Salarial e reforça os
direitos dos trabalhadores (PCP).
Para apresentar o projeto do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Criado em 1999, o Fundo de
Garantia Salarial tem um objetivo nobre e uma missão essencial para muitas pessoas, que é garantir a quem já
perdeu o emprego, numa condição em que a empresa esteja insolvente, que não perde tudo aquilo a que tem
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direito. E, por via deste Fundo, no caso de empresas declaradas insolventes ou de empresas em processos de
recuperação ou de revitalização, os salários, os créditos devidos aos trabalhadores, as compensações pelo fim
do contrato, as indemnizações por despedimento, enfim, aquilo a que o trabalhador tem direito é assegurado
por este Fundo, que é financiado por uma parte da TSU (taxa social única) patronal paga à segurança social.
Em 2015, houve uma alteração à lei que regula este Fundo para transpor a diretiva europeia, para garantir a
proteção, no caso de empresas abrangidas por dois Estados-membros, e incluir no Fundo de Garantia Salarial
as empresas ao abrigo do PER (Processo Especial de Revitalização) ou do SIREVE (Sistema de Recuperação
de Empresas por Via Extrajudicial).
Sucede que estas alterações não acautelam todas as situações, pelo que persistem situações absolutamente
injustas, justamente por causa dos prazos de prescrição.
Veja-se o exemplo de um trabalhador que perdeu o emprego e que vai junto do tribunal reclamar os seus
créditos. O processo decorre em tribunal durante um ano, dois anos, três anos e ao fim dos três anos há uma
decisão do tribunal. Então, o trabalhador procura executar essa decisão, mas, como, entretanto, a empresa foi
considerada insolvente, o trabalhador já não pode ter acesso aos seus créditos porque a empresa é insolvente
e já passou o prazo de um ano para poder reclamar junto do Fundo de Garantia Salarial essa garantia mínima
que lhe assegurava o mínimo dos seus direitos.
O que o projeto de lei do Bloco de Esquerda quer fazer é corrigir esta situação e garantir que, num contexto
em que os trabalhadores já perderam quase tudo, porque já perderam o seu emprego, a sua fonte de
rendimento, haja aquele mínimo dos créditos dos seus direitos que lhes é garantido pela segurança social. Este
é o objetivo do projeto do Bloco e esperamos que haja um consenso neste Parlamento para esta pequena
alteração, que pode fazer uma grande diferença na vida de quem já perdeu tudo.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Fundo de Garantia Salarial responde pelo
pagamento dos créditos emergentes de contratos de trabalho no caso de incumprimento por parte da entidade
patronal. Este Fundo tem, por isso, uma importância extrema para os trabalhadores.
Nos últimos anos, num contexto de profunda crise económica e social e de encerramento de empresas, este
Fundo assumiu ou, aliás, deveria ter assumido um papel fundamental na proteção dos direitos dos trabalhadores
e das suas condições de vida e de sobrevivência.
Apesar da tendência de diminuição do número de insolvências de empresas — de 10 213, em 2013, para
9502, em 2016 —, continuam a ser muitos os trabalhadores que recorrem ao Fundo de Garantia Salarial.
De acordo com os últimos dados emitidos pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) referentes
ao ano de 2016, foram efetuadas 1379 intervenções da ACT, das quais 407 estão relacionadas com salários em
atraso, 194 com o pedido de declaração de retribuição em mora, 107 com o Fundo de Garantia Salarial e 51
com o pedido do modelo do Fundo de Garantia Salarial.
Persistem obstáculos e limitações no acesso e âmbito de aplicação do Fundo de Garantia Salarial. É
complexo e é difícil o cumprimento de todos os requisitos legais para efeitos de acesso a este mecanismo, bem
como é muita restrita a definição dos prazos de vencimento dos créditos. Existem mesmo situações nas quais
os trabalhadores, após sentença judicial, não têm possibilidade de reclamar os créditos, gerando situações de
profunda fragilidade económica e social, pois, para além de uma situação de desemprego involuntário, ficam
totalmente desprovidos dos seus rendimentos e dos créditos que lhes são devidos.
Para além disso, continuam a registar-se atrasos e insuficiências na resposta por parte do Fundo de Garantia
Salarial; conforme sucessivas notícias vindas a público dão conta, existem muitos trabalhadores que têm de
esperar mais de um ano para obter uma resposta por parte do Fundo de Garantia Salarial.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, fica assim clara a necessidade de alterar as regras de funcionamento e de
acesso ao Fundo de Garantia Salarial, reforçando os direitos dos trabalhadores.
Com este projeto de lei, o PCP propõe: o alargamento dos créditos pagos, considerando os créditos que
tenham vencido nos 12 meses anteriores à propositura da ação e não apenas aqueles que tenham vencido seis
meses antes; o aumento do limite dos créditos pagos pelo Fundo de seis para oito meses; a simplificação, a
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agilização e a desburocratização do processo, através da imposição de prazos de decisão; a imposição de um
prazo para o pagamento dos créditos, uma vez tomada a decisão sobre o deferimento parcial ou total do
requerimento apresentado pelo trabalhador, porque, de facto, não existe um prazo estabelecido na lei para este
efeito.
São propostas que facilitam e agilizam com celeridade as condições de acesso e impõem um prazo. São
propostas efetivas de valorização do trabalho, de combate à pobreza e de justiça social.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Ricardo Bexiga para uma intervenção.
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Na discussão destas duas iniciativas
legislativas, uma do Bloco de Esquerda e a outra do PCP, convém repor um conjunto de ideias fundamentais
sobre aquilo que efetivamente é o Fundo de Garantia Salarial.
O Fundo de Garantia Salarial não é um fundo que garante os créditos dos trabalhadores perante empresas
em situação de insolvência, em situação de recuperação ou revitalização — não! O Fundo de Garantia Salarial
é um instrumento de garantia emergencial, no sentido de apoiar os trabalhadores que ficam sem o seu trabalho
no quadro destes processos de insolvência e recuperação de empresas. Aliás, o financiamento do Fundo é
assegurado não pelo Estado mas pelos empregadores, através de verbas previstas no Código dos Regimes
Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social.
Os créditos laborais dos trabalhadores são hoje classificados como créditos privilegiados nos processos de
insolvência, e, portanto, estão garantidos no âmbito do que é o funcionamento do quadro legislativo da legislação
sobre insolvência e recuperação de empresas. Não é o Fundo de Garantia Salarial que responde perante estes
créditos, continuam a ser as empresas no quadro legal aplicável. Por isso, o papel do Fundo é o de acudir a
dificuldades urgentes dos trabalhadores nas situações em que se veem subitamente privados do seu trabalho.
Foi neste quadro legislativo global que, em sede de concertação social, foi consolidada a criação e as regras
de funcionamento do Fundo, para que este tenha capacidade efetiva de responder aos seus objetivos.
Sobrecarregar o Fundo com condições de garantia absoluta e total dos créditos laborais, para além do que está
hoje consagrado não é possível, sob pena, a nosso ver, de colocarmos em causa a sua própria sobrevivência e
desvirtuarmos os seus objetivos. Alterar as regras de funcionamento do Fundo em matéria de apreciação e
decisão dos requerimentos de pagamento, designadamente, encurtando para metade os prazos de decisão e
consagrando o deferimento tácito dos pedidos dos trabalhadores, não é realista, nem é exequível, para os atuais
serviços responsáveis pela apreciação e gestão do Fundo.
As alterações legislativas têm de ter em consideração a realidade em que se aplicam, os objetivos que
prosseguem e as limitações concretas da sua aplicação.
As alterações legislativas propostas nos projetos de lei do Bloco de Esquerda e do PCP não são hoje
realistas, não são, a nosso ver, exequíveis, desvirtuam os objetivos da criação do Fundo de Garantia Salarial e
põem em causa a sua sustentabilidade futura e a sua eficácia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Susana Lamas.
