22 DE DEZEMBRO DE 2018
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Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Como agora se sabe, a celebração dos contratos que o anterior Governo
PSD/CDS fez, no dia 30 de setembro de 2015, apenas quatro dias antes da data de início da presente
Legislatura,…
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queria concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — … constituiu uma forma de armadilhar o nosso futuro comum, quer porque
se seguiria uma nova Legislatura passados poucos dias, quer porque, dessa forma, escolheu proteger os
interesses privados de uma multinacional contra o interesse coletivo público.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Vou concluir, Sr.ª Presidente.
Para nós, Bloco de Esquerda, faz todo o sentido virar definitivamente a página do velho paradigma
energético, assente na extração e queima de hidrocarbonetos, e substituí-lo pelo novo paradigma das energias
renováveis e ambientalmente limpas,…
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, tem mesmo de concluir.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — … para hoje, porque amanhã já é tarde demais.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José
Luís Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A mudança de fontes
primárias de energia é absolutamente vital, não só para uma mudança de paradigma de desenvolvimento, mas
também para o não agravamento da desregulação climática.
Como sabemos, Portugal tem já sofrido efeitos devastadores do processo de alterações climáticas, quer com
os dramas dos incêndios florestais, quer com a ocorrência de tempestades desreguladas.
A regularidade e intensidade dos extremos climáticos são, de resto, uma das consequências apontadas das
alterações climáticas que se estão a verificar no planeta.
Na verdade, a responsabilidade de travar esta tendência e os compromissos assumidos com o Acordo de
Paris obrigam-nos a tomar medidas, locais e nacionais, com o intuito de reduzir os gases com efeito de estufa
na atmosfera e, portanto, a agir para mitigar as alterações climáticas e os seus efeitos ao nível global.
Neste quadro de mudança de paradigma e de transição para uma economia descarbonizada, não faz sentido
— e é até contraditório, a nosso ver — promover e permitir a prospeção e exploração de hidrocarbonetos nas
nossas águas territoriais ou no nosso subsolo. Ainda assim, têm estado em discussão pública vários projetos de
pesquisa e exploração de hidrocarbonetos no território português, os quais têm sido, aliás, alvo de grande
contestação pública.
É verdade que a maioria dos contratos foram, entretanto, denunciados, quer por desinteresse por parte dos
proponentes dos projetos, quer por caducidade dos contratos ou irregularidade dos mesmos. No entanto,
permanecem ainda em vigor projetos de sondagem de pesquisa de hidrocarbonetos, nomeadamente na Batalha
e em Pombal.
Ora, tal como os outros projetos já abandonados, estes projetos têm sido alvo de grande contestação por
parte das populações, das autarquias locais, dos agentes económicos e também por parte de diversas
associações de ambiente e até de partidos, incluindo o Partido Ecologista «Os Verdes» que tem acompanhado
de perto todo este processo e participado ativamente na oposição ao mesmo.