28 DE JUNHO DE 2019
3
Orçamentos do Estado, um após o outro, aprovados sempre com o apoio entusiástico do Bloco de Esquerda e
do PCP,…
A Sr.ª Joana Lima (PS): — E bem!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — … foram incluindo verbas para esse investimento, permitindo até
que o Sr. Primeiro-Ministro viesse a afirmar, aos quatro ventos, que nunca se investiu tanto na saúde.
Mas, ano após ano, depois de olharmos para a execução desses mesmos Orçamentos, percebemos que a
regra foi a do não investimento, ficando a execução das verbas sistematicamente abaixo dos 50%.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Mais: prometeu o Governo que iria investir em novos hospitais e na
modernização dos outros. Nem uma coisa nem outra, nada aconteceu. Que o digam as populações do Algarve,
do Alentejo, do Seixal, de Lisboa, de Coimbra ou de Viseu. Em quatro anos, depois de tantas promessas, nem
um novo hospital saiu do papel.
É caso para o Governo dizer: olhem para o que o Governo orçamenta, mas não olhem para o que o Governo
faz.
A Sr.ª Joana Lima (PS): — Olhem para o retrovisor!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — O Governo falhou, ao não perceber que os profissionais de saúde
são o pilar estruturante da qualidade do SNS. Destratados ao longo destes quatro anos, dos médicos aos
enfermeiros, dos farmacêuticos aos técnicos de saúde, todos estão revoltados pelas sucessivas faltas de
consideração de que têm sido alvo.
Não há memória de tantas greves e de tamanha tensão social no setor público da saúde — e 2019 já promete
bater todos os recordes.
Trata-se de um Governo que não aposta nos seus profissionais, nem faz qualquer planeamento das suas
necessidades.
Veja-se agora o caso do encerramento rotativo das maternidades de Lisboa. Basta os profissionais de saúde
começarem as tirar as suas férias normais de verão e o sistema entra em colapso.
O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — E o que faz o Governo? Começa por ocultar essa informação. E
depois de a informação se tornar pública, demonstra em todas as suas intervenções uma absoluta falta de
preparação.
Não eram encerramentos, mas, afinal, já o são. Eram apenas encerramentos temporários, mas, afinal, vão
manter-se, pelo menos, até ao final do verão. Não havia obstetras disponíveis, mas, de repente, há obstetras
para todos os lados.
É o modus operandi deste Governo: desinvestem no SNS na esperança de que ninguém repare; se
repararem, começam com o spin mediático e remendam a situação temporariamente até que ninguém esteja a
olhar outra vez. E os doentes, as grávidas, que aguentem.
Na essência, estamos perante um Governo que falhou na saúde, porque é um Governo que falhou às
pessoas.
Os portugueses desesperam perante os inaceitáveis tempos de espera para consultas, cirurgias ou até para
a realização de simples exames de diagnóstico.
Até os doentes com situações que carecem de intervenção urgente, como é o caso dos doentes com
patologia oncológica, não têm resposta, ficam literalmente à espera.
Vejam-se os números: 34%, um terço dos doentes com cancro neste País, a precisarem de uma cirurgia com
caráter prioritário ou muito prioritário, não têm acesso a essa intervenção, nos tempos máximos de resposta
garantida. São tratados, quando sobrevivem, para além dos tempos clinicamente aceitáveis.