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estão hoje em debate dois projetos
de lei, o projeto de lei n.º 241/XIII (1.ª), do BE, e o projeto de lei n.º 646/XIII (3.ª), do Partido Comunista Português,
que propõem alterar o regime do Fundo de Garantia Salarial. Aliás, já na anterior Legislatura, em julho de 2013,
se havia discutido nesta Câmara um projeto semelhante — o projeto de lei n.º 416/XII (2.ª), também da iniciativa
do PCP.
Ora, o Fundo de Garantia Salarial é da maior importância para os trabalhadores na medida em que assegura
o pagamento dos seus créditos nos casos em que as empresas estejam em situação de insolvência ou em
situação económica difícil.
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Até abril de 2015, o Fundo de Garantia Salarial apenas assegurava o pagamento dos créditos dos
trabalhadores cujo empregador fosse judicialmente declarado insolvente.
Mas importa aqui recordar que foi o Governo PSD/CDS-PP que aprovou as novas regras de acesso ao Fundo
de Garantia Salarial, alargando o universo de trabalhadores abrangidos.
Assim, além da situação de insolvência, passaram a estar abrangidos os créditos devidos pelos
empregadores em processo especial de revitalização ou os que recorram ao SIREVE.
Aprovou, também, alterações que passaram pela criação de uma norma antiabuso, que determina a recusa
de pagamento nos casos fraudulentos, isto em ordem à proteção do interesse público, e, numa lógica de
estabilidade temporal e segurança jurídica, os trabalhadores passaram a ter um ano para acionar o Fundo,
contra o anterior prazo de nove meses.
Sr.as e Srs. Deputados, estamos a falar de um Fundo gerido pelo Estado e por representantes dos parceiros
sociais com assento na Comissão Permanente de Concertação Social, pelo que faz todo o sentido que estas
matérias sejam colocadas no seio da concertação social.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Foi o que nós fizemos aquando da discussão do atual regime do Fundo de
Garantia Salarial.
Mas os senhores não! Os senhores, numa atitude pouco democrática, típica das esquerdas, que apenas
querem impor sem dialogar, apresentam estas iniciativas à margem da concertação social…
O Sr. Adão Silva (PSD): — Bem dito!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — … e em desrespeito pelo Governo que dizem apoiar.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Exatamente!
Protestos da Deputada do PCP Paula Santos.
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Sr.as e Srs. Deputados, um País que se quer moderno, com uma democracia
participativa, exige esse diálogo, pois é no diálogo com os parceiros sociais que se consegue uma melhor
resolução das questões relativas aos trabalhadores. É no diálogo com os trabalhadores e com os empregadores
que se alcança uma maior pacificação das relações laborais.
Para terminar, Sr.as e Srs. Deputados, permitam-me reforçar três aspetos: primeiro, estas matérias não
devem ser discutidas à margem do diálogo social, da concertação social, do compromisso social entre parceiros;
segundo, as alterações propostas nos projetos do Bloco de Esquerda e do PCP suscitam-nos, no seu conteúdo,
muitas dúvidas; e, terceiro e último aspeto, o PSD está sempre disponível para melhorar o quadro legal da
legislação laboral, para que esta seja mais conforme com os direitos e interesses dos trabalhadores e das
entidades patronais.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Fundo de Garantia
Salarial foi criado em 1999 para pagar parte dos salários devidos por empresas insolventes e todos nós sabemos
que tem como principal objetivo permitir aos trabalhadores com salários em atraso terem uma forma, muitas
vezes a última forma, de recuperar algum do montante que têm como crédito diante da entidade patronal.
Este Fundo tem uma gestão e uma participação tripartida, é gerido pelo Instituto de Gestão Financeira da
Segurança Social, financiado pelo Estado e por uma parcela da taxa social única paga mensalmente pelas
empresas.
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Neste sentido, o Fundo de Garantia Salarial é um dos últimos mecanismos onde o trabalhador pode requerer
e ter a expectativa de receber créditos laborais resultantes de salários ou outros e que, devido à situação da
entidade empregadora, não lhe serão pagos.
O anterior Governo PSD/CDS — como já aqui foi dito e todos sabemos que é verdade, aliás, isso mesmo
está refletido também nas propostas — percebeu bem a importância deste Fundo e, por isso mesmo, num
considerável processo reformista, por meio do Decreto-Lei n.º 59/2015, aprovou um novo regime do Fundo
Salarial e incluiu os processos especiais de revitalização e os sistemas de recuperação de empresas por via
extrajudicial no âmbito da sua jurisdição.
Sabendo todos nós — e é consensual — que o Fundo de Garantia Salarial é da maior importância, é com
toda a prudência e todo o cuidado que quaisquer alterações sobre o seu teor devem ser consideradas.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — A prudência significa que devem ser testados e avaliados os
impactos e, naturalmente, o melhor método para o fazer é de uma forma dialogada, concertada, ouvindo e
envolvendo o maior número de entidades, porque se todos queremos que o Fundo de Garantia Salarial seja
reforçado e não enfraquecido não vamos querer que as medidas — por muito boas que possam ser as intenções
de algumas delas — resultem, afinal, num enfraquecimento deste Fundo.
O estranho neste debate é que se verifica que a própria maioria que sustenta este Governo não se concertou,
não avaliou conjuntamente, não se testou nos seus argumentos. Algumas das matérias que são trazidas por
estas propostas, aparentemente, fazem sentido e deveriam ser avaliadas e é estranho ouvirmos o Partido
Socialista dizer, perentório, que elas não têm qualquer sustentação, não são consistentes, não têm
sustentabilidade. Por isso, gostávamos de saber se foram testadas, se foram avaliadas, se o Governo e o Partido
Socialista as quiseram levar à concertação social. Esta interrogação, esta constatação da incapacidade de
concertação e avaliação ferem estes diplomas, creio eu, e comprometem-nos.
Para concluir, Sr. Presidente, quero dizer que nós, no CDS, estamos, naturalmente, disponíveis para
melhorar, para reforçar o Fundo de Garantia Salarial, não queremos é fazê-lo de uma forma que comprometa o
seu futuro e achamos que, aqui, o Partido Socialista mostrou que esteve muito pouco aberto e deveria
protagonizar alguns dos debates que aqui são propostos.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato, do Grupo Parlamentar do PCP.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Nenhum trabalhador quer ver-se na situação de
ter de recorrer ao Fundo de Garantia Salarial, nenhum trabalhador quer imaginar-se nessa situação, porque os
que o têm feito têm sido obrigados a esperar, nalguns casos, mais de um ano para terem algum tipo de
rendimento. Portanto, sobrevivem em situações de grande fragilidade económica.
Por isso, não nos basta dizer que existe um fundo. Se as condições de acesso e de funcionamento desse
fundo são tão difíceis de conseguir, é óbvio que, por si só, a existência desse mecanismo, não chega.
Relativamente a esta matéria, as propostas que trazemos são para garantir melhores condições de acesso
ao Fundo. É verdade que ele foi alargado a outros mecanismos, como já aqui foi dito, mas não é verdade que
tenham sido alteradas as regras de acesso, por isso, o problema mantém-se, Srs. Deputados. Aquilo que o PS,
o PSD e o CDS disseram relativamente a esta matéria é que vivem bem com isso, vivem bem com o facto de
os trabalhadores não terem, hoje, condições de acesso ao Fundo de Garantia Salarial.
Srs. Deputados, Sr. Deputado Ricardo Bexiga, não é verdade que as propostas que o PCP aqui apresenta
coloquem em causa a sustentabilidade do Fundo de Garantia Salarial.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Termino já, Sr. Presidente.
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O que coloca em causa a sustentabilidade da segurança social, entre outras matérias, e o Fundo de Garantia
Salarial são incumprimentos por parte das entidades patronais.
Portanto, no momento em que se decide aqui de que lado é que temos de estar, ou a defender os direitos
dos trabalhadores ou a penalizar os que incumprem com os seus deveres, o PS mostra que está do lado do
patronato e não dos trabalhadores.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para concluir este debate, em nome do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, tem
a palavra o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ricardo Bexiga, não é o Estado que financia
o Fundo, são as empresas. Aliás, o Fundo paga ao trabalhador e, depois, torna-se credor da empresa. Disse
também que os trabalhadores são credores privilegiados nos processos de insolvência. Certo, mas o problema
é quando não conseguem receber nada, e se recorrem ao Fundo não é por opção, é por necessidade.
Por isso, é errado o que disse, que os projetos pretendem que o Fundo passe a dar uma garantia absoluta e
total. É falso! Ou não leu os projetos ou está a dizer uma coisa que não corresponde à verdade. O Bloco de
Esquerda mantém exatamente os critérios que existem atualmente: no máximo, os seis meses anteriores; um
teto máximo de 9500 € relativamente ao que os trabalhadores podem receber. Portanto, não percebo, sequer,
de onde retirou esse argumento.
Não vou despender muito tempo a comentar as intervenções, sobretudo do PSD, que é aquela infinitésima
versão de que a Assembleia da República teria de fazer uma espécie de voto de silêncio sobre matérias laborais,
porque o Parlamento do País, que foi eleito diretamente, estaria sob o veto de uma espécie de câmara
corporativa, que é a concertação social.
Mas gostava de me concentrar no que disse o Sr. Deputado do PS, porque acho que lhe fica mal dizer que
o projeto do Bloco não é realista ou que desvirtua o Fundo. Estamos a falar de duas alterações cirúrgicas, que
mantêm o âmbito, a lógica, o financiamento, o modo de decisão e até os prazos do regime que existe hoje. Só
queremos resolver a situação gritante de injustiça de um trabalhador que vai reclamar fundos, que vai reclamar
os seus créditos para tribunal e, porque demora dois anos a decisão do tribunal, já não pode ir ao Fundo de
Garantia Salarial. Queremos que esse trabalhador passe a poder fazê-lo.
Se votar contra uma alteração tão simples, tão pequenina como esta, o PS só mostra que não se opõe a
alterações de fundo, opõe-se a qualquer mexida minúscula que garanta mais direitos no âmbito do Fundo de
Garantia Salarial.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, passamos ao quarto ponto da agenda, relativo ao debate conjunto do
projeto de resolução n.º 1065/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo a implementação de medidas na área da
oncologia pediátrica, promovendo maior apoio e proteção aos menores portadores de doença oncológica e aos
seus cuidadores (CDS-PP), do projeto de lei n.º 649/XIII (3.ª) — Reforça a proteção social e laboral dos pais
num quadro de assistência do filho com doença oncológica (PAN), na generalidade, e dos projetos de resolução
n.os 1092/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que adote medidas de reforço do apoio às crianças e jovens com
cancro (PSD), 1094/XIII (3.ª) — Reforço de medidas na área da oncologia pediátrica e de apoio às crianças e
adolescentes com cancro e suas famílias (PCP), 1095/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que implemente
várias medidas destinadas a uma maior proteção dos menores com doença oncológica e dos respetivos
familiares/cuidadores (PAN) e 1097/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo a adoção de medidas para apoio às
crianças e jovens com cancro, assim como aos seus cuidadores (BE).
Para apresentar o projeto de resolução do CDS-PP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputada e Srs. Deputados: O CDS está aqui,
hoje, naquilo que eu reportaria de dia feliz, para apresentar um projeto de resolução que visa recomendar ao
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Governo que tome medidas concretas para proporcionar melhores condições de tratamento e apoio às crianças
com cancro e seus familiares.
Este é um projeto nascido da necessidade de responder às preocupações e desafios da sociedade civil,
conjugando a expressão de necessidades por parte de associações de pais e cuidadores com o nosso
conhecimento sobre esta matéria tão relevante e que temos acompanhado desde há muito.
Poder reduzir o sofrimento de um grupo de pessoas com vulnerabilidade notória e proporcionar-lhes melhores
condições de vida é para nós objetivo maior e, por isso, não podemos deixar de congratular-nos com o facto de
a maioria dos partidos aqui representados, com exceção do PS e de Os Verdes, se ter depois associado à
iniciativa do CDS, apresentando também iniciativas legislativas nesta matéria.
Aplausos do CDS-PP.
Não podemos também deixar hoje, aqui, de saudar, reconhecer e agradecer o trabalho das famílias, das
associações e dos voluntários que apoiam crianças com cancro, associações como a Acreditar ou a Pais Heróis,
aqui também presentes, que são um exemplo de coragem, grandeza e heroicidade e nos impulsionaram a estar
à altura do que de nós espera, enquanto legisladores, a sociedade civil. Bem hajam pelo vosso trabalho.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Ainda que sendo uma doença de baixa prevalência no nosso País
— são cerca de 400 a 450 novos casos por ano —, o cancro em idade pediátrica é uma entidade com elevado
impacto, primeiro nos que registam a doença, depois nas suas famílias e nos próprios serviços e profissionais
de saúde.
Apesar da sua raridade, é a principal causa de morte por doença em crianças com idade superior a um ano
e, como tal, merecedora de toda a nossa preocupação e atenção.
Temos, felizmente, uma larga maioria de crianças que se cura e que vive, depois, na idade adulta, com várias
sequelas decorrentes do tratamento, requerendo acompanhamento prolongado. Temos também as crianças
que não se curam e aquelas que vêm a falecer, mas para todas elas, as que se curam e as que não se curam,
há que encontrar respostas que menorizem e tratem ativamente o seu sofrimento. E nunca será demais reforçar
a necessidade da prestação de cuidados paliativos pediátricos, área em que o CDS também se tem empenhado.
Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: De acordo com as melhores recomendações e práticas,
estas medidas cruzam diferentes setores, desde a educação, à saúde, passando pelo trabalho e apoio social,
sendo todos eles convocados para majorar a qualidade de vida destes pequenos grandes heróis do quotidiano.
Apesar de alguns avanços no apoio a estes doentes nos últimos anos, há ainda muito que fazer. Temos hoje
a oportunidade de ir ao encontro das múltiplas dificuldades que sofrem e de ajudar a fazer a diferença na vida
dessas pessoas, com medidas concretas e relevantes.
Segundo os relatos que nos chegam das associações, os apoios do Estado são insuficientes e pouco ágeis.
Os problemas e entraves são muitos e relevantes. Há inúmeras dificuldades, que vão do acesso aos subsídios
de acompanhamento, ao apoio escolar, ao ensino a distância, às situações de discriminação geradoras de
desemprego, ao apoio e acesso aos cuidados paliativos, à falta de informação sobre os direitos. Tarda também
— e é bom lembrar aqui, hoje — a implementação, por parte do Governo, do estatuto do cuidador informal, de
acordo com recomendações desta Casa, aprovadas consensualmente há mais de um ano.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, já ultrapassou o seu tempo.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Estou a terminar, Sr. Presidente.
É urgente dar respostas concretas a estes problemas, é urgente cuidar melhor destas pessoas, destas
crianças, destas famílias. Nesse sentido, apresentamos este conjunto de 33 medidas, que incidem nas áreas da
saúde, da educação, do trabalho e segurança social.
Fica, desde já, o nosso compromisso com outros grupos de crianças com doença crónica e seus familiares,
para apresentar propostas legislativas que sejam extensíveis à sua patologia.
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O Sr. Presidente: — Peço-lhe para terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Entendemos que é urgente dar resposta a estas pessoas, naturalmente fragilizadas pela gravidade da
doença. É obrigação do Estado proteger estas famílias. Oxalá o Governo esteja à altura e faça a sua parte,
como cada um de nós está hoje, aqui, a fazer a sua.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Silva, do PAN.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Anualmente são
diagnosticados, em Portugal, 400 novos casos de cancro infantil. Conhecendo os impactos que este diagnóstico
tem na vida da criança e da sua família e as dificuldades que este cria, nomeadamente económicas ou de gestão
da vida familiar e conciliação desta com a atividade profissional, o PAN traz hoje a debate dois projetos que
contribuem para melhorar as condições de vida da criança e dos pais.
Atualmente, a lei prevê a existência de uma licença para assistência a filho com doença crónica, com a
duração de seis meses, prorrogável até quatro anos. O PAN propõe que esta licença possa ser prorrogada além
dos quatro anos, caso a doença persista ou apresente recidiva.
Propomos ainda que nas fases críticas da doença, nomeadamente no diagnóstico, em períodos de
agudização e na fase terminal, ambos os responsáveis parentais possam exercer conjuntamente a licença para
assistência, e não apenas um deles, como acontece atualmente.
Além disto, propomos ainda a criação de um subsídio de alojamento a atribuir à família, quando a criança
necessite de fazer tratamentos em regime ambulatório e estes se encontrem a uma distância superior a 100 km.
Consideramos também que deve ser garantida a todas as crianças e jovens e respetiva família nuclear —
pais e irmãos — uma consulta de avaliação no serviço de psicologia entre 15 a 30 dias após o diagnóstico, bem
como o seu acompanhamento psicológico regular.
Propomos ainda o reforço das equipas docentes nos hospitais, com a inclusão de mais professores a partir
do 5.º ano, bem como a existência de mais professores do 1.º ciclo e do ensino especial para apoio ao domicílio,
devendo ser assegurada também a reintegração escolar da criança com cancro.
Tendo em conta os custos associados aos tratamentos, propomos ainda a comparticipação de todos os
medicamentos destinados ao tratamento de crianças com cancro, bem como dos suplementos alimentares
prescritos pelo médico oncologista.
Por último, devem ser assegurados os melhores cuidados em fim de vida, bem como ser utilizadas as
melhores práticas médicas, nomeadamente no que concerne à terapia da dor, devendo ser reforçados os meios
necessários para o efeito.
Sr. Presidente, Sr.as Deputadas, Srs. Deputados: Acreditamos que as propostas que hoje trazemos
contribuirão para minorar o sofrimento dos pais e das crianças com cancro, numa altura tão difícil das suas
vidas, situação para a qual o Estado tem de ter uma resposta.
Aplausos da Deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto.
O Sr. Presidente: — Pelo Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Vales.
O Sr. Luís Vales (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: O debate de hoje é um debate
especial, porque é centrado nas crianças que sofrem de doença oncológica.
São várias e importantes as iniciativas legislativas e políticas que quase todos os grupos parlamentares
entenderam apresentar sobre esta matéria. E são muitas as propostas — quase todas, senão mesmo todas —
muito válidas e oportunas.
Com efeito, comparando os projetos do PSD, do CDS, do Bloco de Esquerda, do PCP e do PAN,
encontramos medidas nas áreas da saúde e da educação, da segurança social e do trabalho, nas quais
perpassa uma genuína preocupação com a necessidade de reforço dos apoios dados às crianças com doença
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oncológica, mas também aos seus pais — verdadeiros pais heróis — bem como aos demais cuidadores e
familiares dessas crianças.
Quero por isso saudar os grupos parlamentares que apresentaram iniciativas neste domínio, na certeza de
que todos soubemos colocar os interesses das crianças acima de divergências políticas ou de ocasião.
Mas quero também saudar a Associação de Pais Heróis, uma entidade constituída em 2014 e que integra,
principalmente, mães e pais de crianças e jovens com cancro, por ter partilhado com os Deputados do Grupo
Parlamentar do PSD as suas experiências, os seus anseios e as suas preocupações, assim dando também um
importantíssimo contributo para o projeto de resolução que hoje apresentamos em debate.
Por outro lado, gostaria de saudar a Liga Portuguesa Contra o Cancro e a Ordem dos Psicólogos pelos
contributos que estas entidades, generosamente, também ofereceram ao projeto de resolução do PSD e que
muito enriqueceram as propostas que apresentamos hoje ao País.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O cancro pediátrico constitui a principal causa da morte por doença
nas crianças com idade superior a um ano, estimando-se que, em Portugal, todos os anos sejam diagnosticados
cerca de 350 casos de cancro em crianças e jovens.
Apesar de, entre nós, a taxa de cura do cancro pediátrico ser relativamente elevada, oscilando entre os 75%
e os 80%, não há dúvida que esta doença constitui uma realidade tremenda para as crianças e jovens que a
enfrentam, assim como para as suas famílias.
Nunca serão, por isso, em demasia os apoios concedidos a estas famílias, seja no âmbito da segurança e
solidariedade social, da saúde ou da educação.
Por isso, apresentamos medidas de apoio especial a essas crianças e aos seus cuidadores, procurando que
as mesmas se adequem melhor à natureza, à complexidade e à própria durabilidade dessa doença.
Procuramos também que o Estado garanta um efetivo direito à igualdade e à não discriminação laboral dos
pais de crianças ou jovens com cancro, preconizando a atribuição de apoios financeiros específicos quando
aqueles se encontrem em situação de desemprego.
Para além disso, propomos medidas para a humanização das condições de acolhimento das crianças e
jovens com cancro nos serviços de saúde, bem como para a melhoria do seu bem-estar físico e psicológico.
Na área da educação, propomos medidas que favoreçam a melhoria do aproveitamento escolar e da
integração e sociabilização das crianças e jovens com cancro.
Finalmente, reiteramos, nesta iniciativa, a necessidade de o Governo aprovar, de uma vez por todas, o
estatuto do cuidador informal, nos termos que lhe foram, aliás, recomendados por várias resoluções da
Assembleia da República e ainda recentemente recordados pelo Sr. Presidente da República.
Com o presente projeto de resolução, o Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata oferece o seu
contributo para ajudar as famílias das crianças e jovens vítimas de doença oncológica e, em especial, os pais
desses menores, procurando garantir-lhes uma proteção mais justa e humanizada.
Aprovados os diplomas em apreciação, saiba depois o Governo dar-lhes execução e cumprir o seu dever
perante o País, satisfazendo os justíssimos anseios das famílias que têm no seu seio crianças e jovens com
cancro.
Aplausos do PS e de Deputados do CDS-PP.
Entretanto, assumiu a presidência a Vice-Presidente Teresa Caeiro.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, em nome do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As primeiras palavras são para
cumprimentar as associações aqui presentes pelo contributo que deram no sentido de nos alertar para os vários
problemas com que as famílias das crianças e jovens com doença oncológica se confrontam.
Aplausos do PCP.
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De acordo com a Organização Mundial de Saúde, nas últimas décadas, tem-se assistido a um aumento
significativo da incidência de cancro pediátrico, numa proporção que sugere que, dos 6,250 mil novos casos de
cancro diagnosticados a cada ano, 4%, ou seja, cerca de 250 mil, são crianças.
Em Portugal, surgem todos os anos mais de 400 novos casos de cancro pediátrico, sendo a segunda causa
de morte nos jovens até aos 18 anos, logo a seguir aos acidentes.
Pese embora estes números, verifica-se que a sobrevivência da criança com cancro tem vindo a melhorar
significativamente desde os anos 70, sendo comumente aceite que tal melhoria se deve a progressos registados
ao nível do diagnóstico, designadamente do diagnóstico precoce, do tratamento e do apoio aos doentes.
Para o PCP, estes progressos são indissociáveis da consagração do Serviço Nacional de Saúde e a
disseminação de cuidados de saúde, quer primários, quer hospitalares, pelo País.
O diagnóstico e tratamento da doença oncológica tem consequências para o doente e para a família e
abrange diversas dimensões, com especial impacto do ponto de vista emocional e afetivo, social e económico.
É, pois, neste sentido que apresentamos hoje aqui esta iniciativa, que visa responder às necessidades
identificadas, designadamente: no domínio da saúde e do Serviço Nacional de Saúde, que seja providenciado
o tratamento em tempo adequado às crianças e jovens a quem foi diagnosticado cancro, sendo disponibilizadas
as terapêuticas mais adequadas aos doentes, incluindo os novos medicamentos; que seja reforçado o apoio
psicológico à criança e ao jovem com doença oncológica e à sua família em todas as fases da doença; que
sejam contratados profissionais de saúde, sejam médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica,
psicólogos ou técnicos superiores de serviço social; que sejam renovados os equipamentos utilizados nos
tratamentos oncológicos e, também, reforçados os mecanismos de comparticipação e atribuição de produtos de
apoio e que os suplementos diatéticos destinados às crianças e jovens com cancro sejam comparticipados a
100%.
No domínio da escolaridade, que seja permitido o acesso ao apoio especial educativo às crianças e jovens,
designadamente às condições especiais de avaliação e frequência escolar; que haja apoio educativo e/ou
domiciliário sempre que seja necessário e haja uma justificação clínica para tal; que sejam reforçadas as equipas
colocadas pelo Ministério da Educação nos hospitais de forma a que seja feito um melhor e mais adequado
acompanhamento destas crianças e jovens com cancro.
No domínio dos apoios sociais a prestar aos pais e aos cuidadores de crianças, que seja eliminada a condição
de recursos, que tem sido, de facto, um obstáculo a que muitas destas famílias possam receber subsídios
sociais; que seja providenciado o alargamento das condições de acesso e dos montantes das prestações
sociais; que seja estudada a possibilidade de prorrogação da licença de acompanhamento do filho para além
dos 4 anos, desde que a doença persista ou tenha havido recidiva que o justifique.
No domínio dos direitos do trabalho a aplicar aos progenitores e cuidadores, que seja garantida a
obrigatoriedade de a entidade patronal adequar o horário de trabalho e as funções a desempenhar; que seja
realizado no respeito pelas especificidades concretas do cuidador da criança ou jovem com doença oncológica.
Por fim, que seja feito um reforço efetivo dos meios de fiscalização por parte da Autoridade para as Condições
do Trabalho, nomeadamente dos meios e mecanismos de fiscalização no que respeita à redução do horário de
trabalho.
É este o compromisso do PCP e é sobre isto que continuaremos a trabalhar.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, em nome do Bloco de Esquerda, tem a palavra
o Sr. Deputado Moisés Ferreira.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Sobre este ponto, permitam-me que
comece por cumprimentar, saudar e agradecer o trabalho de todas as associações, de todos os profissionais de
saúde e de todos os cuidadores informais que no dia-a-dia se debatem com esta temática.
Apresento também um cumprimento particular à Associação de Pais Heróis, que fez chegar a esta Casa, à
Assembleia da República, problemas muito concretos de pais, de mães, de familiares, de cuidadores que têm a
seu cargo crianças e jovens com doença oncológica e que nos transmitiu, com muita fidedignidade, as
dificuldades por que passam no dia-a-dia.
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Já aqui foi dito que o cancro em idade pediátrica é raro, mas cada caso é dramático. Já aqui foi dito que tem
uma alta taxa de sobrevivência, é verdade, mas isso não nos pode fazer ignorar que traz graves
condicionamentos à vida tanto das crianças e dos jovens como dos seus cuidadores.
A doença oncológica exige muito das crianças, dos familiares e dos cuidadores. Exige, acima de tudo, muita
coragem e muita força, até porque é preciso ultrapassar muitas dificuldades: para as crianças, os tratamentos
agressivos e os efeitos secundários que daí advém, a separação dos amigos e dos familiares, a necessidade
de isolamento, as deslocações regulares, a interrupção do percurso escolar; para os familiares e para os
cuidadores, o desgaste e o esgotamento, a angústia por se confrontarem com um diagnóstico deste tipo, a falta
de apoio para fazer face a despesas com deslocações, suplementos, medicamentos, e, muitas vezes, a
impossibilidade de acompanhar a criança na doença por não ser possível prorrogar a baixa por assistência a
filho menor.
Existe, desde 2009, em Portugal, um regime especial de proteção de crianças e jovens com doença
oncológica mas é claramente insuficiente nas suas medidas. Aliás, nem sequer chegou a ser regulamentado.
Por isso, com a sua iniciativa legislativa, o Bloco de Esquerda apresenta várias medidas que considera serem
absolutamente fundamentais para responder às crianças, aos jovens, aos familiares e aos cuidadores.
São várias mas resumo-as em cinco ou seis que nos parecem centrais: transporte gratuito; comparticipação
de medicamentos e suplementos alimentares pelo escalão A; apoio psicológico; reforço dos cuidados
domiciliários para apoiar, do ponto de vista da saúde, estas pessoas.
É preciso garantir que se aumenta o número de docentes a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde e que
se reforçam as respostas de apoio docente ao domicílio para que o cancro pediátrico não implique uma
interrupção dos estudos e do percurso escolar e, ainda, possibilitar a prorrogação de baixa por assistência a
filho menor, que esta baixa seja tida em conta para o cálculo do tempo de serviço para a aposentação e que
seja permitido horário flexível sem redução da remuneração para cuidadores de crianças e jovens com cancro
pediátrico.
Termino, Sr.ª Presidente, dizendo que, de uma vez por todas, é necessário colocar de pé e a funcionar o
estatuto do cuidador informal. Aliás, o Governo está comprometido com a entrega do estatuto do cuidador
informal até ao final deste ano, na Assembleia da República, e com a realização uma audição pública. Portanto,
não esperamos menos do que isso deste Governo e desta vez tem de ser para valer.
Aplauso do BE e da Deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Em nome do Partido Socialista, tem a palavra o Sr. Deputado António
Sales.
O Sr. António Sales (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quando falamos em doenças
oncológicas, e mais especificamente em oncologia pediátrica, torna-se impossível distanciarmo-nos da dor e do
sofrimento associados.
É nos olhos de cada criança que brilha a luz de esperança num futuro melhor. Todos os anos, em Portugal,
6000 crianças necessitam de cuidados paliativos, 6000 filhos e netos de alguém, cada um com a sua
especificidade, cada um com um futuro para viver e histórias de conquistas para contar.
E se é verdade que o número de novos casos e o número de óbitos por cancro, ao longo das últimas décadas,
mostra uma tendência crescente, também é verdade que há cada vez mais histórias de sucesso no tratamento
destas doenças.
E se é verdade que nos preocupam as questões de mortalidade associadas ao cancro infantil, também é
verdade que nos preocupa o impacto desta doença nos seus portadores, nos seus familiares e na qualidade de
vida dos que sobrevivem.
Nenhuma família se mantém intacta após este impacto devastador.
Preocupa-nos o envolvimento contínuo dos pais; o ambiente apropriado à idade; o direito a uma equipa
multidisciplinar; o acesso a centros especializados e de referência; o direito à privacidade, ao apoio especial
educativo, ao apoio psicológico, ao acesso a terapêuticas inovadoras, à proteção de parentalidade e, acima de
tudo, Sr.as e Srs. Deputados, o respeito pela dignidade da criança e da família.
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Sr.as e Srs. Deputados, a oncologia é uma das áreas que mais necessitamos de trabalhar, investigar e
encontrar soluções.
A prevenção, a sinalização e o diagnóstico precoce são os pontos-chave da fórmula de sucesso no combate
à doença.
O XXI Governo Constitucional, na página 96 do seu programa de ação, coloca como prioridade estratégica
a abordagem integrada e de proximidade de doença crónica, cobrindo, através de um programa de prevenção,
a doença oncológica e prevê ainda o reforço dos cuidados prestados no domicílio e em ambulatório.
Este Governo, Srs. Deputados, passa do papel à ação: em 2016, inaugurou a primeira Unidade de Cuidados
Paliativos Pediátricos, O Kastelo, em Matosinhos, exemplo paradigmático de um Governo que fica ligado pelo
seu determinante incentivo a esta conquista; o acompanhamento clínico oncológico no Serviço Nacional de
Saúde tem hoje profissionais mais direcionados, terapêuticas mais diversificadas e recursos de suporte de
doença; tem mais e melhor conhecimento da doença, hospitais mais humanizados, melhores meios
complementares de diagnóstico, mais unidades de tratamento da dor.
Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, esta é uma realidade da qual nos podemos orgulhar.
Se há Governo que tem feito investimento nesta matéria, é este Governo.
O Sr. FilipeNetoBrandão (PS): — Muito bem!
O Sr. AntónioSales (PS): — Se há Governo que tem procurado consensos políticos e partidários nesta
matéria, é este Governo. Veja-se o exemplo da aprovação, nesta Câmara, do Registo Oncológico Nacional.
Se há Governo que tem estado ao lado destas famílias e destas crianças, cujo sofrimento é só por si
devastador, é este Governo.
Sr.as e Srs. Deputados, o Partido Socialista é especialmente sensível a esta temática e, por isso, dará
continuidade ao trabalho realizado até à presente data.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, fica, assim, concluída a discussão deste ponto da
nossa ordem de trabalhos.
Vamos prosseguir com a discussão conjunta, na generalidade, dos projetos de lei n.os 561/XIII (2.ª) — Fixa o
regime de atribuição e os montantes dos acréscimos em suplementos e outras compensações que se
fundamentem na prestação de trabalho em condições de risco, penosidade e insalubridade (sexta alteração à
Lei n.º 35/2014, de 20 de junho — Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas) (PCP) e 589/XIII (2.ª) — Fixa o
regime de atribuição das compensações em acréscimo aos suplementos remuneratórios que se fundamentem
na prestação de trabalho em condições de risco, penosidade e insalubridade (sexta alteração à Lei n.º 35/2014,
de 20 de junho — Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas) (PCP).
Para apresentar estas iniciativas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: As condições de atribuição dos suplementos de
risco, penosidade e insalubridade foram definidas num diploma em 1998, passando a consagrar as figuras de
compensações, suplementos e demais regalias a atribuir em função de algumas particularidades específicas do
trabalho prestado no âmbito da administração pública central e da administração local.
Passados quase 20 anos, estas compensações ainda não são garantidas aos trabalhadores. Foram
completamente desprezados os prazos de regulamentação previstos no diploma, sendo que as compensações
devidas aos trabalhadores nunca foram definidas e muito menos pagas.
A Lei n.º 12-A/2008 revogou expressamente este diploma sem sequer designar ou regulamentar as
condições de risco, penosidade ou insalubridade, continuando os trabalhadores a executar trabalho nessas
condições sem qualquer reconhecimento da sua condição, nem do pagamento da compensação devida.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
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A Sr.ª RitaRato (PCP): — A obrigatoriedade do pagamento dos suplementos remuneratórios passou a estar
tipificada na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, mas, deliberadamente, sem determinar o seu âmbito
de aplicação, as suas regras de cálculo, o modo de pagamento destes suplementos, permanecendo esta
obrigatoriedade num vazio e os trabalhadores sem o pagamento de qualquer suplemento que compense os
danos eventuais ou efetivos do trabalho executado em condições de risco, penosidade ou insalubridade.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Obviamente que a aplicação do suplemento deve estar dependente da
efetiva execução de tarefas ou do exercício de funções em condições de risco, de penosidade e de
insalubridade, mas a atribuição deste suplemento por insalubridade ou penosidade não constitui um privilégio,
mas, sim, um direito dos trabalhadores em função do trabalho prestado.
Basta de invocar um vazio legal para não garantir o pagamento de direitos a estes trabalhadores! Basta de
invocar a necessidade de regulamentação para adiar o pagamento deste suplemento aos trabalhadores! Esta é
uma reivindicação dos trabalhadores da administração pública central e dos trabalhadores da administração
local.
O PCP traz soluções concretas e está disponível para as discutir na especialidade.
O PCP assume este compromisso. É um compromisso fundamental na defesa dos direitos dos trabalhadores
e na melhoria das condições de trabalho.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Barros.
A Sr.ª CarlaBarros (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: É evidente que não podemos ficar
indiferentes à situação daquele trabalhador que, ainda de madrugada, faça chuva ou faça sol, sai de casa para
o exercício das suas funções, para que, ao amanhecer, as nossas aldeias, vilas e cidades se apresentem limpas
e asseadas.
Sr.as e Srs. Deputados, naturalmente que o PSD tem algumas divergências com o PCP, partido proponente
desta matéria. Temos referido bastantes aspetos que nos distanciam, sobretudo em relação a estas matérias
que dizem respeito aos trabalhadores da Administração Pública.
O PCP propõe que sejam criados acréscimos remuneratórios, que sejam aumentados os dias de férias e de
descanso, que seja reduzido o horário de trabalho semanal e que sejam criadas algumas especificidades no
que concerne aos regimes de aposentação e reforma.
Sr.as e Srs. Deputados, são dois os motivos que nos distanciam desta iniciativa do PCP.
O primeiro tem a ver com o facto de esta proposta criar graves e fortes injustiças e desigualdades entre os
trabalhadores, realçando ainda mais o fosso que há entre trabalhadores do privado e trabalhadores do público.
Aliás, a Sr.ª Deputada Rita Rato referiu que esta iniciativa tem forte impacto na administração local.
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Pois tem, mas não devia ter!
A Sr.ª CarlaBarros (PSD): — Ora bem, a administração local, como sabem, no que concerne aos serviços
de limpeza, por exemplo, tem esta matéria adjudicada a empresas externas e, muitas vezes, coexistem as
mesmas realidades no mesmo espaço.
É este fosso, estas desigualdades, estas injustiças, esta discriminação que nós não queremos que exista no
mesmo espaço e na proximidade daqueles que exercem as mesmas funções.
O Sr. AdãoSilva (PSD): — Bem dito!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Esta intervenção vai ser muito útil no YouTube!
A Sr.ª CarlaBarros (PSD): — O segundo motivo não é novidade nesta Assembleia. Falo da questão dos
impactos orçamentais. O PCP e o Bloco de Esquerda, ultimamente, têm apresentado iniciativas que não têm
qualquer rigor, nem qualquer seriedade em relação às contas que apresentam ao País.
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O Sr. AdãoSilva (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª CarlaBarros (PSD): — É estranho perceber que, passados dois anos de governação, o próprio Partido
Socialista ainda não tenha introduzido uma espécie de lei-travão ao Bloco de Esquerda e ao PCP em relação a
estas matérias em que não temos garantia nenhuma de que os direitos que são atribuídos hoje aos
trabalhadores sejam garantidos no futuro.
Protestos do BE e do PCP.
Está a ser feita a todo o custo esta proteção ao Bloco de Esquerda e ao PCP sem serem contabilizados
custos para os portugueses.
Vou terminar, Sr.ª Presidente, porque o tempo de que disponho está a chegar ao fim, apelando ao Governo,
enquanto entidade patronal destes trabalhadores, que vigie e dê mais atenção a estas matérias da higiene,
segurança e saúde no trabalho, para que estes trabalhadores que estão mais expostos aos riscos possam estar
protegidos.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Wanda
Guimarães.
A Sr.ª WandaGuimarães (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Não posso deixar de dizer que o
Partido Socialista sempre teve uma vocação de liberdade e não de repressão, e por aqui que me fico quanto
àquela consideração da lei-travão.
Temos em análise dois projetos de lei sobre a prestação do trabalho em condições de risco, penosidade e
insalubridade. Aliás, os dois projetos de lei são aplicáveis às autarquias locais, só que um aborda as
compensações remuneratórias e o outro aborda um tipo diferente de compensações — e já aqui foi dito —,
como o horário de trabalho, os dias de férias suplementares e os benefícios na aposentação.
Sobre esta matéria, gostaria de fazer quatro comentários.
Primeiro comentário: os dois projetos de lei são generosos, não o negamos.
Segundo comentário: existem duas questões centrais sobre esta matéria, que são a organização do trabalho
e as condições do trabalho. Elas têm, hoje em dia, um espectro, que é a penosidade crescente, os ritmos de
trabalho acelerados, a invasão do espaço privado, o stress galopante com a determinação de objetivos que têm
de ser atingidos. Ou seja, cada vez mais o desgaste emocional e físico faz parte do quotidiano das trabalhadoras
e dos trabalhadores e, Caras Deputadas e Caros Deputados, aqui é que reside o problema.
A penosidade e o stress estão intimamente ligados ao conceito de desgaste rápido. Aliás, algumas das
medidas propostas são inspiradas exatamente na legislação em vigor para as profissões de desgaste rápido e
não só para determinadas profissões exercidas nas autarquias locais. Existem atualmente grupos e setores que
reivindicam essa qualidade, como, por exemplo, os polícias, os motoristas, os trabalhadores dos callcenters. E
nós perguntamos: por que não os enfermeiros? Por que não os médicos? Por que não os secretários ou as
secretárias da administração de uma grande empresa? Por que não os trabalhadores das pedreiras?
Terceiro comentário: a nossa opinião tem sido consistente, e repetimo-la mais uma vez. As alterações
legislativas, em nosso entender, não ganham em ser pontuais e muito menos imediatistas, embora concedamos,
como já foi aqui dito, que algumas até possam ser consideradas minúsculas.
Temos até ao fim de 2017 para fazer a análise do Livro Verde sobre as Relações Laborais e para formularmos
ponderadamente, durante o ano de 2018, as necessárias alterações. Este é, sem dúvida, um tema a abordar.
Termino, Sr.ª Presidente, com o quarto e último comentário: esta área — e gostamos de sublinhar este ponto
— está fundamentalmente ligada ao espaço negocial das organizações sindicais, que não devem ser arredadas
do processo.
Por todas estas razões, não acompanharemos estas duas medidas.
Aplausos do PS.
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A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Carlos
Monteiro.
O Sr. AntónioCarlosMonteiro (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PCP traz hoje a
debate, no Plenário, a discussão sobre os suplementos e outras compensações resultantes da prestação de
trabalho em condições de risco, penosidade e insalubridade, propondo alterar a Lei Geral do Trabalho em
Funções Públicas.
O CDS sabe que há várias profissões que, pelas suas especiais características, colocam os seus
trabalhadores numa situação de risco superior aos demais trabalhadores da função pública.
Temos um profundo respeito por todos esses trabalhadores que, com o seu trabalho, muitas vezes de noite
e de modo quase invisível, garantem que as nossas comunidades funcionem com mais qualidade de vida.
Esses trabalhadores não foram esquecidos, como comprova a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas,
que o Governo PSD/CDS aprovou. Do mesmo modo que não foram esquecidos, consideramos que esses
trabalhadores também não devem ser usados por nenhuma força política.
O PCP propõe, hoje, o aumento do valor do subsídio, a diminuição do horário de trabalho, o aumento dos
dias de férias suplementares, a aposentação mais cedo.
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Acha que são privilégios?!
O Sr. AntónioCarlosMonteiro (CDS-PP): — Era bom que o PCP clarificasse ao que vem.
Pergunto: o PCP negociou com o Partido Socialista a aprovação deste projeto de lei? O PCP negociou com
o Governo que apoia a aprovação deste projeto de lei? É que não parece, como, aliás, acabou de se perceber
pelo discurso do Partido Socialista.
Está comprovado: o Orçamento do Estado para 2018 já foi entregue e na próxima semana começará a ser
debatido nesta Assembleia. Nada consta no Orçamento do Estado relativamente a esta matéria. O que é que
PCP irá fazer em relação ao Orçamento do Estado? Vai aprová-lo, não vai? Não esteve a negociá-lo? Por que
razão é que nenhuma destas propostas consta da proposta de Orçamento do Estado que o PCP negociou com
o Partido Socialista para aprovar?
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Os senhores dizem que conseguiram reduzir o horário da
função pública para as 35 horas, a integração dos precários, o desbloqueamento da progressão das carreiras
na função pública, mas a verdade é que estes trabalhadores continuam, também pelos senhores do PCP,
esquecidos, porque senão teriam conseguido obter esse compromisso, o que não é o caso.
Portanto, o que é que estes projetos de lei são na realidade? São um simulacro do PCP! Estes trabalhadores
continuam e vão continuar esquecidos pela maioria de esquerda, como, aliás, o PCP tem obrigação de saber,
porque não negociou qualquer acordo prévio com o Partido Socialista para a aprovação destas propostas.
Protestos do PCP.
Os senhores do PCP deveriam ter um pouco mais de seriedade e não usar os trabalhadores da função
pública, em especial estes trabalhadores que prestam um serviço fundamental à comunidade e que os senhores
estão a, repito, usar politicamente.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana Mortágua.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Não deixa de ser uma
evidência que todas as normas e leis que regulamentam e determinam o trabalho em funções públicas tenham
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reconhecido, ao longo dos anos, o direito a este tipo de suplementos, ou de direitos, sejam eles salariais ou
outros, pela prestação deste tipo de trabalho penoso, de risco ou em condições de insalubridade.
De facto, todas as leis até hoje — por exemplo, a Lei n.º 12-A/2008 e a Lei n.º 35/2014 —, foram
reconhecendo este direito, mas ele nunca foi regulamentado.
Por isso, nós não estamos aqui — e não é essa, certamente, a intenção do PCP quando apresentou este
projeto de lei, que saudamos — nem a criar nem a constituir qualquer direito novo para os trabalhadores que
exercem as suas funções na Administração Pública nestas condições com particulares dificuldades. O que está
a fazer-se é uma tentativa de regulamentar um direito que está estabelecido.
O que é inacreditável é que o PSD, que ainda hoje — não foi no mês passado, não foi no ano passado, mas
hoje! — trouxe a esta Assembleia da República um projeto de lei, dizendo que o fazia porque sempre defendeu
os trabalhadores da Administração Pública e que não tem outra maneira de estar, venha agora dizer que sempre
defendeu os trabalhadores da Administração Pública, mas, na altura de regulamentar os suplementos que a Lei
Geral do Trabalho em Funções Públicas reconhece o direito, já não querem, porque isso significa, de facto,
concretizar direitos, e é isso que o PSD não aceita.
O outro argumento é igualmente falso, porque o PSD, que aqui trouxe hoje um projeto de lei para que o
Estado, a entidade patronal pública se responsabilize pela formação dos seus motoristas — mas só o propõe
para o público, não o propõe para o privado —, vem agora acusar este projeto de lei por tratar de forma desigual
trabalhadores do público e trabalhadores do privado.
Ora, nenhum destes argumentos faz sentido e só mostra como o aproveitamento do PSD relativamente aos
trabalhadores e aos direitos dos trabalhadores em funções públicas soa a falso. Soa a falso!
O Bloco de Esquerda, em 2005, ao deparar-se com a falta de regulamentação do decreto de 1998, que
continuava a criar um vazio legal para aplicação destes suplementos e destes direitos, apresentou um projeto
de lei no sentido de dizer ao Governo que regulamentasse esta matéria.
Sabemos — e o projeto de lei do PCP também o reconhece — que, na atribuição destes suplementos por
insalubridade, penosidade e risco, que constitui um direito dos trabalhadores, a sua aplicação deve estar
dependente da efetiva execução de tarefas ou do exercício de funções em condições de risco.
Não se está a criar um suplemento por defeito; é preciso provar que aquelas pessoas naquele exercício
concreto daquela função estão em condições de penosidade, de risco ou de insalubridade.
Por isso é que o Bloco de Esquerda, quando propôs a regulamentação deste direito disse que a lei devia ser
regulamentada para a administração pública central e para a administração local, de maneira a que os serviços,
os dirigentes de uma e de outra administrações pudessem identificar os casos em que os trabalhadores devem
ter direito a este suplemento.
Ora, é essa regulamentação, da mesma forma que a propusemos em 2005, que o Bloco de Esquerda entende
que deve levar agora à especialidade em sede do Orçamento do Estado e é isso que faremos, sem inovar
direitos, mas apenas concretizando o que já é um direito reconhecido pela Lei Geral do Trabalho em Funções
Públicas.
Aquilo que se espera é que, se o PSD e o CDS reconheceram esse direito na Lei do Trabalho em Funções
Públicas, que é sua porque a aprovaram, então também que a queiram regulamentar, como o Bloco de Esquerda
vai propor.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para concluir este debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Ao PSD, Sr.ª Deputada Carla Barros, só
sugerimos um incentivo: uma lei-travão ao disparate porque, à falta de seriedade na discussão, o PSD vem com
disparate.
Vozes do PCP: — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — O CDS, que, nesta matéria, se diz muito preocupado, quando o Deputado Mota
Soares era Ministro da Segurança Social o que disse aos trabalhadores sobre o regime de antecipação da idade
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de reforma, já hoje previsto na lei para os trabalhadores em caso de penosidade e de insalubridade, foi o
seguinte: aplique-se o fator de sustentabilidade e obrigue-se estes trabalhadores a trabalhar mais tempo para
terem acesso à aposentação.
Portanto, da parte do PSD e do CDS não esperávamos outra coisa que não esta postura de desprezo pela
situação destes trabalhadores, de desprezo profundo pelos trabalhadores manobradores de máquinas
perigosas, pelos trabalhadores das águas, dos resíduos e de saneamento, pelos trabalhadores da limpeza
urbana, pelos trabalhadores que estão sujeitos a situações de insalubridade, de risco e de penosidade, que
pouco importam para os Deputados do PSD e do CDS, porque, relativamente às condições de trabalho destes
trabalhadores, estes partidos vivem bem com a ausência de garantia de um suplemento específico que tenha
em consideração estas situações.
Sr.ª Deputada Wanda Guimarães, não ficamos satisfeitos com o que veio dizer, invocando múltiplas
situações do privado, porque até lhe digo, com muita franqueza, que, para o PCP, o Estado tem uma obrigação
primeira em relação ao privado: reconhecer no público em primeiro lugar, servindo também de exemplo para o
privado. Aliás, deu entrada nesta Casa, inclusivamente, um projeto de lei no sentido de discutir as condições
específicas para os trabalhadores das pedreiras. Portanto, não é por ausência de proposta do PCP que não se
garante esse suplemento para todos os trabalhadores que o devem ter.
Por isso, a proposta que aqui fazemos é muito simples: há hoje trabalhadores na administração pública
central e na administração local que têm funções específicas, que estão sujeitos a condições de insalubridade,
de penosidade e risco. Vivemos bem com isto ou achamos que esta matéria deve ser salvaguardada no
suplemento específico?
Ora bem, Srs. Deputados, até amanhã têm tempo para pensar melhor sobre esta matéria. Da parte do PCP,
sabemos de que lado estamos!
Quando está definido na lei, está definido na lei! Neste caso, há um vazio legal objetivo. O PS, o PSD e o
CDS viveram bem com o vazio legal na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, porque não querem pagar
este suplemento.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Até amanhã os Srs. Deputados podem pensar melhor e perceber se querem acompanhar o PCP na garantia
deste direito aos trabalhadores ou se vivem bem com o facto de esse direito não ser salvaguardado.
Nós continuaremos a bater-nos por esse direito, porque é de elementar justiça e é fundamental valorizar as
condições de trabalho e as condições de vida destes trabalhadores.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, fica, assim, concluída a discussão, na generalidade,
dos projetos de lei n.os 561 e 589/XIII (2.ª).
A próxima reunião plenária terá lugar amanhã, às 10 horas, com a seguinte ordem do dia: do ponto um consta
o debate relativo ao Relatório da Comissão Técnica Independente sobre a análise célere e o apuramento dos
factos relativos aos incêndios que ocorreram em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Ansião, Alvaiázere,
Figueiró dos Vinhos, Arganil, Góis, Penela, Pampilhosa da Serra, Oleiros e Sertã entre 17 e 24 de junho de
2017.
Segue-se, no ponto dois, a apreciação da petição n.º 248/XIII (2.ª) — Solicitam a intervenção da Assembleia
da República para a prorrogação do prazo para aplicação do Regime Transitório de Atribuição das Cédulas
Profissionais, nas profissões das Terapêuticas Não Convencionais, tanto para profissionais que iniciaram a sua
atividade profissional após a entrada em vigor da Lei n.º 71/2013, de 2 de setembro, aplicando-se as mesmas
regras previstas na Portaria n.º 181/2014, de 12 de setembro, bem como para os alunos que frequentam e
terminam as suas formações (União dos Estudantes das Terapêuticas Não Convencionais) juntamente, na
generalidade, com os projetos de lei n.os 648/XIII (3.ª) — Procede à segunda alteração à Lei n.º 71/2013, de 2
de setembro, que regulamenta a Lei n.º 45/2003, de 22 de agosto, relativamente ao exercício profissional das
atividades de aplicação de terapêuticas não convencionais, modificando o regime de atribuição de cédulas
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profissionais (PAN), 650/XIII (3.ª) — Reconhece e define a figura de especialista para efeito de integração em
corpo docente e lecionação nos ciclos de estudos conducentes a grau de licenciatura em terapêuticas não
convencionais (procede à segunda alteração à Lei n.º 71/2013, de 2 de setembro) (BE), e 652/XIII (3.ª) — Alarga
o período transitório para atribuição de cédula para o exercício profissional das atividades de aplicação de
terapêuticas não convencionais a quem tenha concluído a sua formação após a entrada em vigor da Lei n.º
71/2013, de 2 de setembro (segunda alteração à Lei n.º 71/2013, de 2 de setembro) (BE) e com o projeto de
resolução n.º 1093/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que diligencie no sentido de a Administração Central de
Sistemas de Saúde, IP (ACSS) abrir um novo período de submissão de pedidos de emissão de cédulas
profissionais destinado apenas aos formados das Terapêuticas Não Convencionais que terminaram os seus
cursos após o dia 2 de outubro de 2013 (CDS-PP).
Do ponto três consta a apreciação da petição n.º 257/XIII (2.ª) — Solicitam a discussão do tema chemtrails
pela Assembleia da República e a adoção das necessárias medidas pelo Governo (Tiago de Jesus Lopes e
outros).
Do ponto 4, consta a apreciação conjunta da petição n.º 157/XIII (1.ª) — Solicitam a revisão da Lei n.º
98/2015, de 18 de agosto, e da Portaria n.º 403-B/2015, de 13 de novembro (Estabelece o novo RJOC — Regime
Jurídico da Ourivesaria e das Contrastarias) (Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal e outros) e do
projeto de resolução n.º 1099/XIII (3.ª) — Recomenda a revisão do Regime Jurídico da Ourivesaria e das
Contrastarias (BE).
Como quinto e último ponto, teremos votações regimentais.
Srs. Deputados, está encerrada a sessão.
Eram 17 horas e 3 minutos.
Presenças e faltas dos Deputados à reunião plenária.
A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.